Pesquisar
Close this search box.
Clube dos Cinco (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Clube dos Cinco

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

“Clube dos Cinco” marcou a juventude dos anos 80

“Clube dos Cinco” representa um microcosmo dos adolescentes dos anos 80. Ou seja, uma geração posterior à loucura dos anos 70 e à rebeldia dos anos 60. Eles se dividiam em diferentes tribos que procuravam representar comportamentos aparentemente opostos, mas que compartilhavam internamente uma grande indecisão sobre qual postura adotar.

O filme começa apresentando os cinco colegiais que devem cumprir um castigo imposto pela escola: passar um sábado inteiro confinados juntos em uma sala. Os jovens, que não se conhecem, chegam ao Shermer High School, em Illinois, com estereótipos nomeados pelo narrador Brian (Anthony Michael Hall). Ele é o “cérebro”, o “CDF”. Andrew (Emilio Estevez), o “atleta”. A “doida” é Allison (Ally Sheedy). Claire (Molly Ringwald) é a “princesa” e, finalmente, Bender (Judd Nelson) é o “criminoso”. Todos chegam separados, alguns trazidos de carro por um dos pais e outros sozinhos, para se sentarem em mesas enfileiradas no espaço onde existe a biblioteca. Um professor durão, Richard Vernon (Paul Gleason), está de plantão para fiscalizá-los. Enquanto isso, o hit da época, “Don’t You (Forget About Me)” do Simple Minds, embala esse início, e volta na cena final ganhando um significado especial.

Nas carteiras da biblioteca, Claire e Andrew sentam-se em dupla na primeira fileira. Com isso, alimentam a ideia do modelo do casal bonitinho formado pela menina riquinha e o rapaz atlético. Os demais sentam-se sós, e Bender ocupa o lugar inicialmente escolhido por Brian. Por fim, lá no fundo, isola-se Allison, que nos trinta minutos iniciais do filme não fala uma só palavra.

Desenvolvimento

O que desperta algo em comum entre figuras aparentemente tão diferentes é o enfrentamento da autoridade. Esta é representada por Vernon, que não consegue impor respeito com seu autoritarismo burocrático e repleto de preconceitos. Então, cabe a Bender incitar o primeiro ato rebelde, convencendo todos a saírem da biblioteca para passear pelos corredores da escola. A sequência quebra o drama quase teatral do filme. Afinal, coloca música ao fundo e os personagens correm se escondendo do professor como as perseguições dos pastelões de filmes mudos. Para a trama, o momento é importante por apresentar outra face de Bender, que se sacrifica para que os demais da turma não sejam pegos.

Mais para frente, o filme quebra outro preconceito. Quando Bender sai de cena para fumar um baseado, quem primeiro o segue é Claire, depois Brian também vai e, finalmente, Andrew se encaminha para lá. Contrariando as ideias preconcebidas sobre os personagens, todos sucumbem à droga, exceto aquela considerada a mais maluca.

Então, a quebra dos bloqueios que eles se impõem para manter a aparência que desejam mostrar aos outros permite uma roda de desabafo extremo. Nesse momento, o diretor e roteirista John Hughes mostra todo o seu talento ao escrever os diálogos dramáticos que funcionam graças a uma interpretação conjunta dos atores capaz de sensibilizar qualquer um. Definitivamente, é o trecho mais forte de “Clube dos Cinco”. A cena abriu as portas para a geração de jovens atores talentosos chamados de “The Brat Pack”. Em outras palavras, “a turma dos pirralhos”, um trocadilho com “The Rat Pack”, a turma dos atores com pinta de malandro liderada por Frank Sinatra.

John Hughes

Hughes, por sinal, era muito melhor roteirista do que diretor, tanto que conta com 47 créditos como escritor e somente 8 dirigindo. Assumia um estilo clássico de filmar, tendo ousado com mais evidência somente em “Curtindo a Vida Adoidado” (Harry Bueller’s Day Off, 1986), de longe seu melhor filme. Um pouco do que está nessa sua obra prima aparece em “Clube dos Cinco”, quando cola várias cenas dos personagens dançando, já perto do final.

A imagem congelada que encerra o filme, com Bender erguendo seu punho direito, evoca um sentimento de libertação, conquistado após uma experiência marcante. Daí, a letra da música “Don’t you (Forget About Me)”. Dessa forma, fecha o clima já saudoso e melancólico da despedida dos jovens, depois de passarem o dia todos juntos. O céu crepuscular do momento do adeus insere um tom poético à história, que conquistou a identificação de jovens com idade próxima à dos protagonistas. Em entrevista, John Hughes admite que optou por um final otimista, contrapondo aos filmes dos anos 70, que terminavam de forma muito devastadora, citando “Taxi Driver” (Taxi Driver, 1976).


Clube dos Cinco (filme)
Clube dos Cinco (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo