A Batwoman Ruby Rose prova sua habilidade em cenas de ação no longa-metragem A Protetora (The Doorman). O filme, porém, fracassa com seu roteiro inconsistente, seu cenário postiço e malabarismos desnecessários da direção.
O roteiro
No filme, Ruby Rose é Ali, uma ex-militar da Marinha que volta para Nova York após fracassar numa missão. Para ajudar a superar seu trauma, aceita trabalhar como porteira em um hotel em reformas ocupada hoje por apenas alguns hóspedes residentes. A oferta vem de seu tio, que quer reaproximá-la da família do marido da falecida irmã de Ali. Então, uma gangue de bandidos comandada por Victor Dubois (Jean Reno) aproveita que o local está vazio para invadir o apartamento de um casal de alemães que possui obras de arte escondidas desde o tempo da Segunda Guerra Mundial. Mas, descobrem que o apartamento é justamente aquele onde moram os parentes de Ali, e ela fará de tudo para protegê-los.
Essa trama sucinta vários questionamentos. Por exemplo, qual a necessidade de uma gangue ter tantos capangas para roubar quadros de um casal de idosos? Ou ainda, por que manter a família refém se eles não sabem nada sobre esses objetos preciosos? E, para deixar tudo ainda mais artificial, os cenários do hotel não conseguem esconder que são meramente cenários. A fotografia ainda tenta disfarçar com uma iluminação turva, mas fica evidente que tudo foi construído para o filme. Por isso, sentimos um alívio quando vemos os planos gerais da cidade na parte final. Finalmente, uma imagem autêntica nas telas.
Ação!
Por outro lado, a atriz Ruby Rose possui visual e porte atlético, ideais para a personagem que interpreta. Quando filma as cenas de combate, percebemos que ela consegue reproduzir convincentemente as lutas que foram previamente ensaiadas. O filme cresce nesses momentos. Porém, em pelo menos duas oportunidades, o diretor japonês Ryuhei Kitamura (que desde 2012 investe numa carreira internacional) faz uso de malabarismos com a câmera, girando-a em movimentos de 360 graus. Mas, ao invés de colocar o espectador para dentro da ação, esse efeito acaba afastando-o, pois desvia a atenção das lutas para prestarmos atenção nessa filmagem pretensamente estilosa. Seria justificável, e até necessário, se os atores não conseguisse performar as coreografias dos embates, mas, nesse filme, atrapalha sua melhor qualidade.
Como consequência disso tudo, não há dúvidas que o prólogo se destaca como o melhor momento de A Protetora. A cena mostra a missão fracassada que traumatizou a protagonista. Filmada em locação, a sequência traz Ali incumbida de proteger a filha do embaixador americano na Romênia, mas terroristas atacam o comboio. Há muitos tiroteios, e Ali entra em ação com precisão, alvejando vários inimigos. Porém, uma bazuca acerta o carro dos protegidos. Embora a explosão seja exagerada, atirando Ali para longe, isso permite uma engenhosa transição para a personagem despertando de um sonho em sua cama nos Estados Unidos. Se o filme todo fosse assim, filmado em locações e sem estripulias na direção, A Protetora seria bem mais fácil de digerir.
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Ficha técnica:
A Protetora | The Doorman | 2020 | EUA | 97 min | Direção: Ryuhei Kitamura | Roteiro: Lior Chefetz, Joe Swanson, Devon Rose | Elenco: Ruby Rose, Jean Reno, Aksel Hennie, Rupert Evans, Julian Feder, Kila Lord Cassidy, Louis Mandylor, Dan Southworth, Hiedaki Ito, David Sakurai, Philip Whitchurch, Andreea Vasile, Andreea Androne.