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Poster do filme "Bernadette"
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Bernadette

Avaliação:
6,5/10

6,5/10

Crítica | Ficha técnica

Quando um coral entra em cena cantando as informações da cartela, temos a impressão de que Bernadette será um filme de humor escrachado. Mas a comédia, no primeiro longa para cinema da diretora Léa Domenach, é refinada. Contém, também, momentos de drama, ainda que sempre num clima de alto astral, para assim contar a trajetória da primeira-dama Bernadette Chirac (Catherine Deneuve), durante os dois mandatos de Jacques Chirac (Michel Vuillermoz), entre 1995 e 2007.

E, como informa, em tom jocoso, o coral na abertura, o filme se inspira livremente nos fatos, mas essencialmente é uma obra ficcional. Para separar a realidade da adaptação, fotos da verdadeira Bernadette estampam a tela durante os créditos iniciais. Uma figura esguia, bem diferente da atriz que a interpreta.

A transformação de Bernadette

O mote do longa é a transformação da personagem retratada. Quando o filme começa, durante a celebração da eleição de Jacques Chirac em 1995, Bernadette está visivelmente deslocada no meio da equipe do partido vencedor, sem falar com ninguém. Quando tenta, é rechaçada, tanto pela filha Claude (Sara Giraudeau), assessora do candidato eleito, quanto pelo marido, que não a deixa nem ficar na janela ao seu lado acenando para o povo. Essa cena emblemática se espelhará na reeleição em 2002, quando os membros do partido a saúdam e pedem para ela discursar – ainda assim, Chirac a poda duramente.

Assim se portava Jacques em relação a sua esposa, neste relato. Achava-a incompetente para dar sugestões em relação ao seu cargo de presidente, embora o filme coloque que suas análises políticas (chamadas de intuição por Chirac) eram muito mais certeiras do que as dos estrategistas contratados. Porém, com o apoio do assessor de imprensa Bernard Niquet (Denis Podalydès) Bernadette começa a construir sua imagem política.

Seu crescimento segue a cartilha de chamar a atenção para problemas específicos de grande repercussão. Mas começa a virar a chave danificando a relação com a filha Laurence (Maud Wyler), ao expor a bulimia dela em um livro. Em relação ao marido, Bernadette desiste de ser a esposa submissa quando ela descobre de forma vexatória um caso de infidelidade.

Deneuve faz a diferença

Mais uma vez, Catherine Deneuve dá um show de interpretação. Mesmo com toda a aura de um das estrelas mais importantes da história do cinema francês, ela encarna convincentemente a retraída Bernadette Chirac que começa o filme. Depois, não exagera quando sua personagem ganha confiança no decorrer da trama. Mesmo se tornando mais influente do que o próprio presidente, segundo o filme, Deneuve mantém a postura de quem ainda guarda as suas fraquezas. Por causa da atriz, funciona perfeitamente a cena em que Chirac assiste pela TV a um discurso do novo presidente Nicolas Sarkozy (Laurent Stocker) e se espanta ao ver a esposa na plateia. Então, manda a ela um daqueles recados grosseiros como fez antes durante a comemoração de sua reeleição. Bernadette se levanta e parece que, infelizmente, ela ainda é submissa ao marido. Nada disso, a então ex-primeira-dama, agora chamada de política, surpreende Chirac, e assim faz Deneuve com o espectador.

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Ficha técnica:

Bernadette | 2023 | 95 min | França | Direção: Léa Domenach | Roteiro: Clémence Dargent, Léa Domenach | Elenco: Catherine Deneuve, Denis Podalydès, Michel Vuillermoz, Sara Giraudeau, Laurent Stocker, Michel Vuillermoz, Maud Wyler.

Distribuição: Imovision.

Trailer:

Trailer do filme “Bernadette”
Cena do filme "Bernadette"
Cena do filme "Bernadette"
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