O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim apresenta uma história inédita sobre um dos povos da mitologia criada por J. R. R. Tolkien em formato de anime. O diretor é o experiente Kenji Kamiyama, conhecido pela série de longas em anime Higashi no Eden.
A trama acontece 183 anos antes dos eventos da trilogia de filmes O Senhor dos Anéis (2001-2003) de Peter Jackson. Tudo se origina do duelo entre Helm Hammerhand, Rei de Rohan, e Freca, dono de terras no Oeste no domínio de Rohan. Na luta, Helm mata Freca com seu soco poderoso. Wulf, filho de Freca, enfurecido, tenta atacar o rei, e é banido do reino. Anos depois, Wulf lidera um ataque surpresa contra a Casa de Helm Hammerhan. Não satisfeito com o assassinato de membros da família, Wulf ainda força Helm e seus súditos a se refugiarem numa fortaleza. Hera, filha de Helm, e personagem principal do filme, assume a liderança da resistência contra o poderoso exército de Wulf.
Essa aventura caberia em qualquer filme sobre a Idade Média, pois não guarda estreitas relações com a Terra Média de Tolkien. Algumas criaturas gigantescas que surgem na segunda parte, porém, só habitariam um universo fantástico como o de O Senhor dos Anéis. Ainda assim, referências diretas à trilogia de Peter Jackson se resumiriam ao Abismo de Helm, a aparição de Saruman e dos orcs, e a citação do nome Gandalf. Talvez outras mais específicas existam, mas não tão visíveis ao público comum, e detectáveis somente pelos especialistas na obra de Tolkien.
Heroína em destaque
Acima de tudo, A Guerra dos Rohirrim valoriza a presença de uma protagonista feminina dotada de muita força mental (mais até que física). Durante todo o filme, fica evidente que as atitudes de Hera seriam as mais sensatas, principalmente em relação ao pai, um rei impiedoso e destemperado que dá origem a essa imensa tragédia ao decidir punir o jovem Wulf. Este rapaz também é outro que se deixa dominar pela irracionalidade. Primeiro, não aceita a decisão de Hera não desejar se casar com ele, e nem com ninguém. Depois, parte numa vingança cega e sem limites por conta da morte do pai que aconteceu, na verdade, num confronto justo. Além disso, Hera se preocupa em salvar o seu povo, e até poupa os soldados inimigos que derrotou.
Contudo, alguns personagens tomam decisões insensatas demais. Em parte, para enfatizar essa disparidade entre homens brutalizados e mulheres sensíveis. Mas, em alguns momentos, para não resolver os conflitos de uma forma mais simples. Por exemplo, quando Wulf assassina seu refém na frente de Helm, este poderia ordenar aos seus homens que alvejassem esse inimigo com uma saraivada de flechas.
Enfim, em conclusão, O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim pode frustrar os fãs de Tolkien que esperam encontrar uma ligação mais forte com a obra original, mas não deixa de ser uma boa aventura em tempos medievais. No fundo, a ideia de reunir Tolkien e anime é o grande destaque dessa produção.
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Ficha técnica:
O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim | The Lord of the Rings: The War of the Rohirrim | 2024 | 134 min. | EUA, Nova Zelândia, Japão | Direção: Kenji Kamiyama | Roteiro: Jeffrey Addiss, Will Matthews, Phoebe Gittins, Arty Papageorgiou.
Distribuição: Warner Bros.