CURTA KINOFORUM: FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS METRAGENS DE SÃO PAULO

Curta Kinoforum

Com um total de 200 filmes, representando 39 países, a 32ª edição do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum acontece de 19 a 29 de agosto de 2021, de forma online e gratuita, disponível em todo o território brasileiro. O evento é considerado um dos maiores e mais tradicionais festivais dedicados ao formato do curta-metragem no mundo. Todos filmes e encontros podem ser acessados pelo endereço www.kinoforum.org.  

Produção brasileira

A produção brasileira está representada por um total de 116 títulos. Estão presentes “Céu de Agosto”, obra recém-premiado no Festival de Cannes e que tem no elenco Gilda Nomacce, “Ela Que Mora no Andar de Cima”, estrelado por Marcelia Cartaxo, o amazonense “Seiva Bruta”, com Luiz Carlos Vasconcelos no elenco e eleito como melhor curta-metragem latino-americano no prestigioso Directors Guild of America (DGA) e “Menarca”, de Lillah Halla, selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes e vencedor do prêmio do público no festival Cinelatino de Toulouse (França).

Já a pandemia da Covid-19 é abordada em produções como “República” (de Grace Passô), “Monumento ao Wi-fi” (de Gustavo Vinagre), “Gilson” (de Vitoria Di Bonesso), “República das Saúvas” (Piero Sbragia) e “Janelas Daqui” (de Arthur Sherman e Luciano Vidigal).

Além disso, estão programadas obras assinadas pelos cineastas com elogiada carreira, como Evaldo Mocarzel (“O Menino, O Sabiá e o Rato”), Petrus Cariry (“Foi um Tempo de Poesia”), Rafael Conde (“O Suposto Filme”) e Sylvio Lanna (“Nova Pasta. Antigo Baú”).

Exibições especiais

Exibições especiais marcam os 20 Anos de Oficinas Kinoforum de Realização Audiovisual, com apresentação do o filme “Sobre Olhares – Oficinas Kinoforum”, os 40 anos da morte do cineasta Glauber Rocha, com o polêmico curta “Di Cavalcanti Di Glauber” (1976), e o centenário de nascimento do realizador francês Chris Marker, através da programação do seminal “La Jetée” (1962). A influência deste último em curtas-metragens brasileiros merece um programa que inclui “Vinil Verde”, de Kleber Mendonça Filho, e “Juvenília”, de Paulo Sacramento.

Um programa presta homenagem à montadora e professora Vânia Debs, falecida no último mês de junho. São exibidos curtas clássicos em que a profissional atuou, como “Verão”, de Wilson Barros, “A Garota das Telas”, de Cao Hamburger, “O Crime da Imagem”, de Lirio Ferreira, “Clandestina Felicidade”, de Marcelo Gomes e Beto Normal, e “Morte.”, dirigido por José Roberto Torero e protafgonizado por Paulo José e Laura Cardoso.

Da América Latina

A representação latino-americana soma 19 filmes, produzidos em nove países da região.

Entre os destaques está “Correspondência”, uma espécie de correspondência visual entre as premiadas cineastas Carla Simón (Espanha) e Dominga Sotomayor (Chile), o mexicano “A Felicidade do Motociclista Não Cabe em Sua Roupa”, lançado pelo Festival de Berlim, “Quem Diz Pátria Diz Morte”, que focaliza os recentes distúrbios políticos e sociais no Chile, o uruguaio “Blanes Esquina Müller”, vencedor do prestigioso festival Bafici de Buenos Aires, o mexicano “O Sonho Mais Longo de Que Me Lembro”, selecionado para o Festival de Sundance e “A Montanha Lembra”, que venceu a competição internacional do festival É Tudo Verdade.

Do mundo

Entre os destaques internacionais da programação estão “Estrela Vermelha” traz a assinatura do badalado diretor e ator francês Yohan Manca, e obras premiadas no Festival de Clermont-Ferrand, o mais importante evento dedicado ao curta-metragem: “Irmãs” (Estônia), “Nadador” (Suécia) e “Ônibus Noturno” (Taiwan). A programação inclui ainda “Viagem ao Paraíso”, produção do Vietnã premiada no Festival de Locarno, “Casca”, eleito como o melhor curta internacional do Festival de Annecy, “Passagem”, curta alemão que evoca as primeiras experiências pré-cinematográficas de Eadweard Muybridge (1830-1904), “O Cordeiro de Deus” (Portugal) e “Dustin” (França), ambos selecionados para o Festival de Cannes. Estão presentes ainda duas elogiadas produções africanas, “Chega Para Lá” (Ruanda) e “O Paraíso Desce à Terra” (África do Sul). 

Programas especiais

Os programas especiais jogam luz sobre a cultura indígena, com uma mostra dedicada ao festival Amotara, dedicado a mulheres cineastas, e a sessão Música e Modo de Viver dos Guaranis. A produção feita por jovens cineastas das periferias merece espaço nos programas Diálogos: André Novais Oliveira e Lincoln Péricles, Cine Social Club e Kinolab Tela Digital – Destaques. Completam a programação a Mostra Limite, dedicada à experimentação e reinvenção, a Mostra Nocturno, com filmes fantásticos e de horror, Mostra Infantojuvenil, focada no público dessas faixas etárias, e os programas especiais Christian Petzold e a Escola de Berlim e Experimenta: Duo Strangloscope.

