A Heavy Metal Civilization (filme)
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A Heavy Metal Civilization | Por Marcelo Moreira

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Duas máximas a respeito do rock são bastante propaladas dentro da música, mas que quase ninguém nunca comprovou na prática. São elas: rock/metal é um estilo de vida e é possível viver disso dentro de um contexto onde existe respeito e tolerância. Mas será que um lugar como esse existe, sendo que nem mesmo nos Estados Unidos isso foi uma verdade absoluta?

A Heavy Metal Civilization, um documentário de autoria das jornalistas brasileiras Cristina Ornellas e Maila-Kaarina Rantanen, tenta responder a essa questão. E, provar que, se esse lugar não existe de forma perfeita, a Finlândia, no norte da Europa, é o local em que se chegou mais perto disso.

A ideia do trabalho é mostrar os motivos de o metal ser um estilo de vida na Finlândia, ter ampla aceitação e ser considerado como um patrimônio cultural imaterial do país; assim como o rock, algo que outro gênero musical nunca alcançou com tanto sucesso – e olhe que a música erudita é bastante difundida no país.

O metal, embora não esteja mais no auge, sempre foi algo natural para os finlandeses, que nunca manifestaram intolerância e ou restrição à música pesada e extrema. A palavra-chave aqui é tolerância, que tem como suporte uma educação de primeiro nível e o estímulo a todas as manifestações artísticas, banindo quase que totalmente as formas de preconceito.

As diretoras

Sempre se soube que a Finlândia era um país do metal e do rock. Mas coube a duas jornalistas brasileiras a tarefa de sistematizar e tentar explicar o porquê de um gênero nascido nos Estados Unidos e aperfeiçoado na Inglaterra praticamente ter se tornado um sinônimo de manifestação cultural finlandesa, especialmente nos gêneros mais pesados e extremos.

Cristina Ornellas é brasileira e mora há nove anos no país europeu. Ela se tornou praticamente uma assistente em tempo integral do guitarrista brasileiro Kiko Loureiro (Megadeth, ex-Angra), que se casou com uma finlandesa e tem casa na capital do país, Helsinque.

Maila-Kaarin Rantanen é carioca, filha de pai de finlandês e mãe brasileira. Passou a a infância em Penedo, no interior do Estado do Rio de Janeiro, e a juventude no Rio, antes de encarar temporadas no país do pai até se fixar definitivamente por lá em 2009.

O documentário

O documentário é bem simples e curto, apenas 40 minutos de duração. Sem rebuscamento ou sofisticação estilística, empilha depoimentos com os mais importantes músicos finlandeses de rock e heavy metal na tentativa de explicar o porquê de a Finlândia ser a ”terra feliz onde o heavy metal é um estilo de vida”. 

Ok, faltaram alguns nomes, como Tuomas Holopainen (tecladista do Nightwish), Tarja Turunen (ex-Nightwish, mas que mora na Argentina e no Caribe), Timo Tolkki (ex-Stratovarius) e Timo Kotipelto (Stratovarius). Mas isso não chega a influenciar no resultado final.

Como produto informativo, “Heavy Metal Civilization” é precioso por abordar de forma objetiva um gênero musical que recebe pouca atenção de documentaristas. Não consegue responder à pergunta principal, mas levanta tantas evidências com as várias entrevistas que oferece um panorama bacana para que o expectador consiga chegar a várias conclusões.

Duas coisas parecem ser unanimidade entre os músicos finlandeses: o alto nível de vida da sociedade finlandesa – país rico, que investe muito em educação e cultura – favorece demais a proliferação do metal dentro de um ambiente onde predominam a liberdade e a tolerância; país pequeno e gelado, que permanece 90% do ano no “inverno e no no escuro”, não restando outra coisa para fazer a não ser estudar muito música e mergulhar de cabeça no heavy metal, como declararam ao menos dez dos músicos entrevistados, entre eles Kiko Loureiro, o único não finlandês ao lado de Scott Ian (guitarrista do Anthrax) a falar para as duas jornalistas.

Texto extraído do site Combate Rock, escrito pelo jornalista Marcelo Moreira, que foi o convidado para debater sobre o filme na sessão do 14º In-Edit – Festival Internacional de Documentários Musicais. Assista aqui ao debate.

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Ficha técnica:

A Heavy Metal Civilization | 2018 | Finlândia | 40 min | Direção: Cristina Ornellas, Maila-Kaarina Rantanen | Com Tommi Salmela, Marco Hietala, Niclas Etelävuori, Tony Kakko, Pasi Kauppinen, Jarkko Ahola, Mikael Karlbom, Toni-Matti Karjalainen, Henri Sorvali, Mika Luttinen, Mathias Nygård, Lauri Porra, Antti Wirman, Eicca Toppinen, Kjell Simosas, Mikko Kotamäki, JP Leppäluoto, Paolo Ribaldini, Sami Sundqvist, Kaisa Sundqvist, Kiko Loureiro, Scott Ian, Gas Lipstick.

A Heavy Metal Civilization (filme)
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