O documentário A Última Floresta chama a atenção por captar de forma não-intrusiva uma aldeia da tribo Yanomami no norte da Amazônia.
A Última Floresta não segue o formato de depoimentos, nem mesmo de perguntas e respostas. A câmera, na maior parte do filme, parece invisível. E capta com autenticidade os índios em várias de suas atividades cotidianas, além de rituais e danças preparatórias para um confronto iminente com os garimpeiros. Adicionalmente, em certo trecho, dois Yanomamis, um rapaz e uma garota, interpretam uma lenda que o xamã está narrando.
A partir do que está na tela, deduzimos que se trata de uma produção realizada em parceria. Afinal, o roteiro foi coescrito pelo diretor do filme, Luiz Bolognesi, e o xamã da tribo, Davi Kopenawa. E é Davi quem conduz a narrativa. Dessa forma, em paralelo aos costumes que a tribo ainda preserva, dentro de um razoável isolamento, Davi relata o perigo da vinda dos garimpeiros.
A ameaça dos garimpeiros
Segundo sua própria experiência, os garimpeiros chegam em grupos pequenos tentando encontrar algum indício de ouro. Então, nesse momento, os índios devem logo afugentá-los, e o documentário registra uma dessas situações. Afinal, se não o fizerem, e os garimpeiros encontrarem ouro, eles retornarão aos milhares, trazendo suas doenças e o mercúrio que envenena as águas.
Além disso, a fotografia capta com cores fortes a beleza dos Yanomamis e do local. Dessa forma, ela reforça esse retrato espontâneo dos Yanomamis, que, apesar das ameaças, conseguem ainda viver isolados. Porém, as cartelas finais ressaltam a relevância e atualidade de A Última Floresta. Assim, conforme o texto, em 1986 o garimpo trouxe muita devastação para a área, e a morte de até 1.800 indígenas. Há 25 anos, a situação melhorou, fruto dos esforços de Davi e da pressão internacional. Porém, a partir de 2019, as invasões recomeçaram. Por isso, esse documentário é um forte argumento, por si só, para preservar a demarcação da área indígena.
