Coração de Campeão (Heart of Champions) é mais um típico filme sobre esportes, daqueles com um treinador que vira o jogo e transforma perdedores em vencedores.
O seu diretor Michael Mailer estreou nessa função com Um Novo Olhar (Blind, 2016), drama protagonizado por Alec Baldwin e Demi Moore. Embora Coração de Campeão seja apenas o segundo filme que ele dirige, Mailer já é um veterano na indústria cinematográfica, com vasta lista de créditos como produtor dentro do cinema independente, desde 1989. O resultado dessa experiência toda está nas telas, pois este seu novo filme possui direção segura, dentro do clássico hollywoodiano. Ou seja, sem arriscar e mantendo a câmera e os cortes invisíveis, para que o espectador se concentre na história e não em como o diretor filma.
O longa conta com um ator bem rodado, Michael Shannon, duas vezes indicado ao Oscar, no papel do treinador Murphy. Ao redor dele, vários atores jovens, muitos deles conhecidos por atuações em séries. Murphy é o novo treinador que assume a equipe quatro meses após um fracasso retumbante na última competição entre as universidades.
Se há algo que distingue este de outros filmes de esporte é a sua modalidade, o remo. De pronto, lembro-me apenas de outro longa sobre esse esporte, o Uma Aventura em Oxford (Oxford Blues, 1984), estrelado por Rob Lowe e Ally Sheedy. Assim, está aqui mais uma oportunidade de conhecer um pouco mais sobre remo.
A equipe
O filme aborda o remo em equipe, composta por nove integrantes, uma quantidade grande demais para serem todos protagonistas. Por isso, o roteiro se concentra em apenas três deles. O recém-chegado Chris (Charles Melton) só aceita estar no time porque precisa da bolsa. Por causa de um acidente que matou seus pais, ele preferia não competir mais. Alex (Alexander Ludwig) é o atual líder, logo questionado pelo novo treinador com uma das várias frases de efeito do filme: “O líder é medido pelos corações que o seguem.” Por fim, tem o John (Alex MacNicoll), o mais dedicado de todos, que assume a posição de Alex com a entrada do novo coach.
Para não se concentrar apenas nos treinos, o roteiro diversifica com relacionamentos amorosos dos jovens. Por exemplo, John está com a ex-namorada de Alex, o que só aumenta a rivalidade com o ex-líder da equipe. E Chris se envolve com Nish (Ash Santos), apesar de guardar um trauma por causa de sua ex-namorada. Além disso, há traumas também do treinador, por conta de amigos que estudaram com ele nessa universidade e que morreram na guerra. Ainda em relação a problemas, tem o pai exigente de Alex que faz do filho um arrogante egoísta (personagem que passa pela esperada transformação durante o filme). E, também o problema com bebidas de John, o que serve como gatilho para uma tragédia, um ponto não muito convincente da trama.
A história se passa em 1999, embora isso não faça diferença para o enredo. Aliás, isso nem está bem ilustrado nos cenários e nas roupas que vemos na tela.
Indicado para gestores de RH
Na verdade, a trama de Coração de Campeão não surpreende, é bem previsível. Mas, ilustra didaticamente a importância do trabalho em equipe, inclusive com exercícios práticos que provam esse ponto. E começa com a definição de um objetivo claro, uma típica meta SMART. Ou seja, S (Específica), M (Mensurável), A (Atingível), R (Relevante) e T (Temporal), definida como: vencer a equipe de Harvard na próxima competição. Enfim, um filme indicado para gestores de RH, mentores, coaches e treinadores, mas uma diversão apenas razoável.
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Sinopse oficial:
Em uma universidade de prestígio, a vida de uma equipe de remo derrotada muda para sempre quando um veterano do exército assume o cargo de treinador no último ano de estudos.
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Ficha técnica:
Coração de Campeão | Heart of Champions | 2021 | EUA | 119 min | Direção: Michael Mailer | Roteiro: Vojin Gjaja | Elenco: Michael Shannon, Alexander Ludwig, Charles Melton, Alex MacNicoll, Michael Tacconi, David Cade, Ash Santos, Lily Krug.
Distribuição: Califórnia Filmes.