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Assalto na Paulista (filme)
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Assalto na Paulista

Avaliação:
4/10

4/10

Crítica | Ficha técnica

O título e a sinopse de Assalto na Paulista indicam que se trata de um heist movie, ou seja, um filme sobre um grande assalto, como os da franquia Onze Homens e um Segredo (Ocean’s Eleven, 2001). Mas o roteiro pretende que o longa seja também um melodrama. Acaba não sendo nem um nem o outro.

Assalto na Paulista se inspira no assalto à agência 0262 do Banco Itaú, na Avenida Paulista, num sábado à noite em agosto de 2011. Rubens (Eriberto Leão), o líder da quadrilha é um rico bandido do interior paulista. Seu braço direito no assalto é Leônia (Bianca Bin), que ele acolheu quando tinha quinze anos, após ela fugir da casa porque o pai a violentava.

Estrutura narrativa

A estrutura narrativa arrisca colocar vários flashbacks no meio da ação. Com isso, evita-se a necessidade de apresentar os personagens no início da história. O que, dependendo como é feito, pode se tornar enfadonho e, assim, perder a atenção do espectador logo de cara. E isso, pensando nas janelas pós-cinema (do streaming e das televisões [aberta ou a cabo]) é um problema fatal, pois o espectador simplesmente desiste e vai assistir outro programa.

Porém, tem o outro lado. Durante o assalto, não conhecemos tão bem os protagonistas, e as interrupções dos flashbacks prejudicam o tênue suspense que o filme consegue (talvez) provocar. Quanto aos personagens secundários, o enredo apresentou antes, superficialmente, alguns (a motorista do caminhão e o hacker), os demais nem sabemos quem são. E, nem mesmo quais são seus papéis dentro do golpe. Então, quando um deles morre, não sabemos por que ele é tão indispensável como o líder da quadrilha brada. E, de fato, sua função não é só facilmente desempenhada por outro, como este acaba ficando louco e deixando tudo abertamente escancarado por quem passa na frente do banco que está sendo roubado. Mas, ninguém acha estranho uma parede de vidro estourada em plena Avenida Paulista durante a madrugada.

Qual é o plano?

O roteiro despreza os cânones do heist movie. Então, não sabemos de antemão qual é o elaborado plano e como ele será executado. Essa parte se resume a uma rápida conversa ao redor de uma mesa, quando os personagens mais discutem entre si do que revelam o passo a passo do esquema. Sem isso, o filme desperdiça o suspense da sua execução. Assim, a invasão a banco parece fácil, assim como o acesso aos cofres particulares, que são o objetivo principal do bando. Logo, o filme passa a exibir um chatíssimo jogo de voyeurismo mostrando o conteúdo que os bandidos encontram nos cofres privados, incluindo fotos íntimas de uma provável amante de um dos locadores.

De tempos em tempos, esse jogo é interrompido pelos citados flashbacks de Rubens e de Leônia. E, também, por tentativas forçadas de criar algum suspense, que passam pelos desentendimentos entre os membros da quadrilha que resultam em morte. Ademais, tem lugar até um atropelamento na calçada para justificar a entrada de uma policial grávida para usar o banheiro do banco. Cena, aliás, que não funciona porque a edição de som não evidencia para o espectador o que ela está ouvindo no toalete.

Uma fuga sem nexo

Se o assalto não empolga, o que se sucede na fuga tampouco ajuda a melhorar o filme. Vimos o bando recolher uma grande quantidade de dinheiro em espécie e de objetos de valor. A divisão do roubo acontece de forma apressada; aparentemente, uma sacola com dinheiro fica para uma parte do grupo, que deve permanecer na fazenda. Porém, já há um novo desentendimento e uma nova morte. E Rubens, Leônia e o guarda-costas partem para o Paraguai, onde se encontrarão com o atravessador que trocará os objetos do roubo por dinheiro. Pelo menos, é o que deduzimos, mas quando eles chegam lá, estão contando as células de dinheiro que foram roubadas. Confuso, não?

No trajeto, mais tentativas frustradas de suspense. Por que os três fugitivos ficam apreensivos quando passam por um posto da Polícia Rodoviária? Custava colocar uma blitz da Polícia Federal? E apresentar o noticiário da TV sobre a busca dos ladrões antes e não depois de passarem pela polícia? Enfim, mesmo perto do final, fica até engraçado Leônia apelar para que Rubens entre no carro com ela depois de trocarem tiros com outros bandidos, dizendo: “A polícia logo estará aqui!”. Como assim? Lá, no meio do mato, quem chamaria a polícia? Ah sim, talvez o rapaz que passa de bicicleta por eles – qual o motivo de esse figurante estar ali?

Decepção

Como todo o restante do filme, o desfecho também é decepcionante. Devia, ao menos, resolver o conflito entre o pai e a filha adotiva, se é que essa relação existia. Afinal, por mais que o retrato da vida pregressa desses personagens seja interessante, os flashbacks não cobrem o que acontece após Rubens aceitar Leônia como sua empregada na fazenda.

Curiosamente, o ator Eriberto Leão, que faz o Rubens, foi um dos protagonistas de outro heist movie brasileiro, o superior Assalto ao Banco Central (2011), o único filme dirigido por Marcos Paulo. Que, por sinal, não tentava inventar a roda, erro que arruinou Assalto na Paulista.


Onde assistir:
Assalto na Paulista (filme)
Assalto na Paulista (filme)
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