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Aurora (filme)
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Aurora

Avaliação:
8/10

8/10

Crítica | Ficha técnica

Aurora, o primeiro filme que o diretor alemão F.W. Murnau realiza nos EUA, é repleto de visões, que ilustram os pensamentos de seus personagens. Adicionalmente, comunicam também o que eles falam, num filme mudo que recorre a poucas cartelas, e que nem precisava delas. Aliás, como Murnau já fizera em A Última Gargalhada (1924).

Sua trama é aparentemente simples, e envolve dilemas morais, mas também a ideia da oposição entre a vida no campo e a vida urbana, simbolizando a pureza e a corrupção, respectivamente. Era um pensamento já sedimentado no início do século 20, quando muitas sociedades no mundo vivenciaram a crise econômica como efeito colateral da revolução industrial.

A sedutora mulher da cidade

Por isso, é justamente uma mulher da cidade a vilã da estória em Aurora. Ela seduz e se torna amante do protagonista, um homem do campo casado e com um bebê com menos de um ano. Os vizinhos comentam e contam esse ocorrido, ilustrado num rápido flashback do passado feliz do casal, e ainda reforçado com uma dispensável cartela. Mas, a mulher da cidade quer mais, e convence o marido a levar a esposa para um passeio de barco para afogá-la. Assim, eles poderiam vender a fazenda e se mudar para a cidade, como ilustra uma montagem com cenas dos encantos da cidade inusitadamente projetada em frente dos amantes.

Essa versão má do personagem, o tema do “duplo”, característico do expressionismo alemão, ecoa no cenário do quarto do casal. Como F.W. Murnau fazia na Alemanha, ele constrói paredes distorcidas, linhas diagonais e sombras, espelhando a alma atormentada do protagonista. Nessa noite, o marido sofre alucinações e, quando acorda, imagens sobrepostas da amante insistem em estimulá-lo a cometer o crime.

A atração urbana

De fato, o marido se torna uma figura ameaçadora dentro do barco, dirigindo-se à esposa para jogá-la no rio. Porém, sua essência boa o detém. Então, o casal reconciliado passa um dia muito feliz e divertido na cidade. Nesse ponto, causa espanto a deslumbrante caracterização dessa paisagem urbana, primeiro movimentada e ameaçadora, depois sedutora e repleta de prazeres. Por isso, há um gigantesco parque de diversões e uma engraçada sequência no salão de danças. É notório que na cidade predominam as formas arredondadas, dando a ideia de um ambiente descontraído.

Enfim, exaustos, eles entram no pequeno barco deles para retornar à fazenda, já de noite. Mas, uma forte tempestade os joga na água, e a esposa desaparece. O final, contudo, é feliz, e moralista. Assim, na derradeira cena, vemos a mulher da cidade retornando sozinha para a cidade, sem conseguir êxito no seu plano malévolo.

Aurora é visualmente rico, e apresenta recursos novos da gramática visual, além de importar algumas características do expressionismo alemão. F.W. Murnau estreava com primor em terreno americano.

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Ficha técnica:

Aurora (Sunrise: A Song of Two Humans) 1927. EUA. 94 min. Direção: F.W. Murnau. Roteiro: Carl Mayer. Elenco: George O’Brien, Janet Gaynor, Margaret Livingston, Bodil Rosing, J. Farrell MacDonald.

Onde assistir:
Aurora (filme)
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