Poster do filme "Cujo" (divulgação)
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Cujo

Avaliação:
6,5/10

6,5/10

Crítica | Ficha técnica

Cujo leva para as telas o livro de Stephen King lançado em 1981. Desta vez, o terror não tem origem sobrenatural. Como demonstra o trecho durante os créditos iniciais, um enorme cão São Bernardo é mordido por um morcego infectado. Ao longo do filme, acontece a sua transformação, de um dócil cachorro de estimação para um raivoso animal que ataca a todos.

A direção coube a Lewis Teague, que já realizara outro filme sobre um animal assassino: Alligator – O Jacaré Gigante (1980). E que depois dirigiria outra adaptação de Stephen King, Olhos de Gato (Cat’s Eye, 1985), este com roteiro do próprio King. Mas, o longa mais famoso de Teague seria o seu seguinte, A Joia do Nilo (The Jewel of the Nile, 1985), aventura à Indiana Jones estrelado por Michael Douglas e Kathleen Turner.

Em Cujo, Lewis Teague cumpre o seu dever, criando suspense e terror nas cenas de ação que filma alternando o ponto de vista objetivo com a perspectiva subjetiva do cão e da vítima. O uso dos closes também intensifica a reação dramática de quem sofre o ataque e o tom ameaçador do predador. Mas o trecho mais ousado traz um plano com vários giros de 360º, cada vez mais rápidos, para retratar o mais dramático momento da personagem principal. Por outro lado, quando emprega a câmera lenta no ato de quebrar o vidro do carro, erra ao entregar o que está por acontecer.

Merecem elogios a caracterização do cachorro chamado Cujo, que se torna gradativamente mais nojento (com uso de muita baba, substâncias viscosas, sangue e lama). Dessa forma, consegue convincentemente transformar o simpático São Bernardo numa figura monstruosa. Na outra ponta, o menino que sofre o ataque também emociona ao se tornar cada vez mais fragilizado.

Construção gradual

O roteiro reproduz minuciosamente toda a situação sugerida no livro, sem pressa. Por isso, os ansiosos talvez reclamem que os ataques do cão só comecem depois de uns 40 minutos de filme. Mas essa espera resulta de um enredo focado em preparar o terreno para os eventos principais.

Assim, Cujo apresenta a família Trenton com profundidade maior do que costumamos encontrar no gênero terror. O casal, Donna (Dee Wallace) e Vic (Daniel Hugh Kelly), vive um momento de crise conjugal. Donna tem um caso extraconjugal secreto com um dos moradores da pequena cidade onde habitam. E Vic precisa enfrentar um grave problema na empresa onde trabalha. O filho deles, o menino de seis anos Tad (Danny Pintauro), morre de medo do escuro, e só o pai consegue acalmá-lo na hora de dormir.

Outras situações secundárias preparam o terreno para o cenário do terror. O problema mecânico do carro dos Trenton, o seu conserto num local distante e isolado, o responsável que é agressivo com a família, enfim, tudo é muito bem costurado para que, no terço final da história, Donna e Tad fiquem isolados no carro com o cão raivoso à espreita.

O suspense poderia ser mais intenso nesses trechos derradeiros, o que tornaria a experiência mais emocionante. Mas, ainda assim, Cujo agrada por sua construção metódica, sem forçar a barra para apressar os ataques e cativar o público. O filme agradou também a Stephen King, que por isso decidiu escrever o roteiro de Olhos de Gato para Lewis Teague dirigir.

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Ficha técnica:

Cujo | 1983 | 93 min. | EUA | Direção: Lewis Teague | Roteiro: Don Carlos Dunaway, Lauren Currier | Elenco: Dee Wallace, Danny Pintauro, Daniel Hugh Kelly, Christopher Stone, Ed Lauter, Kaiulani Lee, Billy Jacoby.

Onde assistir:
Dee Wallace e Danny Pintauro em "Cujo"
Dee Wallace e Danny Pintauro em "Cujo"
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