A plataforma de streaming Belas Artes à la Carte apresenta a Mostra Expressionismo Alemão a partir de quinta-feira, 18 de março de 2021.
Na mesma data, entra no ar o canal Petra Belas Artes Digital no Youtube. Com conteúdo gratuito e exclusivo produzido pela equipe do Belas Artes Grupo, a plataforma levará para os apaixonados pelo universo do cinema, cultura e arte, conteúdos exclusivos e conversas ao vivo, que contam sobre o fazer cinema, o mercado cinematográfico e muito mais. Na inauguração, um vídeo apresentará o canal.
“Devido ao agravamento da pandemia e o necessário isolamento social, decidimos fechar temporariamente o cinema. Em respeito aos nossos colaboradores e aos cinéfilos que fazem parte de nossa trajetória, reabriremos quando boa parte da população estiver vacinada e a situação geral esteja melhor. Até lá, seguimos com a programação online no Petra Belas Artes Digital, juntamente com a plataforma Belas Artes à la Carte. Com isso, continuaremos próximos e presentes na vida de todos”, explica André Sturm, presidente do Belas Artes Grupo.
Os longas selecionados para a mostra no Belas Artes à la Carte são expoentes do movimento e obras-primas de seus diretores. Além disso, o festival comemora o centenário de O Gabinete do Dr. Caligari e de A Morte Cansada, e dá largada às homenagens pelos 100 anos de Nosferatu, que acontece em 2022. Adicionalmente, também fazem parte da seleção, As Mãos de Orlac (foto), A Caixa de Pandora, Metrópolis, M, o Vampiro de Dusseldorf e A Última Gargalhada.
Em complemento, o canal Petra Belas Artes Digital apresenta na sexta, dia 19, às 19h, o bate-papo “Cinema além das câmeras: Expressionismo Alemão”. A conversa contará com André Sturm e Léo Mendes, gerente de inteligência do Grupo Belas Artes.
O Expressionismo Alemão
O Expressionismo floresceu no pós-Primeira Guerra Mundial, e se manifestou em diversas vertentes artísticas, como teatro e arquitetura. Mas, provavelmente, sua forma mais famosa foi no cinema, com obras de cineastas como F. W. Murnau, Fritz Lang e Robert Wiene. A ideia do movimento era buscar a representação do mundo por meio da subjetividade do artista, e como o momento histórico era soturno, o objetivo era revelar as angústias do ser humano.
Assim, imagens distorcidas, sombras, contrastes, exageros e ângulos de câmera pouco convencionais são algumas das características recorrentes dos filmes produzidos no período. Isso fica bem claro, por exemplo, em O Gabinete do Dr Caligari, de Robert Wiene, um filme mudo de horror que traz um olhar deformado do mundo. Seus cenários geométricos são repletos de influência do gótico e do cubismo.
Dessa forma, a busca pela exploração do subjetivo do ser humano levou o cinema expressionista às imagens que ficam entre a luz e a escuridão. Em outras palavras, a crítica alemã Lotte H. Eisner, autora do livro “A Tela Assombrada”, preferiu definir como “uma espécie de crepúsculo da alma alemã, expressando-se em sombrios e enigmáticos interiores ou em nebulosas e insubstanciais paisagens”. Para ela e o crítico alemão Siegfried Kracauer, autor de “De Caligari a Hitler”, o expressionismo funcionou como uma espécie de consciência coletiva, e manifestação sintomática.
