O CCBB-RJ recebe a mostra “Mulheres Mágicas – Reinvenções da Bruxa no Cinema”, entre 13 de abril e 9 de maio de 2022.
A mostra “Mulheres Mágicas – Reinvenções da Bruxa no Cinema” investiga como a figura da bruxa, entendida em um sentido amplo, foi construída ao longo da história do cinema. Essa personagem tão popular é vista em sua complexidade: nem positiva ou negativa, mas como uma potente via de investigação sobre as representações dos corpos e saberes femininos em imagem.
Os filmes que integram a mostra, patrocinada pelo Banco do Brasil, apresentam a bruxa como aquela que dialoga com outros tempos e mundos, que desafia as normas de sua época, que leva adiante os conhecimentos tradicionais de cura de gerações passadas. Serão exibidas, no cinema do CCBB, 25 produções, de longa e curta-metragem, de vários países e gêneros. Com destaque, estão obras de realizadoras mulheres, como Praise House (1991), curta da aclamada diretora Julie Dash, até obras mais recentes como Eu Não Sou Uma Bruxa (2017), primeiro longa da diretora galesa nascida no Zâmbia Rungano Nyoni, que terá uma sessão comentada por Nathalia Cipriano, no dia 22/04.
“Mulheres Mágicas – Reinvenções da Bruxa no Cinema” teve início no CCBB Brasília (9 a 20 de março), foi apresentada no CCBB São Paulo (11 a 28 março) e chega ao Rio de Janeiro em 13 de abril. O catálogo virtual pode ser baixado no site da mostra e do CCBB.
A abertura da mostra exibe A Árvore de Zimbro (1990), da islandesa Nietzchka Keene, que tem no elenco a cantora Björk, no dia 13/04, às 18h, seguida de uma conversa com a Profª. Roberta Veiga.
Dois filmes ficarão disponíveis gratuitamente no site https://www.mulheresmagicas.com/. São eles: Feiticeiras, Minhas Irmãs (Camille Ducellier, 2010), de 13 a 19 de abril; e A Árvore de Zimbro (Nietzchka Keene, 1990), de 21 a 27 de abril.
No canal do YouTube [ https://www.youtube.com/channel/UCLyLzFaBcGSLHC-p8FAV1rg ] o público pode assistir, a partir de 15/04, às 10h, a gravação do debate “A Bruxa Do Amor: Uma Conversa Com Anna Biller (EUA)”, com a diretora do filme e mediação de Analu Bambirra e legendas em português; e no dia 19/04, às 19h, a mesa de debate “Esses Corpos Insubmissos”, com Noá Bonoba, Lorenna Rocha e Ramayana Lira e tradução para LIBRAS.
A programação conta ainda com duas sessões infantis do clássico O Mágico De Oz (Victor Fleming, 1939) dublado. Será realizada também uma sessão inclusiva com legendagem descritiva, no dia 1º de maio, com quatro curtas-metragens – O Reino das Fadas (16′, George Méliès, 1903), Transformations (9′, Barbara Hirschfeld,1976), Amarração (7′, Hariel Revignet, 2020) e Praise House (28′, Julie Dash, 1991).
Além disso, acontece uma masterclass internacional com a pensadora Silvia Federici, professora emérita da Universidade de Hofstra, em Nova York, autora do livro “Calibã e a Bruxa: Mulheres, Corpo e Acumulação Primitiva”, que serviu de base para a curadoria. A masterclass, com data a ser confirmada, será transmitida pela plataforma Zoom, terá mediação da curadora Carla Italiano e tradução simultânea para português e LIBRAS. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas no formulário: https://forms.gle/uSXFUdMp9VUw64nRA
“Indo além de uma visão ocidental, trazemos a bruxa também da perspectiva das mulheres artistas e cineastas, em diferentes países e contextos, apresentando uma visão ‘decolonial’ que pensa o caráter consubstancial de questões de gênero, raciais e geopolíticas que incidem sobre essas representações.”, comenta Carla Italiano.
O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro funciona de quarta a segunda (fecha às terças), das 9h às 21h. A entrada do público é permitida apenas com apresentação da comprovação de vacinação contra a COVID-19 e uso de máscara. Não é necessária a retirada de ingresso para acessar o prédio. Os ingressos para os eventos podem ser retirados, a partir das 9h do dia de cada sessão, na bilheteria do CCBB ou no site/aplicativo Eventim.
