Cisne Negro apavora. O filme é um terror psicológico sobre a luta interna contra o “eu” que nos sufoca, reprime e nos sabota.
Nina, a personagem de Natalie Portman, consegue o papel principal do balé “O Lago dos Cisnes”, mas o seu produtor (Vincent Cassel) a escolheu com reticências. Apesar de reconhecer que ela consegue interpretar perfeitamente o cisne branco, ele ainda não está convencido quanto à sua atuação como o cisne negro.
Cisne branco x cisne negro
Por um lado, o cisne branco representa a pureza, a ingenuidade, a ternura, o amor e a delicadeza, porém, também a fraqueza, a covardia, a assexualidade, o medo. Por outro, o cisne negro é a irmã gêmea do cisne branco, de quem rouba seu amado. Ele é corajoso, audaz, espontâneo, sexy, sedutor, mas, louco, inconsequente, amoral, autodestrutivo.
Nina foi educada pela mãe repressora (Barbara Hershey) a ser o cisne branco na vida. Mas, como em todas as pessoas, ela também tem o cisne negro dentro de si. A dualidade do papel principal faz explodir essa luta interna e sua mente entra em turbilhão, trazendo ao filme imagens chocantes e aterrorizantes que demonstram perfeitamente essa intensa e tão difícil disputa.
Como resultado, os extremos se chocam e não conseguem o desejado equilíbrio que lhe poderia trazer a paz interna.
O diretor americano Darren Aronofsky tem no currículo o destaque de ter dirigido Mickey Rourke em O Lutador. Após esse elogiado trabalho, consegue surpreender com esse enigmático filme. Por isso, concorre ao Oscar de filme, direção e atriz (Natalie Portman) com um filme tão difícil de se digerir.
Ficha técnica:
Cisne Negro (Black Swan, 2010) 108 min. Direção: Darren Aronofsky. Roteiro: Mark Heyman, Andres Heinz, John C. McLaughlin. Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Vincent Cassel, Barbara Hershey, Winona Ryder, Benjamin Millepied, Ksenia Solo, Kristina Anapau, Janet Montgomery, Deborah Offner.
Assista: Darren Aronofsky e Natalie Portman falam sobre “Cisne Negro”.