A pintura expressionista exagerava nas cores e expressões. Por exemplo, o quadro “O Grito”, de Edvard Munch. Porém, o cinema tinha que trabalhar com o preto-e-branco, e, para mostrar a angústia interna de seus personagens, fazia, entre outras coisas, um jogo de luz-e-sombra ressaltando o aspecto tétrico do momento e das pessoas.
fonte: divulgação
Programação da Mostra Expressionismo Alemão do Belas Artes
19.03 l Sexta-feira l 19h l Cinema além das câmeras: expressionismo Alemão
18.03 l Quinta-feira | Filmes que entram na plataforma
Nosferatu
NOSFERATU | Alemanha | 1922 | Direção: F.W. Murnau
Elenco: Max Schreck, Alexander Granach, Gustav von Wangenheim
Inspirado em “Drácula”, de Bram Stocker, o longa tem como protagonista o conde Graf Orlok. Enquanto tenta vender seu castelo, no Mar Báltico, ele se apaixona por Ellen, mulher do corretor de imóveis. O nobre é, na verdade, um vampiro que passa a aterrorizar a cidade onde ela mora.
CURIOSIDADES: O filme foi inspirado no famoso romance de Bram Stoker. Porém, a produção teve que alterar os nomes de personagens e locais, pois os herdeiros do escritor não autorizaram a adaptação, embora algumas versões espalhadas pelo mundo mantivessem os nomes. Os produtores foram processados, e os originais destruídos, mas as cópias espalhadas por diversos países serviram de base para a restauração. O longa foi refilmado em 1979, pelo alemão Werner Herzog, trazendo Klaus Kinski e Isabelle Adjani nos papéis principais. A história da filmagem deste longa serviu de base para A Sombra do Vampiro, de 2000, com John Malkovich, como Murnau, e Willem Dafoe, como Max Schreck.
A Morte Cansada
DERMÜDE TOD | 1921 | Direção: Friz Lang
Elenco: Bernhard Goetzke, Lil Dagover, Walter Janssen
Num filme no qual as vidas são representadas por uma vela, o marido de uma jovem desparece. A Morte dá a ela três chances para o salvar, provando que o amor triunfa sobre a morte. Três histórias são contadas, cada uma num período histórico e local. Ou seja, uma aventura na Pérsia, inspirado em As Mil e Uma Noites; um romance renascentista; e uma comédia situada na China.
CURIOSIDADES: Quando lançado na Alemanha, o filme não fez sucesso, mas foi bem recebido em outros países. O ator americano Douglas Fairbanks chegou a comprar os diretos do longa, não para o lançar em cinema, mas porque o admirava tecnicamente, e queria inspiração para seu próximo trabalho, O Ladrão de Bagdá. Alfred Hitchcock e Luis Buñuel listam A Morte Cansada como uma de suas influências.
As Mãos de Orlac
ORLACS HÄNDE | 1924 | Direção: Robert Wiene
Elenco: Conrad Veidt, Alexandra Sorina, Fritz Strassny
Inspirado no romance de Maurice Renard, o longa tem como personagem principal um pianista renomado, que sofre um acidente de trem, e perde as duas mãos. Num procedimento experimental, nele são transplantadas mãos de um assassino que acabou de ser executado. Ao descobrir as origens dos membros, o protagonista acredita ter, agora, uma disposição para matar.
CURIOSIDADES: Dado seu conteúdo considerado forte à época, o filme foi proibido para adolescentes e crianças na Alemanha e Áustria. Por causa da censura, várias cenas foram cortadas, e a cópia exibida pelo mundo era mutilada. Só em 1995 o longa foi restaurado em sua integridade pela Fundação F. W. Murmau.
A Caixa de Pandora
DIE BÜCHSE DER PANDORA | 1929 | Direção: Georg Wilhelm Pabst
Elenco: Louise Brooks, Fritz Kortner, Francis Lederer
Baseado em peças do alemão Frank Wedekind, o filme acompanha a ascensão e queda de uma jovem ingênua, chamada Lulu, cuja sensualidade inspira desejo e violência em todos ao seu redor.