EIXOS DA CURADORIA, por Carla Italiano
Mais do que selecionar quais filmes exibir, um dos principais desafios da programação foi escolher quais deixar de fora. Foram muitas as produções importantes que abordaram a personagem da bruxa, e apresentamos aqui uma amostragem significativa, que não se pretende completa, de suas formas e contextos de realização.
A começar com os contos de fadas: O Reino das Fadas, de George Méliès, e o clássico O Mágico de Oz, responsáveis por sedimentar a oposição – estética, sobretudo – entre bruxas boas e más. O cinema de ficção também demonstrou interesse especial por atualizar os processos de caça às bruxas ao final do período medieval. Desse recorte, exibimos Dias de Ira, de Carl Th. Dreyer, o incrível docudrama do cinema mudo Häxan: feitiçaria através dos tempos e o importante longa tcheco O Martelo das Bruxas.
Outra vertente prolífica está nos gêneros de terror e horror, em particular após os anos 1960, sendo notável o caráter monstruoso do feminino nessas figurações a acompanhar certo desvio moral das personagens. Dentre centenas de títulos, selecionamos obras de mestres do gênero: os italianos Mario Bava e Dario Argento, em A Máscara de Satã e Suspiria, e o longa de subtexto Temporada das Bruxas, de George A. Romero. Encerrando este eixo está a bruxa como símbolo de sedução, na influente comédia romântica Sortilégio do Amor.
O segundo eixo se volta para as mulheres que encarnam o perigo dos tempos, em produções de autoria feminina, em especial das últimas três décadas, que expandem a ideia das mulheres mágicas. A começar com singulares contos de bruxas: o lírico A Árvore de Zimbro, A Bruxa do Amor“, a escancarar os estereótipos misóginos sobre amor e sedução, ou as “eco-bruxas” feministas dos anos 1970 em Transformations. Já Feiticeiras, Minhas Irmãs é fruto de uma investigação de anos sobre magia, em diálogo com Covil das Bruxas, da artista experimental Maya Deren. Registrando a atual perseguição às bruxas em países de África, Eu Não Sou uma Bruxa cria uma potente alegoria entre a tradição e os valores ocidentais, evocando o nigeriano Olá, Rain. Um olhar para sensibilidades afroamericanas está em Amores Divididos e no vídeo Praise House, da importante diretora Julie Dash.
Também exibimos dois contrapontos que não trazem exatamente bruxas ou figurações de magia, mas lutas concretas por direitos e liberdade coletiva que permanece sob ameaça: os documentários Quem tem medo de ideologia? e A Dupla Jornada. Concluindo a curadoria está um conjunto de curtas que elabora imagens insubmissas, a acompanhar essas existências indomáveis: os brasileiros Boca de Loba, Kaapora, Amarração, junto aos estrangeiros Borderhole e La cabeza mató a todos.
PROGRAMAÇÃO CCBB RJ
Quarta, 13.04
18h [Abertura] A árvore de zimbro (78’, Nietzchka Keene, 1990) | 12 anos.
Sessão comentada pela prof. Roberta Veiga
Quinta,, 14.04
18h30 Dias de Ira (98′, Carl Th. Dreyer, 1943) | 12 anos.
Sexta, 15.04
18h A bruxa do amor (120’, Anna Biller, 2016) | 14 anos.
Sábado, 16.04
15h30 [Sessão infantil] O Mágico de Oz (101′, Victor Fleming, 1939) [dublado] | Livre
18h Suspiria (98′, Dario Argento, 1977) [v. inglês] | 16 anos.
Domingo, 17.04
15h30 Häxan – a feitiçaria através dos tempos (105′, Benjamin Christensen, 1922) | 12 anos.
18h The Witch’s Cradle (12′, Maya Deren, 1943); Olá, Rain (30′, C.J. Obasi, 2014);
Feiticeiras, minhas irmãs (31′, Camille Ducellier, 2010) | 16 anos.
Segunda, 18.04
18h30 A máscara de Satã (87′, Mario Bava, 1960) | 14 anos.
Quarta, 20.04
19h Kaapora – o chamado das matas (20′, Olinda Muniz Wanderley Yawar, 2020)
A dupla jornada (53’, Helena Solberg, 1975) | 12 anos
Quinta, 21.04
16h O reino das fadas (16′, George Méliès, 1903); Transformations (9′, Barbara Hirschfeld,1976); Amarração (7′, Hariel Revignet, 2020); Praise House (28′, Julie Dash, 1991) | 14 anos.
18h Sortilégio do amor (106′, Richard Quine, 1958) | 12 anos.
