A Baía dos Anjos (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

A Baía dos Anjos

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

“A Baía dos Anjos” é um belíssimo drama do diretor francês Jacques Demy. Na verdade, é a primeira de uma trinca de três grandes obras de sua filmografia, depois completada com “Os Guarda-Chuvas do Amor” (Le Parapluies de Cherbourg, 1964) e “Duas Garotas Românticas” (Les Demoiselles de Rochefort, 1967).

Jean Fournier é um jovem bancário que resolve seguir os conselhos de seu colega que ganhou uma bolada nos cassinos, e parte com ele para se aventurar na jogatina. Na primeira noite, tem sorte e, por isso, se motiva a passar umas férias em Nice, onde espera continuar acertando seus palpites nas roletas.

Na cidade da cote d’azur, conhece Jackie (Jeanne Moreau), uma mulher viciada nos jogos de azar, com quem ganha e perde muito dinheiro. E a parceria logo vai também para a cama com ele, a princípio pela simples oportunidade, mas depois pela paixão e, finalmente, por amor. Jean se sente atraído pela fragilidade de Jackie, uma vítima incontrolada da ânsia por jogar, que perde literalmente tudo que tem. E que, quando ganha, simplesmente esbanja até se encontrar na pendura novamente. Jeanne Moreau, apesar de ter apenas 35 anos na época, aparenta muito mais, ao encarnar a acabada personagem que, por causa do vício, perde marido e filho, e vive solitária.

Direção

“A Baía dos Anjos” se encaixa como bom exemplo do cinema da nouvelle vague francesa. Bebe nas fontes do realismo italiano, a câmera constantemente filma em locações nas ruas e vários atores parecem pessoas comuns da comunidade local. O vício é retratado de forma seca, sem concessões para lágrimas forçadas. Por isso, as tomadas são longas, permitindo que os atores se expressem mais naturalmente.

Jacques Demy exercita seu talento como cineasta autor, o que se tornaria ainda mais identificável nos seus dois filmes subsequentes. Aqui, ele evoca a poesia com o sensível tema de Michel Legrand como fundo musical. Na abertura, a câmera primeiro mostra um close em Jeanne Moreau para depois se afastar rapidamente, em um travelling rapidíssimo aproveitando a enorme extensão da Promenade des Anglais, o calçadão ao lado da praia em Nice. O tema de Legrand é retomado em colagens de cortes rápidos quando a dupla acerta várias rodadas do jogo de roleta, e também quando compram roupas elegantes e um carro em Monte Carlo. Assim, são recursos que dão dinâmica ao ritmo do filme, impedindo que ele se torne arrastado.

Enfim, depois de acompanharmos a dependência destrutiva de Jackie do seu vício durante todo o filme, eis que a sequência final surpreende. Pelo lado técnico (e estético), quando se enquadra uma parede com espelhos que refletem a imagem de Jeanne Moreau correndo, centésimos de segundos antes de sua imagem verdadeira. Depois que a imagem da atriz surge em close up, e ela corre em direção a Jean, a câmera repete o travelling da sequência inicial, partindo de um close no casal para se afastar e adentrar o cassino. Os personagens se afastam do local de jogos. Finalmente, conseguiram abandonar o vício e se encontram livres.


Ficha técnica:

A Baía dos Anjos (La Baie des Anges, 1963) 90 min. Dir/Rot: Jacques Demy. Com Jeanne Moreau, Claude Mann, Paul Guers, Henri Nassiet, André Certes, Nicole Chollet, Georges Alban, Conchita Parodi, Jacques Moreau, André Canter, Jean-Pierre Lorrain.

Onde assistir:
A Baía dos Anjos (filme)
A Baía dos Anjos (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo