Pesquisar
Close this search box.
A Morte Num Beijo (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

A Morte Num Beijo

Avaliação:
7/10

7/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Diretor de vários gêneros de filmes, Robert Aldrich aborda o film noir em A Morte Num Beijo com um pessimismo implacável.

Essencialmente, o clima do filme ecoa o sentimento gerado a partir do trágico fim da Segunda Guerra Mundial. A certeza do futuro da humanidade ficou abalada pela bomba atômica. Ou seja, uma arma capaz de gerar uma destruição em massa sem precedentes na história. Então, esse medo é o motivo que conduz os personagens de A Morte Num Beijo. Entre eles, o protagonista Mike Hammer, criação de Mickey Spillane que já havia sido interpretado no cinema em Eu, O Juri (I, The Jury), de 1953.

A trama

Em A Morte Num Beijo, Mike Hammer se envolve numa perseguição a uma mulher que ele socorre numa estrada à noite. Sendo um detetive particular profissional, Hammer resolve investigar por conta própria. Logo, busca as razões que levaram à morte misteriosa dessa mulher. E acaba metido em uma trama que envolve o governo dos EUA.

Por outro lado, Robert Aldrich quebra alguns padrões do cinema da época para imprimir um tom sombrio em A Morte Num Beijo. Para começar, insere um prólogo, algo inusitado no cinema até então. Afinal, os filmes sempre exibiam primeiro o título e os créditos iniciais. Aqui, há essa sequência inicial que já abre num clima extremamente tenso. Nela, Mike Hammer encontra uma mulher sozinha numa estrada escura pedindo ajuda. E, quando os créditos surgem, eles são ousadamente inusitados. Como se nota, os títulos e os nomes correm de cima para baixo, no sentido inverso ao habitual.

Além disso, durante o filme, a fotografia reforça esse clima para baixo. De fato, privilegia as cores escuras, o preto em contraste com o branco. Nesse sentido, utiliza também planos onde a câmera não está alinhada, mas propositalmente inclinada. E, muitas escadas completam a lista de características noir, reforçando o uso de ângulos.

Adicionalmente, o clima de mistério é reforçado com o uso de muitos planos detalhes. Dessa forma, revela pouco dos personagens que surgem em cena. Em várias sequências, a câmera evita de mostrar o rosto. Em algumas delas, vemos todo o corpo da pessoa, mas não o seu rosto.

Mike Hammer

Na verdade, o protagonista Mike Hammer não tem o charme que outros investigadores particulares do gênero possuíam. ao lado da personalidade durona. Aliás, ele e sua parceria Velda são golpistas sem escrúpulos. Ou seja, eles se usam para produzir casos de traição de cônjuges. Depois, oferecem seus serviços de investigação.

A Morte Num Beijo coloca como motor de sua trama uma teoria conspiratória do governo. Trata-se de alguma descoberta envolvendo energia nuclear, provavelmente alguma arma. O filme não perde tempo explicando o que seria essa engenhoca, da mesma forma que em Relíquia Macabra (1941) não se revela o que há dentro da estátua do falcão maltês. Esses são dois dos melhores exemplares de MacGuffin do cinema, aquele dispositivo da estória que os personagens perseguem, mas que o expectador nunca descobre o que é exatamente.

Porém, A Morte Num Beijo revela o suficiente de seu MacGuffin para justificar a perspectiva desesperançada do filme. Sem nenhuma concessão ou alívio, o filme exaure o expectador. Isso porque transmite a angustiante ideia de que o futuro da humanidade está por um fio, diante da ameaça nuclear.

Definitivamente, é um daqueles filmes difíceis de se assistir. O diretor Robert Aldrich desenhou-o com a intenção de impressionar pela sua amargura.


A Morte Num Beijo (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo