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A Queda (filme)
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A Queda | Por Sérgio Alpendre

Avaliação:
6.5/10

6.5/10

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Crítica | Ficha técnica

Para algumas pessoas, o pior medo é o medo de altura. Para Hunter (Virginia Gardner) e Becky (Grace Caroline Currey), protagonistas de A Queda (Fall, 2022), esse medo inexiste. Elas escalam montanhas rochosas como quem pratica uma simples caminhada. Até que Dan (Mason Gooding), marido de Becky, se descuida na escalada e cai no abismo.

Becky se afunda na bebida, para desespero de seu pai, até que Hunter, quase um ano depois, a chama para escalar uma torre de TV que está prestes a ser demolida. Uma enorme agulha desafiando os elementos no meio do deserto.

Ideia esdrúxula, percebemos, porque se está prestes a ser demolida, provavelmente também estará toda enferrujada, com suas armações já muito frágeis.

Com um terço de filme, as duas chegam no topo. E para descer? Com o peso e o movimento os parafusos que já estavam frouxos caíram e a escada velha de metal que as levou caiu também. O drama passa então a ser a baixa possibilidade de sobrevivência das duas, ali no topo, sem sinal de celular e sem ninguém mais saber que elas tinham escalado aquela torre. Os abutres espreitam, as águias também. Desafiar as alturas significa lidar também com aves de rapina.

A câmera de Mann

Scott Mann, o diretor, tem em suas mãos uma trama meio besta, escrita por ele mesmo e por Jonathan Frank. Mas já vimos tramas até mais tolas que possibilitaram filmes bons, por vezes até extraordinários. Em cinema, a trama importa bem menos do que a maneira como ela é tratada.

A Queda trabalha a partir daí com o medo que a maior parte dos espectadores tem, em maior ou menos grau, de grandes alturas. Por isso Mann realiza movimentos de câmera favorecendo a verticalidade do espaço, como já dá para intuir pelo cartaz de divulgação do filme. Hunter e Becky precisam sobreviver num espaço minúsculo, onde mal podem dormir.

É justamente o comportamento da câmera que nos dá a sensação de vertigem, que nos coloca em posição privilegiada para sentir mais ou menos o que as personagens sentem ali em cima. Na verdade, sentir um pouco mais por um lado, já que o movimento da câmera não espelha o delas, que é muito mais limitado. Mas um pouco menos também, já que em alguma instância nos lembramos que só podemos cair da poltrona. A cada voo da câmera, temos a sensação de que a torre está ali por algum milagre, que seu destino inevitável é a queda.

Quando parece que a trama vai ficar tola demais até pelo que esperávamos de saída, há uma virada que torna as coisas mais interessantes, mas não a ponto de impedir um desfecho anticlimático, cujo único valor é encerrar, também de modo simplório, a subtrama que havia se apresentado.

Outras vertigens

Três filmes me vieram à mente enquanto assistia a este A Queda. O primeiro está bem acima: No Coração da Montanha (Cerro Torre: Schrei aus Stein, 1991), de Werner Herzog. O segundo um pouco abaixo que o primeiro, mas ainda superior: Escalado para Morrer (The Eiger Sanction, 1975), de Clint Eastwood. O terceiro é um entretenimento meio picareta que acaba divertindo: Risco Total (Cliffhanger, 1993), de Renny Harlin.

O melhor de A Queda é que desta vez temos mulheres comandando a aventura, não um desfile de testosterona. O pior é que faltou uma diretora com talento para esse tipo de filme. Imaginemos Kathryn Bigelow na direção.

Texto escrito pelo crítico e professor de cinema Sérgio Alpendre, especialmente para o Leitura Fílmica.


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