Sexta, 22.04
18h Eu não sou uma bruxa (93′, Rungano Nyoni, 2017) | 12 anos
Sessão comentada por Nathalia Cipriano
Sábado 23.04
15h20 Amores divididos (110′, Kasi Lemmons, 1997) | 14 anos.
18h O martelo das bruxas (102′, Otakar Vávra, 1969) | 14 anos.
Domingo, 24.04
15h O mágico de Oz (101′, Victor Fleming, 1939) [legendado] | Livre
17h30 Quem tem medo de ideologia? Parte 2 (38′, Marwa Arsanios, 2020); Borderhole (14′, Nadia Granados e Amber Bemak, 2017); La cabeza mató a todos (8′, Beatriz Santiago Muñoz, 2014) ; Boca de loba (19′, Bárbara Cabeças, 2018). 16 anos
Segunda, 25.04
Não há sessão
Quarta, 27.04
18h30 Temporada das bruxas (104′, George A. Romero, 1972) | 14 anos.
Quinta, 28.04
18h40 The Witch’s Cradle (12′, Maya Deren, 1943); Olá, Rain (30′, C.J. Obasi, 2014); Feiticeiras, minhas irmãs (31′, Camille Ducellier, 2010). 16 anos.
Sexta, 29.04
18h30 Häxan – a feitiçaria através dos tempos (105′, Benjamin Christensen, 1922) | 12 anos.
Sábado, 30.04
15h30 A máscara de Satã (87′, Mario Bava, 1960) | 14 anos.
17h30 A bruxa do amor (120’, Anna Biller, 2016) | 14 anos.
Domingo. 1.05
15h30 O reino das fadas (16′, George Méliès, 1903); Transformations (9′, Barbara Hirschfeld,1976); Amarração (7′, Hariel Revignet, 2020); Praise House (28′, Julie Dash, 1991). 14 anos [Acessibilidade: legendas descritivas]
17h30 Sortilégio do amor (106′, Richard Quine, 1958) | 12 anos.
Segunda 2.05
18h30 Suspiria (98′, Dario Argento, 1977) [v. italiano] | 16 anos.
Quarta, 4.05
18h40 Quem tem medo de ideologia? Parte 2 (38′, Marwa Arsanios, 2020) ; Borderhole (14′, Nadia Granados e Amber Bemak, 2017); La cabeza mató a todos (8′, Beatriz Santiago Muñoz, 2014); Boca de loba(19′, Bárbara Cabeças, 2018). 16 anos.
Quinta 5.05
18h30 O martelo das bruxas (102′, Otakar Vávra, 1969) | 14 anos.
Sexta 6.05
18h10 Amores divididos (110′, Kasi Lemmons, 1997) | 14 anos.
Sábado 7.05
15h Dias de Ira (98′, Carl Th. Dreyer, 1943) | 12 anos
17h50 A árvore de zimbro (78’, Nietzchka Keene, 1990) | 12 anos
Domingo 8.05
14h30 [Sessão infantil] O Mágico de Oz (101′, Victor Fleming, 1939) [dublado] | Livre
17h Kaapora – o chamado das matas (20′, Olinda Muniz Wanderley Yawar, 2020) | 12 anos + A dupla jornada (53’, Helena Solberg, 1975) | 12 anos
Segunda 9.05
18h30 Temporada das bruxas (104′, George A. Romero, 1972) | 14 anos.
EXIBIÇÕES ONLINE GRATUITAS
Site: www.mulheresmagicas.com
– 13 a 19 de abril – Feiticeiras, minhas irmãs (31′, Camille Ducellier, 2010) | 16 anos
– 21 a 27 de abril – A árvore de zimbro (78’, Nietzchka Keene, 1990) | 12 anos
ATIVIDADES FORMATIVAS GRATUITAS – ONLINE
Plataforma Zoom
– 9 de abril (sábado) – 16h
Masterclass internacional com Silvia Federici (EUA)
Mediação: Carla Italiano. Tradução simultânea para português e LIBRAS.
*Inscrições prévias gratuitas através do formulário:
https://forms.gle/uSXFUdMp9VUw64nRA
Canal Youtube da mostra
– Disponível a partir de 15 de abril (sexta) – 10h
Debate A bruxa do amor: uma conversa com Anna Biller (EUA)
Mediação: Analu Bambirra. Legendas em português.
– 19 de abril (terça) – 19h
Mesa Esses corpos insubmissos, com Noá Bonoba, Lorenna Rocha e Ramayana Lira. Tradução para LIBRAS.
Foto: “Suspiria”/Copyright 1Films