A Bruta Flor do Querer mistura ficção e realidade, atuação e depoimento, nessa metalinguagem onde o protagonista Diego (Dida Andrade) é um jovem recém-formado em Cinema que precisa trabalhar com filmagens de casamentos para ganhar o dinheiro do seu sustento.
Diego confidencia ao seu melhor amigo Magrão (Andradina Azevedo) toda a frustração que sente por não poder realizar um trabalho como cineasta, agravada pela incapacidade de concretizar uma paixão platônica por uma moça que ele pouco conhece. Então, a solução que ele encontra é se afundar nas drogas.
Mas o filme não consegue tirar os pés do amadorismo. Apresenta-se como uma colcha de retalhos, onde cada trecho possui um estilo distinto do outro. Parece flertar com o cinema clássico, mas parte para a câmera na mão e até uma quebra das regras gramaticais do cinema, quando deixa à vista equipamentos que estão captando a filmagem (por exemplo, o gravador de som na cena da conversa no carro dentro de um estacionamento). Na conclusão, quebra a quarta parede para admitir, não intencionalmente, os motivos dessa irregularidade.
Um filme bruto
A fotografia acompanha esse remendo, com variações que não guardam uma coerência que justifique essas alternâncias. As atuações são dos próprios diretores nos papéis principais. Se Andradina Azevedo consegue representar o seu papel de melhor amigo, a mesma afirmação não cabe a Dida Andrade. Como protagonista num filme tão pessoal como esse, apresentar uma figura carismática que conseguisse a empatia do público. Mas isso já é destruído na primeira sequência, quando faz sexo com uma amiga e responde rispidamente ao interesse dela por seus sentimentos.
Feito na raça, A Bruta Flor do Querer não faz jus aos esforços dos realizadores a respeito de uma realidade, que é a dificuldade de se realizar um longa-metragem no Brasil. Mesmo assim, foi premiado no Festival de Gramado nas categorias Fotografia e Direção.
