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Chove Sobre Nosso Amor (filme)
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Chove Sobre Nosso Amor

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

“Chove Sobre Nosso Amor” é o segundo filme da carreira de Ingmar Bergman. Ainda apresenta características do teatro, meio de onde Bergman veio, sendo baseado em peça de Oskar Braaten, mas já com singularidades que marcariam a sua filmografia, como as personagens dos mascates malandros, figuras fantasiosas que encontrariam semelhantes em filmes vindouros. Talvez o mais emblemático desse universo teatral e bergmaniano seja o narrador, que não se restringe à mera voz em off, para surgir na tela olhando diretamente para a câmera, como o apresentador de um teatro, mas que depois surpreende ao assumir um papel essencial na trama.

Tema

O tema se afasta da produção pudica dos EUA, à época submisso às normas morais do Código Hays. Maggi (Barbro Kollberg) é uma jovem que foge de casa e compra um bilhete para qualquer lugar que seu pouco dinheiro a permita ir. Porém, ela perde o trem e conhece o ex-presidiário David (Birger Malmsten) na estação. Sem terem onde ficar, dividem um quarto de hotel para passarem a noite e acabam fazendo sexo. A intenção do rapaz é boa, tanto que, no dia seguinte, depois de invadirem uma casa pequena no campo, acabam ajustando com o proprietário de aluga-la. David arruma emprego em uma loja de plantas, e, assim, consegue propor casamento a Maggi. A moça, notem a ousadia da estória, titubeia porque está grávida de outro homem, mas David a aceita assim mesmo. O desfecho poderia ser feliz dessa forma, não fosse pelas pessoas ao redor.

O locador da casa de David e Maggi é, na verdade, um vigarista que quer explorar os jovens, de tal forma que um oficial de justiça aparece para revelar que o imóvel foi desapropriado pelo governo. Os patrões de David desconfiam o tempo todo dele, e os supostos amigos mascates vivem, na verdade, de pequenos furtos. Como alguns objetos roubados são dados de presente para David e Maggi, eles são acusados e vão a julgamento no tribunal. A única chance do casal é um advogado de defesa que surge do nada para trabalhar no caso.

Neorrealismo

Boa parte do filme o aproxima ao movimento neorrealista italiano, ao expor na tela a dura realidade das pessoas de baixa renda. O casal sofre muito, vive o drama da luta pela sobrevivência, e a acusação que os leva ao tribunal representa um forte baque para eles.

O filme, no seu terço final, parece ter sido dirigido por Frank Capra. O casal encontra fé no seu futuro depois de descer para o nível mais baixo. Soa até que ambos sofrem de Síndrome de Pollyana porque, mesmo diante de tanta coisa ruim que lhes acontece, eles terminam o filme repletos de otimismo. É o que desagrada nesse filme, essa necessidade do final feliz, talvez imposto pelo estúdio, e que não se encaixa com a crítica social exposta até então.


Ficha técnica:

Chove Sobre Nosso Amor (Det regnar på vår kärlek, 1946) Suécia, 95 min. Dir: Ingmar Bergman. Rot: Herbert Grevenius e Ingmar Bergman. Elenco: Barbro Kollberg, Birger Malmsten, Gösta Cederlund, Ludde Gentzel, Douglas Håge, Benkt-Åke Benktsson, Sture Ericson, Ulf Johansson, Julia Caesar, Gunnar Bjornstrand.

Leia também: Crítica de Fanny e Alexander

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