Pesquisar
Close this search box.
Anticristo (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Anticristo

Avaliação:
9/10

9/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

No prólogo do filme Anticristo, de Lars von Trier, encontramos o suprassumo da arte cinematográfica. Sem nenhum diálogo ou narrativa, observamos o casal protagonista praticando sexo de forma alucinada, inclusive com cenas explícitas. Enquanto isso, vemos seu filho de pouco mais de um ano descer do berço e subir perigosamente em direção à janela. Já prevemos a tragédia, e vemos tudo acontecer em desesperadora câmara lenta.

O fato desencadeia na mãe (Charlotte Gainsbourg) uma tristeza profunda. Então, após mais de um mês internada no hospital, sempre sob forte medicação, seu marido (Willem Dafoe), psicólogo, decide tratá-la sozinho.

Refúgio

Assim, o casal parte para seu refúgio na floresta, onde eles possuem uma casa de campo longe de tudo. Ali, no ano anterior, a mulher havia passado um tempo com seu filho trabalhando em uma tese sobre mulheres condenadas pela sociedade. No isolamento da floresta, sob o tratamento psicológico do marido, a mulher gradativamente começa a encontrar a verdade por trás de seu estado mental. O que, em se tratando de consequências fatuais, se traduz em atitudes cada vez mais violentas e radicais.

Em um clima sempre sombrio e incômodo, somos envolvidos nessa busca. Com isso, sofremos, expostos a algumas das cenas mais difíceis de se assistir em toda a história do cinema. Tal qual sofre, fisicamente, o marido.

A decisão de partir para a floresta foi motivada pelo medo da mulher em relação à “natureza”. Conforme progride em sua análise, o psicólogo explica para a mulher que “a natureza está dentro” dela. O estado caótico que ela atinge se deve, justamente, por descobrir que a natureza que ela temia era a maldade que existe dentro dela própria.

A suspeita dessa dolorosa verdade a havia feito desistir de trabalhar em sua tese, pois despertara nela indícios dessa descoberta. De fato, a maldade estava refletida desde a pequena tortura de calçar os sapatos invertidos em seu filho, até a violência praticada contra seu marido. Aliás, como descobrimos nas últimas sequências, também em outro momento crucial da trama.

Segundo o entendimento dela, o sexo dava poder às mulheres, que o usavam para praticar suas maldades. Por isso, acontece a automutilação, para tentar eliminar o mal potencial dentro de si, na cena mais chocante do filme. Porém, em vão, como ela própria admite.

Lars von Trier

Assim, o diretor dinamarquês Lars von Trier insere em Anticristo sua marca pessoal, em mais uma obra criativa e polêmica, hermética, para um público restrito. A direção é brilhante, e envolve o espectador no tema instigante do filme. A fotografia sombria das sequências na floresta dá a sensação de umidade e mistério que o roteiro exige. Aliás, Lars von Trier espalha símbolos em várias cenas, cujos significados demandam assistir ao filme várias vezes.

No entanto, Anticristo, apesar de ser genial, é muito difícil para se assistir. Ao optarmos por vê-lo, sabemos que algo angustiante nos espera.


Anticristo (filme)
Anticristo (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo