As Loucuras de Rose é um filme britânico que evita a fórmula da história da artista talentosa que alcança o estrelato depois de muito sofrimento.
De fato, Rose-Lynn enfrenta obstáculos imensos em sua busca pela fama como cantora. Sua escolha, para começar, não é nada óbvia. A jovem escocesa mora em Glasgow e sonha em ir para Nashville, nos Estados Unidos para tentar brilhar na música country. Para complicar sua situação, deu à luz a dois filhos quando tinha menos de dezoito anos e, mais recentemente, passou um ano na prisão por ter sido flagrada com heroína.
Saindo da prisão
Durante os créditos iniciais de As Loucuras de Rose, acompanhamos Rose saindo da prisão em liberdade condicional, obrigada a usar uma tornozeleira eletrônica que monitora sua obrigação de ficar em casa à noite. Lá, ela precisa enfrentar a mãe, que cuidou dos dois filhos pequenos de Rose enquanto esteve presa. Agora, ela quer corrigir o comportamento irresponsável de Rose. Sua mãe quer que a filha abandone essa ilusão de ser uma cantora country.
E, além da mãe, Rose tem o desafio de reconquistar o amor dos filhos. É uma tarefa difícil, por todo o tempo longe deles na prisão, mas também porque ela continua a pisar na bola com eles. Afinal, a jovem ainda não desistiu de ser uma cantora country de sucesso.
Então, a sorte parece finalmente mudar para Rose quando ela começa a trabalhar como diarista. Sua patroa se simpatiza com ela e se encanta com seus dotes musicais. Logo, resolve ajudá-la, convidando-a a tocar em sua festa de aniversário para apresentar seu talento e convencer os amigos da patroa a investirem em sua carreira. Essa oportunidade acaba sendo um grande momento de virada em sua vida depois que sua mãe a critica duramente para que ela dê mais atenção aos filhos.
Garota de talento
O espectador, que já viu Rose cantando, reconhece que a garota tem talento. Assim, compartilha sua indecisão, porque também não é correto colocar os filhos de lado, como ela tem feito. Por isso, há um drama profundo nessa situação, com um apelo universal extensível a circunstâncias semelhantes vividas pelo público que assiste a As Loucuras de Rose. A identificação é imediata e logo resulta em uma forte empatia pela protagonista. Por fim, a responsabilidade acaba por castrar o seu maior sonho.
A estória é ficcional e o filme não é um produto hollywoodiano, portanto, não veremos Rose ascendendo para o topo das paradas. Porém, o roteiro, de Nicole Taylor, desenha um convincente desenvolvimento da protagonista, cujo arco finalizará com seu amadurecimento.
E isso é feito de forma sensata e, sim, otimista. Afinal, Rose não se transformará a ponto de se resignar a uma vida medíocre. As Loucuras de Rose possui um final feliz, mas ele não é fantasioso como em muitas biografias musicais. De fato, a felicidade de Rose virá com sua maturidade para moldar seu sonho dentro das possibilidades que suas condições permitem.
Rose é muito bem interpretada pela cantora Jessie Buckley, que surgiu em um programa de talentos da BBC, e tem progredido em sua carreira como atriz. Recentemente, esteve na premiada série Chernobyl da HBO. Além do roteiro de Nicole Taylor, Jessie Buckley é o outro elemento que torna As Loucuras de Rose um filme emocionante.
Ficha técnica:
As Loucuras de Rose (Wild Rose, 2018) Reino Unido. 101 min. Dir: Tom Harper. Rot: Nicole Taylor. Elenco: Jessie Buckley, Julie Walters, Sophie Okonedo, Jame Harkness, Adam Mitchell, Daisy Littlefield, Louise McCarthy, Matt Costello, Jane Patterson.
Trailer:
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