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Criaturas do Senhor (poster)
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Criaturas do Senhor

Avaliação:
7.5/10

7.5/10

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Crítica | Ficha técnica

O cinema novamente visita a Irlanda em em 2022. Mas em Criaturas do Senhor (God’s Creatures) seus costumes locais não contagiam com peculiaridades como em Os Banshees de Inisherin (The Banshees of Inisherin, 2022). Pelo contrário, o filme da estreante Saela Davis e Anna Rose Holmer (que fez antes The Fits [2015]) questiona os costumes e denuncia uma sociedade machista que, no caso, insiste em ignorar o abuso sexual.

A direção de fotografia no filme privilegia o escuro, mesmo em sua primeira parte, quando acontece a apresentação dos personagens, num tom ainda ameno. Parece ser uma ocasião feliz, pois Brian O’Hara (Paul Mescal) retorna para casa após passar anos na Austrália. Mais que sua irmã Erin (Toni O’Rourke) e seu pai Con (Declan Conton), é principalmente a sua mãe Aileen (Emily Watson) que fica mais contente com a volta de Brian. Assim, logo ele retoma a vida local, ou seja, começa a trabalhar na criação de ostras da família e a frequentar o bar local.

Mau agouro

A transição de tom do filme se inicia após o marco simbólico do corvo que surge em primeiro plano na tela. Sinal de mal agouro. Encontram uma ostra com fungo, o que significa que a colheita deve ficar suspensa durante certo tempo. Na narrativa, isso não importa muito. O que lança nuvens escuras sobre a família O’Hara é a denúncia que a jovem Sarah Murphy (Aisling Franciosi) leva à polícia de estupro. O suspeito do crime é Brian, porém a sua mãe não aceita essa hipótese e tenta acobertá-lo com um falso álibi. Similar pensamento demonstra a comunidade em si, tanto que Brian é absolvido no julgamento.

Porém, a ficha cai para Aileen quando Sarah entra no bar e o dono se recusa a servi-la. Os demais frequentadores, da mesma forma, tiram sarro da moça. Diante disso, Aileen percebe o quanto essa comunidade machista menospreza as mulheres. Daí para frente, sua atitude muda. Mais do que mãe, ela é uma mulher e, portanto, precisa apoiar suas companheiras de gênero. A história traz, então, uma solução demasiadamente drástica, o que tira um pouco do seu realismo. Mas que possui um simbolismo acachapante.

A direção da dupla de diretoras

Criaturas do Senhor possui uma direção consistente da dupla de cineastas ainda frescas na função. Saela Davis e Anna Rose Holmer acertam ao não cair no modismo da câmera trêmula, mesmo sendo esta uma produção da A24, estúdio que tem lançado vários filmes com esse cacoete apelativo. O estilo da dupla é primordialmente clássico, com o requinte de enquadramentos bem pensados e um ou outro momento mais inspirado.

Entre eles, o isolamento da voz de Sarah enquanto canta junto com a comunidade. Tal recurso visa demonstrar o impacto da jovem em Aileen, que nesse momento começa a se culpar pela sua negligência. Outro destaque é a cena final, quando o vento e o sol no rosto da personagem simbolizam a libertação daquele lugar onde o machismo prevalece. Não há outra solução, pois a comunidade preza tanto a tradição que, por conta dela, os pescadores não aprendem a nadar. Mas, o filme alerta que, a exemplo do que acontece com Brian, quem se recusa a quebrar esses costumes se sujeita às suas consequências.

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Ficha técnica:

Criaturas do Senhor | God’s Creatures | 2022 | 100 min | Estados Unidos, Irlanda e Reino Unido | Direção: Anna Rose Holmer, Saela Davis | Roteiro: Shane Crowley | Elenco: Emily Watson, Paul Mescal, Aisling Franciosi, Toni O’Rourke, Declan Conlon, Marion O’Dwyer, Toni O’Rourke, Brendan McCormack, Isabelle Connolly.

Distribuição: Califórnia Filmes.

Criaturas do Senhor estreia nos cinemas no dia 13 de abril de 2023.

Trailer:
Criaturas do Senhor
Onde assistir:
Criaturas do Senhor (filme)
Criaturas do Senhor (filme)
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