CURIOSIDADES: Marlene Dietrich quase fez o papel principal, embora Brooks fosse a escolha favorita de Pabst. Ele mesmo conta que Dietrich estava no escritório pronta para assinar o contrato quando foi informado de que Brooks estava interessada no papel. O comportamento subversivo de Lulu, seu figurino e seu visual influenciaram aquela que ficou conhecida como “a mulher moderna.” Brooks caiu no esquecimento pouco depois do filme, mas viveu uma redescoberta nos anos de 1970 e 1980. O logotipo da distribuidora Pandora Filmes é um perfil estilizado do rosto da personagem.
Metrópolis
METROPOLIS | Alemanha | 1927 | Direção: Fritz Lang
Elenco: Brigitte Helm, Alfred Abel, Gustav Fröhlich
Numa cidade futurista chamada Metrópolis, dividida entre a classe trabalhadora e os planejadores da cidade, o filho do mestre da cidade se apaixona por uma profeta da classe trabalhadora, que prevê a vinda de um salvador para mediar a diferença entre as classes.
CURIOSIDADES: Metrópolis foi o primeiro filme longa-metragem de ficção científica do mundo. O filme precisou de 37 mil figurantes, sendo 25 mil homens, 11 mil mulheres, 1.100 homens carecas, 750 crianças, 100 negros e 25 asiáticos. Além disso, a produção durou 310 dias de filmagens. O robô de Metrópolis inspirou a aparência do robô C3PO de Star Wars.
M, O Vampiro de Dusseldorf
M – EINE STADT EINEN MÖRDER | Alemanha | 1931 | Direção: Fritz Lang
Elenco: Peter Lorre, Ellen Widmann, Inge Landgut
Um misterioso infanticida leva o terror a Dusseldorf. A polícia local não consegue capturar o serial killer, então um grupo de foras-da-lei se une para encontrar o assassino. Capturado pelo grupo de marginais, ele é julgado por um tribunal de criminosos.
CURIOSIDADES: O filme foi proibido pelos nazistas, em 1934. Porém, anos mais tarde M, O Vampiro de Dusseldorf foi escolhido pela Associação das Cinematecas Alemãs como o filme alemão mais importante de todos os tempos. O uso da narração foi uma técnica inovadora na época, neste que é o primeiro filme sonoro de Fritz Lang. A organização dos mendigos mencionada no filme realmente existia em Berlim na época.
O Gabinete do Dr. Caligari
DAS CABINET DES DR. CALIGARI | Alemanha | 1919 | Direção: Roberte Wiene
Elenco: Werner Krauss, Conrad Veidt, Friedrich Feher
Dr. Caligari, um hipnotizador, se aproveita do sonâmbulo Cesare para cometer assassinatos.
CURIOSIDADES: O set de filmagem foi feito de papel com as sombras pintadas nas paredes. O filme foi feito antes de existir o gênero “terror” e muitas vezes é considerado o primeiro do gênero. Um dos principais títulos do movimento conhecido como expressionismo alemão no cinema.
A Última Gargalhada
DER LETZTE MANN | Alemanha | 1924 | Direção: F. W. Murnau
Elenco: Emil Jannings, Maly Delschaft, Max Hiller
Orgulhoso de seu trabalho, mas já sentindo o peso dos anos, o velho porteiro do hotel Atlantis é afastado de seu cargo e realocado na função de criado do banheiro masculino. O rebaixamento provoca um efeito desastroso na autoestima do idoso e em seu prestígio perante sua família, amigos e vizinhos.
Curiosidades: O filme dispensa os entretítulos para substituir diálogos. Por isso, utiliza apenas elementos realistas e expressionistas, movimentos de câmera e planos visuais para transmitir ao espectador o aspecto psicológico do personagem. O filme é precursor em diversas técnicas que até então não existiam, como o “zoom”, por exemplo, que foi criado quando Murnau colocou a câmera numa cesta amarrada a uma roldana e a puxou para si. O suíço Emil Jannings foi o primeiro vencedor da categoria de Melhor Ator, na cerimônia inaugural do Oscar, em 1929, por sua atuação em dois filmes que concorriam ao mesmo tempo: Tentação da Carne e O Último Comando.