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Cadê Você, Bernadette? (filme)
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Cadê Você, Bernadette?

Avaliação:
7/10

7/10

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Crítica | Ficha técnica

Em Cadê Você, Bernadette?, o espectador rapidamente fica atraído pela personagem do título, interpretada luminosamente por Cate Blanchett.

Bernadette é uma arquiteta talentosa, que abandonou sua carreira após uma frustração profissional. Agora, ela está casada com Elgie (Billy Crudup), que trabalha na Microsoft em uma posição de sucesso. E o casal possui uma filha adolescente, Bee (Emma Nelson), que vingou depois de quatro tentativas infrutíferas de dar à luz.

Bernadette é um daqueles personagens marcantes do cinema. Excêntrica, extremamente antissocial, não se relaciona bem com ninguém fora da família. Sua secretária pessoal não é uma pessoa, mas um aplicativo, a quem ela dita ordens verbalmente, para se materializar em emails que seu tablet envia. O convívio com pessoas se restringe, basicamente, a sua família, mas o marido se concentra no trabalho e não lhe dá atenção. Sua única companheira, de fato, é a filha, com quem mantém um relacionamento muito próximo.

Luminosidade que se apaga

O comportamento idiossincrático de Bernadette a torna uma personagem interessante. Porém, ela vai gradativamente perdendo aquela luminosidade que encantou o espectador, à medida que suas atitudes se tornam cada vez mais descontroladas. Sua agressividade perante a vizinha Audrey é indireta. Na percepção de Bernadette, tudo parece normal, mas ela agride Audrey ao ignorar o perigo de acelerar seu carro enquanto a vizinha se aproxima, ou por não se opor ao desmatamento em seu terreno, que ela sabe que provocará um desmoronamento que atingirá a propriedade vizinha.

Além do morro, é o mundo isolado de Bernadette que desmoronará. Afinal, ela vive uma ilusão ao acreditar que pode se manter assim independente de todos. E o que provoca a rachadura de seu mundinho privado é justamente a assistente virtual que utiliza. O filme nisso força um pouco a barra para justificar o esquema que ela está envolvida sem perceber. É um arranjo grandioso demais. Mas, de qualquer forma, é o que faz Bernadette encarar a dura realidade de sua situação – ela está mentalmente doente.

Conversa franca

Bernadette precisará encarar seu problema. O filme retrata isso visualmente no plano onde seu marido, uma psiquiatra, a mãe de uma amiga de sua filha e um agente da CIA a aguardam para uma conversa franca. Ela para em frente da porta da sala onde a esperam, enquadrada pelo batente, encurralada. As paredes da sala, com uma marcante decoração florida, realçam esse enquadramento.

Mais para frente, um plano compõe visualmente a ideia oposta. Em um local bem aberto, Bernadette rema em um caiaque sozinha, nos mares gelados da Antártida, refletindo sobre sua vida. Uma pessoa inesperadamente se aproxima em outro caiaque e, já em processo de transformação, Bernadette conversa com ela amigavelmente.

Ela buscará sua cura. Um encontro casual com um velho amigo lhe abre os olhos para a solução de seu problema: canalizar toda a sua energia criativa em um novo projeto. Em Cadê Você, Bernadette?, esse novo projeto é tão grandioso como o golpe da sua assistente virtual. O diretor Richard Linklater desta vez foge da proximidade da realidade de Boyhood: Da Infância à Juventude (2014) para tocar na fantasia. O que se repete como marca sua é o aprofundamento em uma personagem para depois abrir para seus relacionamentos. Vimos isso na trilogia Antes do Amanhecer (1995), Antes do Pôr-do-Sol (2004) e Antes da Meia-Noite (2013).

Tivesse optado por um desfecho mais realista, sem o encontro dela com o marido e a filha, Cadê Você, Bernadette? seria mais contundente. Porém, não é isso que Richard Linklater quis em seu filme, e a canção “Time After Time”, de Cindy Lauper, reforça sua opção em fazer de Cadê Você, Bernadette? uma história mais sentimental.

 

Cadê Você, Bernadette? (filme)
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