A Grande Mentira dá a impressão que é um daqueles surpreendentes filmes com tramas de golpes mirabolantes. Porém, sua conclusão revela que os espectadores é que são as grandes vítimas deste embuste.
De cara, temos dois ótimos atores interpretando personagens carismáticos. Ian McKellen vive Roy Courtnay, um malandro classudo que aplica golpes financeiros de valores médios. Já Helen Mirren é Betty McLeish, uma simpática viúva que será a próxima vítima de Roy. Eventualmente, eles se conhecem através de um aplicativo de relacionamentos. Então, acompanhamos os dois idosos, na casa dos 70 anos, preenchendo seus perfis com algumas mentiras, de ambos os lados, o que já indica o assunto do filme que estamos prestes a assistir.
Conforme o desenrolar da estória de A Grande Mentira, vemos a armadilha que Roy prepara para Betty, que ingenuamente parece não desconfiar de nada, e até o convida a morar na casa dela. O esquema envolve convencer a viúva a reunir o seu patrimônio como o de Roy porque isso permitiria economia de impostos e ganhos com investimentos. Mas, após a criação desse fundo conjunto, Roy pretende transferir todo o dinheiro para uma conta dele. E Betty possui uma bela riqueza acumulada.
A construção desse plano gera uma curiosidade instigante, assim como o golpe que Roy aplica em outros investidores. E sabemos que Betty não deve ser tão ingênua, que algo surpreendente deve aparecer nessa trama.
Revelação decepcionante
Contudo, quando a revelação é finalmente desvendada, ela gera uma decepção enorme. É uma ideia exageradamente rocambolesca, que remete à adolescência dos protagonistas, e com detalhes que, mesmo com muita boa vontade, não conseguimos engolir. Por exemplo, não dá para crer que Betty só teve certeza que Roy era o homem que ela procurava após o exame de DNA que ela conseguiu realizar. Afinal, ela já sabia disso desde o primeiro encontro, pois ela o havia seguido pelas notícias dos jornais. Então, não havia necessidade de ir até Berlim para conseguir a amostra do cabelo de Roy. Esse é só um exemplo para provar que o roteirista se empolgou demais com a estória.
A última cena é bela. Mostra Betty ouvindo gritos de meninas e, quando investiga, descobre que são suas netas brincando no lago. Agora, com a vingança consumada, esse som lhe trará paz e não lembranças dolorosas. Mas isso não consegue salvar o filme.
É uma pena que o final de A Grande Mentira seja tão frustrante. Nós, espectadores, nos sentimos enganados por termos acreditado que este era um filme genial.
