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A Outra Face da Violência (filme)
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A Outra Face da Violência

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

“A Outra Face da Violência” explora o gênero de filme em que o protagonista faz a justiça com as próprias mãos. Charlie Bronson popularizou esse tema em “Desejo de Matar” (Death Wish, 1974). Porém, a diferença aqui é inserir uma temática social muito presente nas produções dos anos 1970, que é a crítica às guerras intervencionistas dos EUA. Neste caso, no recorte do ex-combatente que sofre com seu desajuste mental ao retornar para casa.

A trama

O major Charles Rane (William Devane) é recebido como herói de guerra pela população de sua cidade de origem, San Antonio, no Texas, em 1974, Ele passou sete anos em combate na Guerra do Vietnã, onde se tornou prisioneiro e foi torturado pelos inimigos. Festejado, Rane ganha um carro conversível e moedas de ouro de iniciativas privadas locais. Mas, por outro lado, sua mulher revela que já está com outro homem, o policial Cliff. Além disso, estabelecer uma relação paterna com o filho que viu pela última vez com apenas um ano de idade se apresenta como um grande desafio.

Quando uma quadrilha de assaltantes invade sua casa, Rane se nega a revelar onde escondeu as moedas que ganhou. Acostumado às torturas que sofreu na guerra, o major resiste às agressões dos ladrões, e até apresenta certo masoquismo. Porém, sua esposa e seu filho chegam ao local e o menino acaba entregando o ouro. Mesmo assim, os bandidos atiram nos três reféns. Rane é o único que sobrevive, mas perde a mão direita, que é substituída por uma prótese com um gancho. Quando sai do hospital, cruza a fronteira com o México para se vingar dos assassinos.

Distúrbios dos veteranos de guerra

O filme retrata os distúrbios do ex-combatente Charles Rane de várias formas. Ele está sempre calado e introspectivo, não apenas guarda suas emoções para dentro de si como as sublima. Em nenhum momento ele demonstra qualquer sentimento, nem quando sua mulher confessa que está com outro e nem mesmo diante da morte do filho, seu único elo restante com a vida pré-guerra. Da mesma forma, Rane não expressa raiva ao eliminar os bandidos, executa-os com frieza com se ainda estivesse em batalha. Por isso, durante todo o filme, vemos rápidos cortes das cenas de tortura em flashback, destacadas por estarem em preto e branco.

Rane não acredita mais nas instituições, seu casamento está arruinado, e ele nem espera que a polícia consiga capturar os bandidos. Não é à toa que Cliff, o noivo de sua mulher, é um policial, reunindo num personagem essas duas críticas institucionais. A visão ácida de Rane é endossada no filme, na tentativa patética de Cliff seguir o major para impedir que ele cumpra sua vingança, uma ação totalmente infrutífera. O major ainda não vê perspectivas boas para seu futuro, por isso rechaça a admiração de sua fã, preferindo usá-la em seu plano de vingança para depois abandoná-la.

O diretor John Flynn realiza filmes de ação que vão direto ao ponto, como “Condenação Brutal” (Lock Up, 1989), estrelado por Sylvester Stallone. “A Outra Face da Violência” segue essa linha, possui ritmo frenético, sem tempo para reflexões, aliás, um espelho de seu protagonista. Paul Schrader é o roteirista, ao lado de Heywood Gould, e responsável por dar substância à sua estória com a forte crítica social sobre um problema que ainda assombra os EUA.


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