211: O Grande Assalto entra na vasta lista de filmes que Nicolas Cage entrou para pagar suas contas. Quase todos de baixo orçamento realizados por cineastas inexpressivos, ou em começo de carreira, que precisam de um nome conhecido no elenco para conseguirem o financiamento do projeto. Este é de York Alec Shackleton, que já lançou seis longas, mas todos sem repercussão.
Shackleton escreveu o roteiro original de 211: O Grande Assalto, mas nos créditos consta outro roteirista, John Rebus. Ou seja, provavelmente seu roteiro não era bom, e outro profissional teve que reescrevê-lo para que se tornasse um material possível de ser filmado. Mas, mesmo com esses ajustes, a trama parece inserir elementos demais para uma produção que deveria ser enxuta.
Essencialmente, estamos diante de um filme policial sobre um assalto a banco. Como ponto positivo, a construção dos personagens centrais é consistente. Nicolas Cage interpreta Mike Chandler, um policial prestes a se aposentar que tem como companheiro de viatura seu genro Steve (Dwayne Cameron). Para aumentar a dramaticidade, Steve acaba de descobrir que sua esposa Lisa (Sophie Skelton) está grávida. Mike fica feliz em saber que será avô, mas ainda assim sua filha mantém distância dele, pois estão brigados desde que a mãe adoeceu e morreu sem que ele estivesse presente. Juntos, Mike e Steve enfrentarão perigosos assaltantes em um roubo a banco.
Adornos que atrapalham
Essa premissa central, embora não seja original, funciona. O problema está nos vários adornos que Shackleton criou para engordar essa história. Alguns desses pontos encarecem desnecessariamente a produção. Por exemplo, o prólogo traz uma cena de ação com explosões e tiros no Afeganistão, apenas para apresentar a motivação dos assaltantes do banco. Eles são milicianos mercenários que querem roubar o dinheiro que o CEO de uma construtora ganhou às suas custas. Assim, descobrem em qual agência está o dinheiro e viajam até o local, em Massachussets, nos Estados Unidos, para essa missão. Caramba, precisava desse lenga lenga todo para inventar um motivo para o assalto? Ademais, eles entram na agência bancária e fazem um roubo genérico de 1 milhão de dólares, e não especificamente o dinheiro do homem que os contratou.
Outro detalhe tolo que o roteiro traz é a subtrama do garoto adolescente Kenny (Michael Rainey Jr.). Como punição por ter agredido um colega na escola, ele precisa passar um tempo acompanhando policiais na viatura. Será isso uma invenção do roteirista, ou isso realmente é uma prática nesse estado americano? Pois não faz nenhum sentido colocar um menor de idade em situação de perigo desse jeito.
Além disso, tem também a desnecessária presença de uma agente da Interpol, a italiana Rossi (Alexandra Dinu). Ela está presente desde aquele prólogo no Afeganistão e vai até Massachussetts atrás dos bandidos. Mas suas contribuições para combater os assaltantes é pífia – ela ajuda a identificar quem são, porém, isso não ajuda de verdade na resolução do conflito. Que, aliás, é muito sem sentido. Enfim, como não faz sentido que o genro Steve leve um tiro na perna e fique perto da morte. Por que o tiro na perna e não num órgão mais vital?
Cage sem direção
Para completar, Shackleton não faz nada na direção que possa se destacar – e desviar a atenção desse roteiro pretencioso, mas mal resolvido. Para os fãs de Nicolas Cage resta pelo menos a cena em que seu personagem perde o controle e grita com o seu superior. Mas é muito pouco para salvar 211: O Grande Assalto.
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Ficha técnica:
211: O Grande Assalto | 211 | 2018 | 86 min | EUA, Bulgária | Direção: York Alec Shackleton | Roteiro: John Rebus | Elenco: Nicolas Cage, Sophie Skelton, Michael Rainey Jr., Dwayne Cameron, Alexandra Dinu, Weston Cage, Cory Hardrict, Ori Pfeffer, Mark Basnight, Amanda Cerny, Shari Watson.