De 18 a 28 de maio de 2023, a Cinemateca Brasileira apresenta a Mostra Cinema Novo Britânico, dentro da 26ª edição do Cultura Inglesa Festival. A programação é gratuita e traça um panorama do chamado “Cinema Novo Britânico” (British New Wave) por meio de 14 filmes.
O Cinema Novo Britânico
Os Cinemas Novos das décadas de 1950 e 1960 até hoje fazem espectadores se levantarem de seus sofás para encherem as salas de cinema. Esse fenômeno cinematográfico internacional deu proeminência a autores como Godard e Truffaut na França, Wim Wenders, Herzog e Fassbinder na Alemanha, Milos Forman, Věra Chytilová e Frantisek Vlácil na Tchecoslováquia, e Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Joaquim Pedro de Andrade no Brasil. Porém, pouca atenção é dada ao Cinema Novo Britânico.
Lindsay Anderson, um dos pioneiros do movimento, há muito reclamava que o cinema havia adquirido uma estrutura esnobe, anti-intelectual e emocionalmente inibida. Querendo revolucionar essa estrutura, cineastas como Tony Richardson, John Schlesinger e Ken Loach apostaram em temáticas sociais (as dificuldades da classe trabalhadora do Norte da Inglaterra), no estilo observacional do cinema direto, e, principalmente, no personagem do Jovem Homem Revoltado (Angry Young Man). A Mostra Cinema Novo Britânico, que a Cinemateca Brasileira realiza , traz um panorama dessa mistura de neorrealismo, linguagem experimental e anti-heróis. A programação é gratuita e os ingressos são distribuídos na bilheteria uma hora antes de cada sessão.
Os filmes
Os filmes da Mostra Cinema Novo Britânico são:
- Almas em Leilão
- O Mundo Fabuloso de Billy Liar
- Se…
- A Mulher Que Pecou
- Um Gosto de Mel
- A Solidão de uma Corrida Sem Fim
- Odeio Essa Mulher
- O Criado
- Como Conquistar as Mulheres
- Tudo Começou Num Sábado
- Up the Junction
- Cathy Come Home
- Kes
O Pranto de um Ídolo
Confira a programação completa aqui.
Além disso, a mostra promove um curso ministrado pela Profª. Drª. da Universidade de São Paulo, Cecília Mello Antakly. Saiba mais abaixo.
Sobre o curso: “O Cinema Novo Britânico: antecessores, características, reverberações”
As aulas são gratuitas e presenciais aos sábados e domingos das 16h às 18h. As inscrições devem ser feitas pelo site da Cinemateca Brasileira. Será emitido certificado para aqueles que comparecerem em ao menos três aulas.
Ementa
O curso propõe uma reflexão sobre o chamado “Cinema Novo Britânico” (British New Wave) do ponto de vista de sua contribuição para o realismo cinematográfico no período do pós Segunda Guerra Mundial. Propõe-se quatro aulas que discutirão as razões históricas, culturais e artísticas que prepararam o aparecimento dessa nova onda na cinematografia britânica no final dos anos 1950; o chamado “Free Cinema”, movimento documentarista que antecedeu as transformações no cinema de ficção nos anos 1950; as características narrativas e estéticas do “Cinema Novo Britânico”, também conhecido como “Kitchen-sink Dramas”; e as reverberações desse movimento cinematográfico, primeiramente na televisão nos anos 1960, com ênfase na carreira de Ken Loach, e finalmente na música rock/pop dos anos 1960 até os dias de hoje.
Estrutura
- Aula 1 (20/05, 16h às 18h): O Free Cinema dos anos 1950
- Aula 2 (21/05, 15h às 17h): O Cinema Novo Britânico dos anos 1950 e 1960
- Aula 3 (27/05, 15h às 17h): Reverberações do Cinema Novo Britânico na televisão: Ken Loach
- Aula 4 (28/05, 15h às 17h): Reverberações do Cinema Novo Britânico na música: dos Beatles ao Arctic Monkeys
Sobre a professora
Cecília Mello é Professora Livre-Docente no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da USP. É Mestre em Cinema e Televisão pela Universidade de Bristol (1998) e Doutora em Cinema pela Universidade de Londres (2006), com tese sobre o Cinema Novo Britânico. É autora de, entre outros, “The Cinema of Jia Zhangke: Realism and Memory in Chinese Film” (Londres: Bloomsbury 2019).
Bibliografia enxuta
BAZIN, André (2014), O que é o cinema?, São Paulo: Cosac & Naify.
HILL, John (1986), Sex, Class and Realism: British Cinema 1956-1963. London: British Film Institute.
HILL, John (2000), ‘From the New Wave to “Brit-grit”: Continuity and Difference in Workingclass Realism’, in Ashby, Justine and Higson, Andrew (eds), British Cinema, Past and Present. London and New York: Routledge.
LAY, Samantha (2002), British Social Realism: From Documentary to Brit Grit. London: Wallflower Press.
MELLO, Cecília (2008), “Free Cinema: O Elogio do Homem Comum”, in Significação – Revista de Cultura Audiovisual, v. 35, n. 29, out, p. 59-79.
MELLO, Cecília (2010), “I Don’t Owe You Anything: The Smiths and Kitchen-sink Cinema”. In: CAMPBELL, S.; COULTER, C. (orgs). Why Pamper Life’s Complexities?: Essays on The Smiths. Manchester: Manchester University Press, p. 135-155.
MELLO, Cecília (2009), “‘Up the Junction: Ken Loach and TV Realism’. In: Nagib, Lúcia and Mello, Cecília (eds), Realism and the Audiovisual Media. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 2009.
Fonte:
https://www.cinemateca.org.br/series/mostra-cinema-novo-britanico/
https://www.cinemateca.org.br/series/curso-o-cinema-novo-britanico-antecessores-caracteristicas-reverberacoes/