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Amor à Flor da Pele (filme)
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Amor à Flor da Pele

Avaliação:
10/10

10/10

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Crítica | Ficha técnica

A sensação que Amor à Flor da Pele provoca é incomparável. Quando sobem os créditos finais, com o leitmotiv que nos deliciou recorrentemente durante o filme, temos a certeza de que passamos por uma experiência única.

Na época das filmagens, Wong Kar Wai já se tornara uma sensação internacional, reputação conquistada a partir de Amores Expressos (1994). Porém, Amor à Flor da Pele o eleva à categoria de gênio. Afinal, essa sua primeira obra-prima insere a poesia no cinema através de suas vivas cores, seu ritmo diferenciado, sua comunicação visual e uma trilha sonora incitadora.

A estória

A estória se passa em Hong Kong, em 1962. O editor de jornal Chow se muda com sua esposa para um pequeno apartamento com quarto e banheiro. No mesmo dia, Chan também se instala com seu marido no apartamento vizinho. Os cônjuges deles estão sempre ausentes, tanto que mal os vemos no filme. Por isso, Chow e Chan acabam se cruzando bastante, seja nos corredores do prédio ou na loja de macarrão ao lado.

Logo, viram amigos e conversam sobre a infidelidade dos seus cônjuges. E, prometem um ao outro não reproduzir a conduta deles. Porém, o amor entre eles cresce cada vez mais. Ainda que o sentimento se torne extremamente intenso, ele nunca é consumado carnalmente. Assim, o amor entre Chow e Chan permanece, ou melhor, alcança um patamar superior. Talvez seja isso o que Chow busca ao rezar nas ruínas de um tempo no Camboja, na parte final do filme. Mas, ele nunca mais poderá viver esse amor. Como afirma o breve posfácio, o passado pode ser visto, mas não tocado.

De fato, o grande amor da vida dos dois ficou para sempre no passado. Afinal, nenhum deles ousou dar o passo necessário para romper com a enganosa vida que levavam com seus cônjuges. Quando deixaram passar a oportunidade de viajarem juntos a Singapura, a relação de êxtase platônico se rompeu. A partir de então, tudo mudou, e eles tocaram suas vidas separadas.

Fotografia e outras qualidades

Christopher Doyle, Pun-Leung Kwan e Ping Bin Lee assinam a direção de fotografia de Amor à Flor da Pele. Este é um dos primeiros quesitos que vêm à mente quando nos lembramos do filme. Os tons fortíssimos de vermelho e verde transmitem a emoção “à flor da pele” do par de protagonistas. Tanto que, na parte final, já separados, vemos Chow me lugares diversos, onde o tom acinzentado predomina.

No filme, tudo se apresenta com uma finalidade narrativa, desde as maçãs verdadeiras que se contrapõem ao quadro com essas frutas pintadas, até a janela redonda do local de trabalho da esposa que está longe da retidão moral. Nesse sentido, são os espelhos que revelam a felicidade que sentem Chow e Chan, que sorriem simplesmente por estarem na presença um do outro.

Momentos recorrentes

O longa metragem insiste na repetição para comunicar a estória. Na primeira parte, se sucedem as transições com fade-outs ligeiros entre as sequências. E eles ditam um ritmo acelerado que contrasta com os trechos mais sublimes de Amor à Flor da Pele, que são as sequências em câmera lenta com a belíssima música orquestrada composta por Shigeru Umebayashi. Por sua vez, estas se chocam com os trechos acompanhados por canções românticas cantadas por Nat King Cole.

Outros momentos recorrentes acentuam o crescente grau de arrebatamento entre os dois protagonistas. Por exemplo, os olhares que se cruzam nos corredores do prédio e no caminho para a loja de macarrão. Ou, então, as repetidas variações de Chan subindo a escada com um vestido justíssimo. Além disso, há várias cenas com role-plays em que os protagonistas simulam situações possíveis, como o confrontamento com o cônjuge infiel.

Além de contar a estória desse lindo romance, Wong Kar Wai extasia o espectador com uma obra deliciosa que convida a repetidas revisões. Se, na vida, um amor do passado não pode ser revivido, pelo menos o cinema nos permite revisitar as sensações de filmes como Amor à Flor da Pele, quantas vezes quisermos.


Onde assistir:
Amor à Flor da Pele (filme)
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