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Barravento (filme)
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Barravento

Avaliação:
6/10

6/10

Crítica | Ficha técnica

Em Barravento, na praia de Buraquinho, perto de Itapuã, na Bahia, os pescadores reclamam, mas se submetem às condições e preços impostos pelo comerciante local. Quando um ex-morador local retorna da cidade, já esclarecido, ele tenta incitar os amigos a se unirem para protestar por mudanças. Porém, ninguém o aceita, principalmente o velho mestre dos pescadores. Além disso, o rapaz procura, também, quebrar as fortes crenças das pessoas, que esperam que as coisas melhorem através da religião deles, o candomblé.

Primeiro longa-metragem de Glauber Rocha, Barravento já evidencia seu privilegiado olhar para o cinema, traduzido nas belas imagens conseguidas pelo diretor de fotografia Tony Rabatoni. A edição também merece destaque, obra do já experiente diretor Nelson Pereira dos Santos, que tinha realizado Rio, 40 Graus (1955). Nesse quesito, reparem nos cortes rápidos da cena da tempestade, contrastando com o ritmo mais cadenciado do restante de Barravento, que preparam o espectador para um evento trágico. Contudo, se as imagens merecem elogio, o som peca pelo uso das falas dubladas e difíceis de se ouvir. Por isso, a música toma a frente dos diálogos.

Contestador

A música do candomblé está presente em todo o filme, junto com muitas sequências de dança desse ritmo, mostrando como a religião influencia o comportamento da comunidade. Glauber Rocha não deixa de lado a barbárie dos rituais, colocando em close a decapitação de uma galinha para ser usada em uma oferenda. Aliás, o caráter contestador do diretor surge logo no prólogo, com um texto que explica o contexto do longa. Nele, se encontra a contundente afirmação que esses pescadores ainda sofrem da resignação perante a vida, fruto de anos de escravidão vividos pelos seus ancestrais.

Barravento possui uma natureza documental evidente, com intenções panfletárias, e usa a ficção para contar sua mensagem de forma lúdica. Vale a pena assistir para conhecer o aspecto social e político da comunidade objeto do filme, e para observar os primeiros passos de um cineasta primordial na filmografia brasileira.

Por fim, vale notar que, no epílogo, o filho do mestre pescador está mudado. Ele cruza uma ponte que simboliza a passagem da vida de pesca para a esperança de algo melhor. Glauber tinha, então, 23 anos, o que explica seu otimismo jovial. Porém, dois anos depois, viria o golpe militar com a censura dos filmes com conotação política, prejudicando o Cinema Novo.

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Ficha técnica:

Barravento (Barravento, 1962) Brasil, 78 min. Dir: Glauber Rocha. Rot: Luiz Paulino dos Santos, Glauber Rocha, Jose Teles. Elenco: Antonio Pitanga, Luiza Maranhão, Lucy de Carvalho, Aldo Teixeira, Lidio Silva.

Assista: documentário Glauber – O Filme, Labirinto do Brasil

Onde assistir:
Barravento (filme)
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