Pesquisar
Close this search box.
Amanda (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Amanda

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Amanda é o sexto filme do diretor francês Mikhaël Hers, que tem se destacado como um dos melhores do gênero drama na cinematografia recente de seu país. Hers costuma escrever o roteiro, sozinho ou com outros autores, de suas produções, o que permite uma unicidade nos temas ou nos personagens. Geralmente, seus filmes abordam jovens adultos, na casa dos vinte, enfrentando momentos de transição em suas vidas.

Em Amanda, David (Vincent Lacoste), de 24 anos, ganha a vida ajudando um proprietário a alugar seus imóveis por temporada, além de trabalhar para a prefeitura de Paris podando plantas. Ele tem uma relação muito próxima com a irmã Sandrine (Ophélia Kolb), que é mãe solteira de uma menina de sete anos chamada Amanda (Isaure Multrier). Mas, uma tragédia subitamente o obriga a decidir se aceitará cuidar sozinho da sobrinha, o que pode atrapalhar os planos de um relacionamento firme com Léna (Stacy Martin), uma inquilina.

Melodrama

A estrutura do roteiro é primordial para que esse melodrama funcione. O evento que muda o curso dos personagens só acontece quando já estamos devidamente familiares com eles. Com isso, já estamos a par do impacto que eles sofrem. Mas nem por isso o filme explora o sentimentalismo barato. O protagonista David se esforça para enfrentar a perda, e evita o choro. Nesse sentido, a direção de Mikhaël Hers coloca o espectador na mesma posição que o personagem. Assim, na saída do hospital, ele está perplexo, e o seu silêncio entorpecido enquanto empresta um celular a uma parente de outra vítima expressa sua desolação com mais força do que um choro copioso. Da mesma forma, a câmera permanece distante e não ouvimos quando David conta para uma antiga amiga o que aconteceu.

No entanto, o filme Amanda não foge do melodrama. Mas ele surge nos momentos apropriados, como na inevitável conversa de David com sua sobrinha para explicar o que aconteceu com a mãe dela. Ou então, na cena mais tocante do longa, quando ele coloca para fora sua tristeza contando com o apoio de seu melhor amigo. Igualmente, as reações da menina, perdida ainda nessa situação inesperada, com certeza representam outros picos dramáticos intensos.

Elipses

Por outro lado, chama a atenção o fato de o enredo utilizar elipses cirurgicamente. Por exemplo, o acontecimento trágico surpreende, porque o roteiro evita filmar a preparação para a fatídica reunião. Caso mostrasse os personagens se conversando para combinar o encontro, isso traria pistas para o espectador antecipar que algo ruim está para acontecer. De fato, essa opção cria um pouco de ruído na narrativa, pois não sabemos bem quem estava lá e por quê. Mas, justifica-se pela intenção de causar surpresa. Um pouco disso se repete na parte final, quando a trama se desloca para outro país.

Por fim, a conclusão espertamente coloca uma função narrativa para o jogo de tênis. É através dele que Amanda se lembra da expressão “Elvis deixou o prédio.” que a mãe lhe explicou, e o jogador na quadra mostra o valor da superação.

Elenco

Além da direção, o elenco do filme Amanda merece elogios.

No papel principal, está Vincent Lacoste, que entrega uma interpretação com o equilíbrio exato entre o contido e o desespero. Lacoste se destacou em Ilusões Perdidas (Illusions Perdues, 2021) e Conquistar, Amar e Viver Intensamente (Plaire, aimer et courir vite, 2018).

Já a menina Isaure Multrier se revela um prodígio de atuação que emociona neste seu segundo e mais recente filme até agora.

Além disso, Stacy Martin comprova sua presença magnética na tela, mesmo neste papel secundário. Algo que já dava para notar em Ninfomaníaca (2013), e que vem crescendo em trabalhos como Apostando Alto (Joueurs, 2018) e O Formidável (Le Redoutable, 2017).

Merecem, ainda, destaque Ophélia Kolb, como Sandrinne, conhecida pela série Dix Pour Cent; e Greta Scacchi, em participação especial, conhecida por O Jogador (The Player, 1992), de Robert Altman.

Enfim, vale reforçar a dica para conhecer esse belo e emocionante melodrama do cinema francês contemporâneo.


Amanda (filme)
Amanda (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo