Roma, 26 de novembro. A Itália perde, aos 77 anos, um de seus maiores diretores de cinema, Bernardo Bertolucci.
Entre seus dezesseis longa-metragens de ficção, estão os obrigatórios O Conformista (1970), Último Tango em Paris (1972), 1900 (1976), La Luna (1979) e O Último Imperador (1987), que lhe rendeu os Oscars de melhor diretor e co-roteirista, além de ganhar como melhor filme, totalizando nove prêmios da Academia.
O Conformista, 1900, Assédio (1998) e Os Sonhadores (2003) revelam a faceta política do marxista Bertolucci, inclinação que originou obras fortes que marcaram sua personalidade pública. Porém, ao explorar o universo intimista e existencial do ser humano, o diretor e roteirista atingiu maior exposição na mídia com temas polêmicos. Em La Luna, uma mãe se submete a uma relação incestuosa com seu filho para ajudá-lo a se libertar de sua dependência em heroína. Seu filme mais escandaloso, porém, é Último Tango em Paris, sobre dois amantes que vivem um caso exclusivamente baseado em sexo. A atriz Maria Schneider declarou que ela não havia consentido a cena de sodomia deste filme, ao que o diretor alegou que fora opção dele não antecipar a situação para conseguir uma reação mais espontânea dela.
Formalmente, seu cinema exibe um visual deslumbrante, trabalhando com o diretor de fotografia Vittorio Storaro, também italiano, numa parceria de oito filmes. O Pequeno Buda (1993) e O Céu Que Nos Protege (1990), suas duas últimas realizações juntos, têm na fotografia sua maior qualidade.
A roteirista e diretora Clare People, que escreveu La Luna (1979) e Assédio (1998), dirigidos por Bertolucci, era sua esposa desde 1978.
Reconhecido mundialmente, Bernardo Bertolucci presidiu o júri do Festival de Veneza em 1983 e 2013, e o Festival de Cannes em 1990.
“Sempre que faço um filme, é como se fosse a primeira vez… o que significa correr riscos.” (Bernardo Bertolucci)