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Coração Errante (filme)
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Coração Errante

Avaliação:
8/10

8/10

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Crítica | Ficha técnica

O coração errante do título pertence a Santiago, que tenta esquecer suas dores com um comportamento frenético. Porém, esse efeito alienante dura pouco, e logo a realidade volta para lhe atormentar. A primeira sequência do filme retrata isso com força, quando ele vai a uma festinha de um amigo e não consegue aproveitá-la. As alternâncias entre empolgação e angústia dessa noite se repetem durante todo o longa-metragem. Nesse sentido, as diversões fúteis movidas a bebidas, drogas e sexo de Santiago com estranhos antecedem suas crises profundas.

Por causa desse comportamento errático, Santiago já perdeu seu ex-companheiro e, agora, corre o risco de arruinar o relacionamento com Laila, sua filha jovem adulta. Com ela, ainda consegue alguns momentos de calmaria, mas, que não duram muito. Curiosamente, o filme mostra que ele mantém uma cumplicidade com a mãe de Laila, porém, ela tem seus próprios demônios para enfrentar, pois sua depressão provoca períodos em que ela perde o rumo.

Crítica social profunda

A crítica social presente em Coração Errante remete aos melodramas de Douglas Sirk e Vincente Minnelli. O roteiro do próprio diretor Leonardo Brzezicki revela a homofobia sem ser uma bandeira que se sobrepõe à trama. Assim, não está no episódio em uma boate no Brasil, quando Santiago reage aos comentários preconceituosos de alguns frequentadores. Mas, essencialmente, dentro de seus sentimentos íntimos.

Afinal, a dor do protagonista se origina no passado, pelo tratamento que recebeu do pai quando este descobriu que ele era gay. E essa revelação surge em vários momentos do filme, especialmente nas conversas se Santiago com a sua mãe. Porém, fica mais clara na parte final, quando o amigo, o mesmo da festinha do começo da trama, lhe revela mágoa similar. Por isso, a cena do desfecho mostra Santiago sorrindo simpaticamente para uma criança. Assim, a gentileza desse ato revela o quando ele preza os impactos da infância na vida adulta.

Em seu segundo longa-metragem, o diretor e roteirista argentino Leonardo Brzezicki conta com uma atuação poderosa de Leonardo Sabaraglia. O famoso ator se despe literalmente e entra de corpo e alma no amargo personagem Santiago. Como resultado, Coração Errante se torna um melodrama pesado, que extrai das profundezas as dores de uma geração que ainda não vivencia de fato o fim da intolerância.  


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