Pesquisar
Close this search box.
Contratempos (filme)
[seo_header]
[seo_footer]

Contratempos

Avaliação:
8/10

8/10

clique no botão abaixo para ouvir o texto

Crítica | Ficha técnica

O filme francês Contratempos (À Plein Temps) é um drama, mas um drama repleto de tensão. Embarcamos junto com a protagonista Julie Roy (Laure Calamy) em sua frenética jornada diária, agravada por uma greve massiva do transporte público. Morando num vilarejo distante de Paris, divorciada, ela acorda de madrugada para deixar seus dois filhos com a vizinha que cuida deles enquanto Julie trabalha como camareira em Paris. Mas a greve torna sua rotina ainda mais complicada, justamente quando ela tem entrevistas para um emprego melhor.

E se nos colocamos no lugar da personagem principal é porque o diretor e roteirista Eric Gravel realiza um excelente trabalho neste seu segundo longa; ele estreou com a comédia dramática Crash Test Aglaé (2017). Os primeiros dez minutos são de tirar o fôlego, pois acompanha o perrengue de Julie até chegar, depois de várias baldeações, ao seu trabalho. Gravel faz uso de planos bem curtos, vários cortes, câmera na mão e outros recursos que aproximam Contratempos de um filme de ação. O ritmo e o tema lembram, também, Depois de Horas (After Hours, 1985), de Martin Scorsese.    

A atuação de Laure Calamy é envolvente. Conhecida por seus papeis cômicos; na série Dix Pour Cent e no filme Minhas Férias com Patrick (Antoinette dans les Cévennes, 2020), por exemplo; a atriz absorve o espectador para dentro da angústia de sua personagem. Aliás, uma personagem muito bem construída, uma mãe que ama os filhos, mas que não pode passar muito tempo com eles porque precisa aceitar trabalhar na capital. E, para piorar, num emprego abaixo de sua qualificação, pois precisa pagar as contas. Não há solução fácil; a alternativa de trabalhar mais perto, no supermercado do vilarejo, é apenas uma ilusão. E, conforme avança a narrativa, a sua situação se torna cada vez mais insustentável.

Spoilers adiante

O filme consegue transmitir o que sente a protagonista em seu momento mais desesperador. Incapaz de dar o que gostaria de dar aos filhos, sem emprego nem esperança de passar na seleção do novo trabalho, ela considera, por um instante, se suicidar pulando na frente de um trem. Nada é dito, mas vemos a expressão aflita no rosto de Julie, e o som do trem se assemelha a uma música de suspense. O corte abrupto deixa o espectador sem saber, por alguns segundos, qual o desfecho dessa cena tensa.

Por outro lado, a música providencia o alívio na conclusão. Poucas vezes no cinema o final feliz é tão reconfortante como aqui. O choro de alívio da personagem contamina o espectador, enquanto a música de carrossel no parque de diversões embala um inesperado happy end de conto de fadas. E Julie merece isso mais do que qualquer princesa.


Contratempos (filme)
Contratempos (filme)
Compartilhe esse texto:

Críticas novas:

Rolar para o topo