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Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente
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Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente leva para as telas a versão animada do famoso personagem dos quadrinhos adultos criado por Angeli.

A qualidade técnica do longa, filmado em stop motion, é admirável, fruto principalmente dos bonecos de Olyntho Tahara e do diretor de animação Thomate. Merecidamente, o filme ganhou o principal prêmio da Mostra Contrechamp, em Annecy, que é o maior festival de animação do mundo. Os fãs que acompanharam o personagem nos anos 1980 se deleitarão em ver materializado o Bob Cuspe em boneco animado, numa adaptação muito fiel. O trabalho de construção dos personagens inclui até os autores, como o próprio Angeli e Laerte Coutinho, incrivelmente parecidos com suas versões reais.

As pessoas reais aparecem em Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente em várias inserções quase documentais, que exploram uma crise de Angeli durante a criação da história para o filme em si. A metalinguagem surge com inteligência, dialogando com a trama que se situa num futuro distópico, dentro do gênero ficção-cientifica. A aventura traz Bob Cuspe como uma figura mítica, que uma dupla de sobreviventes, os irmãos Kowalski, enxerga como um Messias. Ao final, o criador Angeli se encontrará com seu personagem, elevando o grau da metalinguagem. Assim, essencialmente, o enredo segue mais na linha de um drama existencial, do que de uma forçada jornada épica, como aparenta no início. O que resulta numa solução muito mais honesta do que costumamos ver em adaptações de personagens cômicos para o cinema. Por exemplo, o gato Garfield bancando o herói para salvar o cachorro Odie no filme de 2004.

Referências

Durante o filme, há muitas referências musicais dos anos 1980, com canções de Titãs, Inocentes e As Mercenárias, que remetem ao espírito anárquico de Bob Cuspe. Além disso, o longa diverte os cinéfilos com citações a clássicos como Titanic (1997) e 2001: Uma Odisseia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968). Aliás, a sci-fi de Stanley Kubrick traz imagens alucinógenas da viagem ácida dos personagens que acabam por reduzir perigosamente o ritmo da ação. De fato, o trajeto de Bob Cuspe até Angeli representa um momento em que o roteiro pode perder a atenção do espectador.

Mas, o diretor Cesar Cabral conhece o universo de Angeli, e consegue manter-se fiel ao espírito do chargista. Afinal, não é a primeira vez que ele adapta seus personagens para a tela. Em 2008, realizou o curta-metragem em stop motion Dossiê Rê Bordosa, personagem que também aparece em Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente. Além disso, Cesar Cabral é o diretor geral da série de animação Angeli The Killer, cuja primeira temporada foi exibida em 2017 pelo Canal Brasil.

Assim, o essencial se faz presente em Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente, que é manter as características dos quadrinhos que marcaram uma época em que a cultura foi um dos elementos essenciais para o Brasil sair da ditadura.


Bob Cuspe, Nós Não Gostamos de Gente
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