Pesquisar
Close this search box.
Café Society (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Café Society

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

Café Society”: Uma comédia muito romântica de Woody Allen

Neste ano, Woody Allen oferece aos seus fiéis seguidores uma comédia romântica, com ênfase na característica “romântica”. Claro que no roteiro se encontram as piadas com judeus, com a crítica ao modo de vida hollywoodiano, o amor a Nova York, o humor negro com a violência dos gangsters, e um gancho à reflexão quanto às decisões que tomamos na vida – afinal o diretor não fugiria ao seu estilo – mas o amor protagoniza “Café Society”.

Nos anos 1930, o jovem nova-iorquino Bobby (Jesse Eisenberg) se muda para Los Angeles, para trabalhar com seu tio, o poderoso agente de talentos Phil Stern (Steve Carell), que designa sua secretária Vonnie/Veronica (Kristen Stewart) para ajudá-lo. Bobby se apaixona por Vonnie, mas ela mantém um caso com seu tio, e precisa então escolher com quem se casar.

Tom romântico

Como se trata de um filme romântico, Woody Allen opta por capturar imagens durante o crepúsculo, na chamada “magic hour”, quando a fotografia expõe tons quentes, alaranjados. Dessa forma, “Café Society” alcança o sentimentalismo do público, sua aproximação ao tema amoroso. Outro efeito que essa tonalidade atinge reflete nos atores, principalmente Jesse Eisenberg e Kristen Stewart, ambos com peles muito claras, beneficiando-os. Aliás, a estrela de “Crepúsculo” (Twilight, 2008), por ironia não intencional a esse título, que estava tão pálida nesse blockbuster, aqui apresenta uma imagem aprimorada. Com isso, Woody Allen consegue trazer a mais bela Kristen Stewart que já vimos nas telas.

Elenco

Sob o aspecto interpretativo, Kristen Stewart consegue demonstrar sua evolução, fazendo jus aos elogios que recebeu por “Acima das Nuvens” (Clouds of Sils Maria, 2014). Note como ela expressa que sua personagem mudou quando se reencontra com Bobby em Nova York pela sua atuação.

Steve Carell também prova novamente que seus talentos vão além da comédia escrachadas, ao produzir humor com Phil Stern sem ser um papel essencialmente cômico, tal qual em “Amor a Toda Prova” (Crazy, Stupid, Love, 2011). Os personagens que ganharam diálogos com piadas mais diretas são o casal Rose e Marty, os pais de Bobby, interpretados por Jeannie Berlin e Ken Scott. É deles que ouvimos uma das típicas sacadas de Woody Allen: “Se o judaísmo acreditasse em vida após a morte, teria mais clientes.”.

Já Blake Lively, a Serena da série “Gossip Girl”, está em ascensão no universo cinematográfico. E, coincidentemente, nesta semana em que completou 29 anos, estreou em dois filmes. No outro, “Águas Rasas” (The Shallows, 2016), aparece como protagonista. Mas na comédia romântica de Allen ela tem poucas oportunidades como a esposa de Bobby, que a escolhe, inconscientemente, por também se chamar Veronica.

Desta vez, não há nenhum personagem que assume o “alter ego” de Woody Allen. Jesse Eisenberg pode ter um ou outro momento em que soe como o cineasta, mas sem pastiche. Isso porque Allen toma para si o papel do narrador e condutor da estória. E o faz sem exagerar na entonação, permitindo assim que a piada venha das cenas e não de sua locução. Ou seja, é diferente de quando assumiu essa posição em filmes em que era também protagonista, como em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (Annie Hall, 1977).

A direção de Woody Allen

Quanto à direção, Woody Allen assume atitude ativa na movimentação de câmera, explorando bem as possibilidades narrativas. Já no início, apresenta o ambiente da estória com uma longa tomada da mansão em Los Angeles onde Phil Stern promove uma festa para receber celebridades e pessoas importantes do cenário. Usa também a justaposição para mostrar que Bobby e Vonnie ainda se amam. Há, porém, pelo menos um momento onde repete superfluamente o recurso de mostrar em imagens uma piada que já tinha funcionado só com o diálogo. É quando o irmão de Bobby que é gangster comenta que já resolveu o problema do seu funcionário que estava roubando, e logo depois o vemos assassinando-o em uma barbearia.

Woody Allen novamente contrapõe New York e Los Angeles. Ao contrário do que colocou em “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, desta vez a estória começa em LA e depois parte para a Big Apple. A crítica social ao padrão de vida hollywoodiano traduz fielmente o pensamento do diretor nova-iorquino. Contudo, desta vez ele é mais generoso com a costa oeste, retratando-a com belíssimas imagens, o que provavelmente resulta do tema romântico escolhido.

Por outro lado, sem fugir da tradição do cineasta, encontramos o toque amargo e, até um pouco pessimista, na afirmação do poder das escolhas que fazemos na vida em determinar nossa felicidade futura. Allen insere um determinismo um pouco absoluto demais. Porém, isso não atrapalha o brilho desse filme, que comprova que o crepúsculo da carreira de Woody Allen é tão belo quanto as imagens que ele capturou para “Café Society”.


Café Society (filme)
Café Society (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo