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A Canção da Estrada (filme)
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A Canção da Estrada

Avaliação:
9/10

9/10

Crítica | Ficha técnica

A Canção da Estrada (Pather Panchali) reflete o Renascimento Bengalês, movimento do final do século 19 e início do 20 que desafiou as ortodoxias sociais e religiosas.  O diretor Satyajit Ray estreia no cinema com esse filme após testemunhar o neorrealismo italiano em uma viagem à Europa. Por isso, filma a dura vida de uma família pobre numa região rural, seguindo essa influência europeia. Não espere encontrar aqui, portanto, os números musicais que são marca registrada do cinema indiano.

Baseado no livro de Bibhutibhushan Bandyopadhyay, publicado em 1929, o filme acompanha a rotina sofrida da família de Apu, filho mais novo de Harihar e Sarbojaya e irmão de Durga. Como o pai não consegue trabalho na vila onde mora, ele parte para tentar a sorte em cidades maiores. Mas, demora meses para voltar. Enquanto isso, sua esposa pena para conseguir alimentar a família, que ainda inclui a mãe de Haribar, uma idosa com a saúde fragilizada. Enquanto isso, Apu e Durga levam uma infância sem regalias como os doces do vendedor ambulante, mas ainda assim se divertem com o que têm.

O filme retrata essa vida dura com realismo, sem apelo sentimental. Satyajit Ray capta tudo em locações que revelam a pobreza da família e, também, dos vizinhos. A narrativa é episódica, mas as cenas, longas, não aceleram o tempo, acentuando a verdade desse cenário. Em certo trecho, o poste de fio elétrico e o trem a toda velocidade indicam o progresso da Índia. Porém, esse modernismo parece não chegar à vila de Apu, onde todos ainda sobrevivem com antigos costumes na comida, na vestimenta e na habitação.

Um filme cosmopolita

Mas, a influência do neorrealismo italiano não limita Satyajit Ray às suas regras. Aqui os protagonistas são atores profissionais. Além disso, o filme tem trilha musical predominante, composta por Ravi Shankar, que aproveitaria essa onda de ocidentalização e ganharia fama mundial ao colaborar com os Beatles.

Como resultado, Canção da Estrada se tornou um produto cosmopolita, capaz de viajar para outros países com uma aceitação melhor que o cinema tradicional indiano. Inclusive, se enquadrando no selo de filme de arte, com sofisticação própria para abrir as portas dos festivais internacionais, algo que o épico musical O Vagabundo (Awaara, 1951), de Raj Kapoor, tentou mas não teve a aceitação esperada. Para o mundo, Satyajit Ray assume a posição dos cantores itinerantes do título do filme, viajando para contar estórias para várias pessoas. Mas, internamente, Ray enfrenta críticas por copiar o cinema ocidental em detrimento de valorizar as características do seu país. Aliás, como sofreu Akira Kurosawa no Japão.

A boa recepção internacional, por fim, foi suficiente para Ray filmar duas sequências. O Invencível (Aparajito, 1956) e O Mundo de Apu (Apur Sansar, 1959) completariam a famosa Trilogia de Apu, talvez o título mais conhecido do cinema indiano.

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Ficha técnica:

A Canção da Estrada | Pather Panchali | 1955 | 125 min | Índia | Direção e roteiro: Satyajit Ray | Elenco: Kanu Bannerjee, Karuna Bannerjee, Subir Banerjee, Chunibala Devi, Uma Das Gupta, Runki Banerjee, Reba Devi, Aparna Devi.

Onde assistir:
A Canção da Estrada (filme)
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