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Amadeus (filme)
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Amadeus

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

A biografia do músico Wolfgang Amadeus Mozart perdeu muito do encanto que arrebatou oito prêmios Oscar na época do seu lançamento. O filme venceu nas categorias: filme, direção, roteiro adaptado, ator (F. Murray Abraham), direção de arte, figurino, som e maquiagem. Sim, a direção de Milos Forman é sublime, principalmente no quesito fotografia, para o qual foi indicado, mas não ganhou. O roteiro com o recurso de narrativa em flashback de um envelhecido Salieri (Abraham), funciona perfeitamente, e a premiada maquiagem é vital para isso. Contudo, as atuações do elenco hoje incomodam.

Já velho, após uma tentativa de suicídio, o músico da nobreza Salieri confessa sua história para um padre, e conta como ele acredita que levou seu concorrente Mozart à morte. O relato segue a ordem cronológica, desde a infância do menino prodígio Mozart, cujo pai treinara para se apresentar publicamente. Na verdade, o respeitado compositor Antonio Salieri não é tão talentoso quanto ele, mas estudou bastante e conhece música o suficiente para reconhecer o talento do rapaz, quando ele chega a Viena.

Gênio imaturo

A genialidade de Mozart, porém, é tão grande quanto a sua imaturidade. Casa-se com a jovem Constance (Elizabeth Berridge), com quem tem um filho, mas não consegue sustentar a família, porque o dinheiro que ganha desperdiça com bebidas e festas. Além disso, sua ingenuidade não o permite desconfiar de Salieri. Este impede que ele tenha oportunidades de mostrar seu talento perante o imperador Joseph II (Jeffrey Jones), que não sabe apreciar a música. O imperador se diverte mais com as óperas superproduzidas e simplistas de Salieri do que com as peças intrincadas de Mozart, com duração de quatro horas.

Apesar da inveja de Salieri e de suas manipulações para prejudicar Mozart, é mais provável que o público se identifique com ele do que com o gênio da música. Afinal, Salieri é humano, mais próximo das pessoas comuns. Reconhece seus erros e se arrepende. Seu amor pela arte supera a inveja, e por isso, presta alguma ajuda a Mozart, para que este possa criar novas peças. Assim, enquanto esgota as forças do debilitado Wolfgang, extrai dele seu derradeiro réquiem, preservando-o para a posteridade. O papel de Salieri se assemelha ao do crítico de arte, que não possui o talento de um grande artista, mas consegue reconhecer o valor de uma obra, e, mais importante, ama a arte. Já Mozart é egoísta e fraco.

As atuações

O ator F. Murray Abraham carrega sozinho a responsabilidade do elenco de transmitir a emoção contida no roteiro de Peter Shaffer, mesmo sob pesada maquiagem que o envelhece. Como amostra de seu talento, quando seu Salieri fala, não soa moderno demais. Porém, o mesmo não acontece com Tom Hulce e Elizabeth Berridge, que parecem dois jovens da época atual.

Tom Hulce apresenta interpretação caricata, inconvenientemente cômica, para transmitir a imaturidade de seu personagem. Criou até uma gargalhada original, mas que soa exagerada.

Pior ainda, não conseguimos decifrar em Elizabeth Berridge o que sua esposa sente. Por exemplo, a cena em que ela retorna à casa de Salieri para se resignar em conceder-lhe favores sexuais e Mozart consiga um trabalho representa uma incógnita. Durante o dia, ao receber essa ousada proposta, Berridge parece insultada. Porém, à noite está muito feliz e disposta a se entregar ao músico da nobreza.

Apesar disso, a empolgação do sucesso do filme elevou todos os envolvidos a altos patamares de qualidade. Como resultado, Tom Hulce foi até indicado ao Oscar de ator coadjuvante. Porém, as carreiras posteriores de Hulce e Berridge provariam que foram superestimados.

Ademais, outro miscasting que ficou evidente com o passar do tempo é Jeffrey Jones no papel de imperador. O ator norte-americano, posteriormente reconhecido no papel cômico do diretor da escola de “Curtindo a Vida Adoidado” (Ferry Bueller’s Day Off, 1986), não se encaixa no personagem. Aqui, ele lhe confere inadequados tons de comédia.

Qualidades

Ainda assim, “Amadeus” demonstra qualidades de um bom filme. O roteiro segue um crescendo onde o tom sombrio fica cada vez mais evidente com o passar do filme, à medida que Mozart se afunda gradativamente na embriaguez. A fotografia se torna mais escura, acompanhando essa mudança no clima da estória. As melhores sequências, no entanto, são aquelas que alinham a criação das suas músicas com as fontes de inspiração de Mozart. Uma de suas mais famosas óperas surge dos gritos de reclamação de sua sogra, que na tela se fundem com a cantora lírica em cima do palco, no espetáculo teatral. Esses momentos surgem no último terço do filme, justamente aquele que faz valer a pena assisti-lo.


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