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Através da Janela (filme)
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Através da Janela

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

Com abordagem julgadora, o filme Através da Janela assume o ponto de vista de uma mãe superprotetora que vê seu filho se perder na vida.

Apesar de Rai já ter se tornado adulto, sua mãe Selma ainda o mima demais. Eles moram juntos, em uma confortável casa. A mãe, uma enfermeira aposentada, ocupa seu tempo entre cuidar do filho e ir diariamente ao supermercado com a amiga.

Tão intenso é seu apego a Rai que ela não só prepara a mesa do café da manhã como ainda coloca o café na xícara e passa a manteiga em seu pão. Apesar de ele evidentemente não ter vontade de trabalhar, Selma recorta os anúncios de emprego do jornal todos os dias para ele. Logo, ele assume um comportamento diferente, e a mãe começa a desconfiar.

Planos longos

Através da Janela se inicia com planos muitos longos, com poucos cortes, apresentando os personagens num ritmo lento. Por exemplo, a cena inicial mostra Selma se preparando para sair. A princípio, parece que ela vai para uma festa, mas é apenas sua rotina diária para fazer compras no mercado e na banca de jornal.

E dessa forma vagarosa acompanhamos o café da manhã em que a mãe prepara tudo para o filho. Depois, essa rotina caracterizará a transformação de Rai num espaço de quatro dias. No dia seguinte, ele mesmo se serve. Já no dia 3, ele acorda mais cedo que a mãe e prepara a mesa do café. Por fim, no quarto dia, ele não está na casa quando a mãe acorda. Ou seja, é uma metáfora para o crescimento do filho, que gradativamente depende menos da mãe.

Porém, a desconfiança de Selma só surge porque ela é uma ex-enfermeira. No meio da noite, Rai e seus amigos trazem um rapaz ferido para casa, para que ela preste os primeiros socorros. Depois, no dia seguinte, ele a leva até uma casa para aplicar uma injeção nesse rapaz. Então, na parte final, ao conectar essa experiência com uma manchete de jornal, ela desvenda o que seu filho está fazendo.

Antipatia

O filme possui personagens centrais antipáticos. Com isso, Através da Janela conduz o espectador a assumir uma postura julgadora. O exagero na caracterização da mãe excessivamente zelosa beira o artificial, pois não vemos a mãe apenas servindo o filho, mas Rai pedindo para ser servido. De imediato, o público condena os dois – o filho por se aproveitar da mãe, e esta por mimar o marmanjo. Adicionalmente, esse aspecto é reforçado pela personagem da amiga vizinha, que também faz essa crítica, veladamente. E, ainda, a música estridente cria uma ambientação irritante que contribui para a aversão do público em relação ao relacionamento entre os protagonistas.

Aliás, a diretora Tata Amaral provoca esse julgamento através de outro aspecto técnico. Ela faz isso através do uso do fade out para branco em algumas transições que levam até a próxima cena com Selma no quadro. Esse efeito de dissolução incomoda, e parece que sua intenção é intervir no filme para tentar abrir os olhos da protagonista. Assim, a impressão que fica é que a mãe está estragando o filho com seus mimos exagerados.

Pontos a desenvolver

Além disso, há um ponto controverso que Através da Janela introduz, mas que não chega a ser trabalhado definitivamente. E, trata de uma relação incestuosa entre Selma e Rai. Essa ideia surge quando os dois se abraçam com muita intensidade. Por isso, a mãe se incomoda e afasta o filho com certa violência. Adicionalmente, a cena seguinte mostra Selma sozinha em seu quarto meditando sobre esse acontecimento.

De fato, este segundo longa de Tata Amaral sofre por não se aprofundar nessa possível questão do incesto e, principalmente, pelo seu final abrupto. Nesse sentido, o filme termina quando a mãe descobre no que seu filho está metido. Porém, caberia ainda espaço para continuar a desenvolver essa estória a partir daí. Ao optar pelo final aberto, Através da Janela deixa de explorar esse rico veio da trama.


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