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A Dama Oculta (filme)
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A Dama Oculta

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

“A Dama Oculta” é um filme da fase inglesa de Alfred Hitchcock. Ele revisita o tema de espionagem do seu elogiado “39 Degraus” (The 39 Steps, 1935). Desta vez, o diretor adiciona muita ação e comédia à trama.

Na primeira parte de “A Dama Oculta”, acompanhamos os vários personagens da estória. Em tom cômico, eles tentam se ajeitar para se acomodarem num hotel lotado porque o trem onde viajariam se atrasa até a manhã seguinte por causa da neve. O humor surge da necessidade de desconhecidos partilharem o mesmo quarto durante uma noite, inclusive homens e mulheres. É a situação enfrentada por Iris (Margaret Lockwood) e Gilbert (Michael Redgrave), que, obviamente, se desentendem. Melhor sorte tem a Srª Froy, que consegue pernoitar em um quarto sozinha, devido à idade.

A segunda parte se passa inteiramente dentro do trem. O cenário claustrofóbico intensifica a angústia de Iris, enquanto investiga o sumiço da Srª Froy, que desaparece enquanto a jovem cochila. Todos os demais passageiros e funcionários do trem afirmam que essa senhora nunca esteve a bordo, e que Iris sofre uma alucinação devido a um vaso que caiu sobre sua cabeça enquanto estavam na estação. O único que acredita nela é justamente Gilbert. Juntos, descobrem um plano bem sinistro de espionagem.

O detalhe que faz a diferença

Hitchcock repete o truque do detalhe que esclarece o mistério. Em “39 Degraus”, era a falta de um dos dedos da mão do personagem. Em “Jovem e Inocente” (Young and Innocent, 1937), o cacoete de piscar os olhos. Desta vez, em “A Dama Oculta”, o nome que a Srª Froy escreve na janela do trem, oportunidade para Hitchcock trabalhar seu método de suspense preferido. Os espectadores veem o nome escrito, mas os personagens demoram para perceber. Outro detalhe nesse filme é a embalagem do chá Harriman, uma marca não oferecida pelo restaurante do trem e que a velha senhora traz consigo e pede para que preparem para ela.

Há várias cenas de ação pura no filme, muitas lutas e tiroteios, que fogem do que acostumamos ver na obra de Hitchcock. A briga de Gilbert e Iris contra o mágico remete às aventuras que inspiraram Steven Spielberg nos longas com o personagem Indiana Jones. Michael Redgrave, nessas cenas, é um precursor do estilo de Harrison Ford, proferindo tiradas humorísticas enquanto luta. O que impressiona também é a grande quantidade de personagens que morrem no filme, principalmente no tiroteio final.

Aliás, o trio de protagonistas merece destaque. Michael Redgrave dá a vida a um charmoso sedutor que não hesita em vestir o boné de herói salvador. A belíssima Margaret Lockwood alterna momentos de angústia com outros de coragem, e convence em suas dúvidas sobre sua própria sanidade. Já Dame May Whitty, que se tornaria preferida de Hitchcock, aqui está perfeita como a adorável dama oculta.

Em busca da identidade

Por fim, “A Dama Oculta” foge das características de Hitchcock. Ou, melhor dizendo, o futuro mestre do suspense ainda buscava sua identidade. Diante do resultado deste filme, a mescla de suspense, humor e ação em doses maiores desses dois últimos gêneros, essa via mais leve poderia também ter elevado o diretor a mestre.


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