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As Histórias de Meu Pai (filme)
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As Histórias de Meu Pai

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

Crítica | Ficha técnica

As Histórias de Meu Pai (Profession du Père) tem um gosto agridoce que combina com o relato baseado no livro de Sorj Chalandon.

A história se passa em Lyon, iniciando-se em 1961, e é contada através dos olhos do menino de 11 anos Émile. Sua infância possui momentos doces e outros amargos por causa do comportamento do seu pai André. Muitas vezes abusivo, ele grita com o filho, obriga-o a exercícios físicos, e o pune fisicamente, até com o uso de cinto. Segundo Denise, a mãe complacente, ele ficou assim depois que voltou da guerra.

Apesar disso, as histórias que o pai conta encantam Émile. O pai extremista apoia a OAS (Organisation Armée Secrète, uma organização paramilitar clandestina francesa que se opunha à independência da Argélia). Por isso, com a colaboração de um amigo americano que faz parte da CIA, o pai tem um plano para assassinar o presidente Charles de Gaulle. Absorvido por essas aventuras, logo Émile se torna parte ativa desse plano – ou, pelo menos, assim os dois acreditam. Em um momento icônico, o garoto se olha no espelho com o revólver do pai em mãos, assumindo-se o executor dessa missão de livrar o mundo de um mal, tal como o Travis Bickle de Taxi Driver (1976).

Perspectivas

Acima de tudo, o enredo de As Histórias de Meu Pai se concentra na perspectiva de Émile. Estrategicamente, nunca abre a visão do pai, e a parte final, que se passa 25 anos depois, justifica o motivo disso.

Mas abre algumas oportunidades de entrar na pele da mãe Denise. Ela procura, na maior parte do tempo, evitar o conflito entre o pai e o filho. No entanto, apesar de tentar proteger Émile das agressões físicas, Denise sofre em silêncio. Por exemplo, ao ouvir, através da porta fechada do quarto do menino, o pai obrigando-o a realizar flexões de braço à noite. Contudo, a cena mais tocante nessa visão da mãe é aquela na qual ela vê o menino contando mentiras como o pai. É um sinal de que Émile está se tornando igual a André. E, como a conclusão entrega (na metáfora com o peixe no hospital), ela sempre optou por não admitir a loucura do marido.

Por fim, essa situação, como esperado, quase acaba em tragédia. Principalmente, porque Émile passa a abraçar as loucuras do pai e convence um amigo recém-chegado da Argélia (um “pied-noir”, franceses ou descendentes que retornaram para o país de origem depois da independência da colônia) a embarcar na missão de matar o presidente, colocando-o numa situação de perigo.

Assim, alternando, ou melhor, mesclando momentos de alegria e de tristeza, As Histórias de Meu Pai é um sensível retrato da permeabilidade infantil diante das influências paternas. No filme, o uso da trilha musical é crucial para representar esses dois sentimentos conflitantes. Juntando a música com as interpretações contundentes de Benoît Poelvoorde (André), Audrey Dana (Denise), Jules Lefebvre (Émile), o resultado emociona e ainda provoca reflexões nos tempos atuais de retorno do extremismo.

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Ficha técnica:

As Histórias de Meu Pai | Profession du Père | 2020 | 105 min | Direção: Jean-Pierre Améris | Roteiro: Jean-Pierre Améris, Murielle Magellan | Elenco: Benoît Poelvoorde, Audrey Dana, Jules Lefebvre, Tom Lévy, Nicolas Bridet, Amandine Dewasmes.

Distribuição: Pandora Filmes.

Estreia dia 9 de fevereiro de 2023 nos cinemas.

Trailer:
As Histórias de Meu Pai

(fotos/divulgação: ©carolinebottaro)

Onde assistir:
As Histórias de Meu Pai (filme)
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