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A Suspeita (filme)
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A Suspeita

Avaliação:
5.5/10

5.5/10

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Crítica | Ficha técnica

O drama policial A Suspeita se concentra na investigação e na personagem principal. Não é, portanto, um filme voltado para a ação, como a maioria da produção nacional desse gênero depois do sucesso de Tropa de Elite (2007).

Glória Pires encara o desafio de interpretar a protagonista Lúcia, uma comissária de polícia que investiga uma rede de influência criminosa que envolve seus colegas. Por isso, acaba numa cilada e se torna a principal suspeita de um assassinato duplo. Em paralelo, ela sofre efeitos cada vez mais fortes do Mal de Alzheimer. Então, para não manchar a carreira que a fez abdicar do amor de sua vida, Lúcia corre contra o avanço da doença para encontrar os verdadeiros culpados e provar a sua inocência.

Lento desenvolvimento

Apesar da ótima atuação de Glória Pires, A Suspeita não engrena. O enredo se desenvolve vagarosamente e ainda coloca em evidência as suas falhas.

Por exemplo, assistimos à cena do crime várias vezes: do ponto de vista do espectador do filme, da protagonista, e do funcionário da lanchonete que filma o incidente com seu celular. Então, fica claro como armaram tudo para a comissária e que ela, de fato, é inocente. No entanto, o roteiro e a direção não conseguem sustentar a versão de que Lúcia matou o escritor e o policial Paulão nesse mesmo momento. Afinal, Paulão atirou no escritor, e o estudo de balística certamente teria que analisar também os tiros que ele disparou, e não apenas os que sofreu. Aliás, o filme prefere deixar de lado o fato de Paulão ter matado o escritor; talvez para manter a figura de mártir desse policial, apesar de ele, de alguma maneira, estar envolvido na corrupção.

Além disso, o filme tenta criar um ar de mistério para esse caso, inclusive com o clichê das pistas coladas na parede relacionadas entre si com um barbante. Porém, não há mistério nenhum para o espectador, que já saca desde logo quem da polícia estaria envolvido em corrupção. A única pessoa que demora para descobrir é a própria protagonista. Então, ela se surpreende quando descobre o culpado através de uma escuta eletrônica – mas o público não.

Direção

A Suspeita marca a estreia na direção de Pedro Peregrino em longa-metragem, após um extenso currículo dirigindo episódios de novelas e séries. Mas, não estreia bem nesse formato. Peregrino emprega alguns recursos que causam uma lentidão desnecessária; por exemplo, as cenas, longas demais e recorrentes, com Lúcia digitando vagarosamente seu livro de memórias, enquanto ela narra o que escreve (recurso redundante porque já vemos a tela do computador que mostra o que ela digita).

Ademais, embora a captação das imagens não comprometa, a edição é, às vezes, confusa. Por exemplo, cortes com portas que se fecham para levar para a próxima cena estão mal relacionados com a imagem subsequente; como o corte da porta do elevador que leva para uma cena em uma garagem com a protagonista descendo uma rampa.

Além disso, o filme traz um uso exagerado de desfoque; como quando Lúcia vê o celular do rapaz da lanchonete – por que ela vê tudo desfocado na primeira vez que assiste ao vídeo? De início, pensamos que os desfoques indicavam as falhas de memória por causa do Alzheimer, mas logo vimos que não poderia existir essa conexão na maioria das vezes em que foram usados.

Muito drama, pouca investigação

Ficamos com a impressão de que a construção da personagem garante a atenção em A Suspeita. Lúcia é uma batalhadora, que enfrenta com coragem o avanço de uma doença incurável, mas, por outro lado, desiludida por largar tudo pela carreira que, agora, retribui sua dedicação com uma injusta acusação engendrada por pessoas próximas. Apesar de tudo isso, Lúcia que resolver o caso para encerrar sua jornada profissional sem máculas.

Faltou, porém, uma trama criminal mais criativa do que o batido tema da corrupção dos policiais em cargos importantes.


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