Baile Perfumado (filme)
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Baile Perfumado

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

O cinema revisita o cangaço em O Baile Perfumado.

O filme faz parte dos docudramas da Retomada do Cinema Brasileiro nos anos 1990. Tal subgênero teve Lamarca (1994) e Carlota Joaquina, a Princesa do Brasil (1995), como principais expoentes dessa fase. São filmes que reconstituem algum fato histórico com liberdades ficcionais.

Nesse sentido, Baile Perfumado conta a história de Benjamin Abrahão nos anos 1930. O negociante libanês foi a única pessoa que conseguiu filmar o cangaceiro Lampião. Com essa empreitada arriscada, ele pretendia ganhar dinheiro vendendo esse material exclusivo. Porém, o governo ditatorial de Getúlio Vargas proibiu a exibição dessas filmagens. Afinal, era uma humilhação mostrar que uma pessoa sozinha tinha conseguido localizar Lampião, enquanto centenas de soldados estavam à sua procura.

Lampião e Padre Cícero

Na verdade, Benjamin Abrahão abriu suas portas para esse feito porque havia sido secretário do famoso Padre Cícero. Assim, registrara uma foto do histórico encontro dessas duas figuras marcantes do cenário nordestino.

Além de acompanhar o protagonista libanês, Baile Perfumado se preocupa em humanizar Lampião. Interpretado por Luiz Carlos Vasconcelos, o filme não mostra apenas o cangaceiro violento e impiedoso com os inimigos. Conhecemos o Virgulino Ferreira da Silva como pessoa, e que gosta de dançar e de perfumes, e que até acompanha sua Maria Bonita em uma sessão de cinema em Recife. Aliás, essa abordagem coincide com a faceta que Lampião quer que Benjamin Abrahão filme. Por isso, se nega a permitir que registrem o seu pelotão em ação.

Direção

Baile Perfumado impressiona no estilo de filmagem de Paulo Caldas e Lírio Ferreira. Principalmente, no plano filmado do alto de um helicóptero acompanhando um rio no sertão nordestino. Ademais, a visão rejuvenescida dessa paisagem pela nova safra de realizadores pernambucanos, se alinha com a trilha sonora. A música que ouvimos nesse trecho é um rock pesado, do subgênero mangue beat, que também surgia na época.

Além disso, alguns planos fogem do enquadramento tradicional. Por exemplo, quando Benjamin Abrahão conversa com o investidor do seu projeto, a câmera filma de baixo para cima, dando uma impressão grotesca desses personagens. No mesmo sentido, numa das cenas finais, há um banho de sangue na morte do negociante libanês que exala mais violência que aquela vista quando Lampião executa suas vítimas. E, ainda preserva a incógnita sobre esse fim trágico desse inusitado empreendedor.

De forma similar, o filme foge da narrativa clássica. A intercalação dos pensamentos poéticos que Benjamin Abrahão escreve em seu caderno de anotações e a intercalação de vários trechos de flashback colaboram na construção de um longa com apenas um tom. A história não caminha para uma conclusão com um clímax dramático, dando a impressão que não sabemos para onde a trama nos levará. Nesse aspecto, fala mais alto o teor documental, que procura registrar os fatos, sem buscar a emoção do espectador. Aliás, tal qual os trechos filmados por Benjamin Abrahão.

Por fim, Baile Perfumado marca a estreia em longa de dois cineastas importantes para o cinema brasileiro. De um lado, o paraibano Paulo Caldas faria Deserto Feliz (2007) e País do Desejo (2012). Já, de outro, o pernambucano Lírio Ferreira dirigiria Árido Movie (2005) e o recente Acqua Movie (2019).

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Ficha técnica:

Baile Perfumado (1996) Brasil, 93 min. Direção: Paulo Caldas, Lírio Ferreira. Elenco: Duda Mamberti, Luiz Carlos Vasconcelos, Claudio Mamberti, Aramis Trindade, Chico Díaz, Joffre Soares, Germano Haiut, Giovanna Gold.

Onde assistir:
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