Uma série de 12 encontros discutem temas como o cinema das mulheres indígenas, o filme de curta duração nas plataformas de streaming, o cinema realizado nas periferias brasileiras e a produções de cursos audiovisuais durante a pandemia da Covid-19. Participam das mesas nomes como os cineastas Graciela Guarani, Paulo Caldas e Kleber Mendonça Filho, o compositor Livio Tragtenberg,  o filósofo Pablo Ortellado e Bernard Payen, da Cinemateca Francesa.

O Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum realiza também uma oficina de crítica cinematográfica e uma gincana audiovisual com escolas e cursos superiores. Parte dos filmes programados ficam disponíveis com recursos de acessibilidade de 19 a 25/08 no site www.kinoforum.org.

As exibições e encontros ficam abrigados nas plataformas digitais parceiras Innsaei.TV, Cardume, Spcine Play e Sesc Digital.

A cerimônia de abertura acontece na quinta-feira, 19/08, às 20h00, com condução da jornalista Flávia Guerra.

Organização

O festival é organizado pela Associação Cultural Kinoforum e tem direção da produtora cultural Zita Carvalhosa. Segundo ela, o festival este ano “comprova o vigor da produção no formato curta-metragem: mesmo em plena pandemia, recebemos 2.800 inscrições, sendo 600 só de obras brasileiras. O desafio foi montar uma programação com diferentes recortes de tempo e lugares, de vozes e territórios, para todas as idades e gostos. Acima de tudo, o objetivo foi o de criar um evento que celebre a criatividade e a vida”.

Viabilizado através do Edital ProAC Expresso Lei Aldir Blanc, o evento conta com patrocínioda Spcine e da Prefeitura Municipal de São Paulo. Uma realização da Associação Cultural Kinoforum, Sesc e Museu da Imagem e do Som, tem como correalizadores o  Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Ministério do Turismo e Governo Federal.


DESTALHES SOBRE OS PROGRAMAS

Programas Brasileiros

Os Programas Brasileiros do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum conta com 48 filmes, selecionados de um total de 500 inscrições. Estão presentes produções de 14 estados e do Distrito Federal. As obras são assinadas por diretores veteranos e também por cineastas estreantes, com vários títulos tendo obtido premiações em festivais brasileiros e internacionais. A seção está organizada em Mostra Brasil e Mostra Competitiva. A competição conta no júri com a produtora cultural e curadora Márcia Vaz, o cineasta Hilton Lacerda e Ana Ventura Miranda, jornalista, produtora cultural e promotora artística portuguesa, diretora do Arte Institute em Nova York.

A pandemia da Covid-19 é abordada em parte das produções. Dirigido pela atriz Grace Passô, “República” foi eleito melhor curta-metragem do ano pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) ao evidenciar a dimensão da necropolítica que opera no país. Cartas pandêmicas estão na base da coprodução Brasil/Cuba “Monumento ao Wi-fi”, do cineaste Gustavo Vinagre (do premiado longa “Vil, Má”). Já “Gilson”, de Vitoria Di Bonesso, aborda a desigualdade social e concentração de renda através da trajetória de um entregador de aplicativo de delivery que precisa trabalhar durante a pandemia. Em “República das Saúvas”, Piero Sbragia trata da ignorância e do negacionismo. Reflexões sobre a pandemia na favela do Vidigal, Rio de Janeiro, estão em foco em “Janelas Daqui”, de Arthur Sherman e Luciano Vidigal – este último, codiretor do longa “Cidade de Deus: 10 Anos Depois”).

Entre os longas-metragistas com obras no evento está Evaldo Mocarzel (de “A Margem da Imagem”), que dedica “O Menino, O Sabiá e o Rato” ao cineasta francês Robert Bresson (1901-1999), utilizando frases de seu livro “Notas sobre o Cinematógrafo”. Petrus Cariry (de “Mãe e Filha”) recupera, em “Foi um Tempo de Poesia” material inédito com o poeta Patativa do Assaré (1909-2002). Imagens de sua autoria são revisitadas pelo realizador mineiro Rafael Conde (de “Samba Canção”) estão em “O Suposto Filme”. Responsável por “Sagrada Família”, importante título do ciclo do cinema marginal brasileiro, Sylvio Lanna faz em “Nova Pasta. Antigo Baú” um ensaio sobre a vida e o início do amor.

O cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012) ganha homenagem em “Olhos Livres”, de Fábio Rogério, enquanto o jogador Sócrates (1954-2011) tem entrevista inédita no centro de “Carta ao Magrão”, de Pedro Asbeg (do longa “Democracia em Preto e Branco”).

Vencedor de menção especial do júri no recente Festival de Cannes, “Céu de Agosto”, de Jasmin Tenucci, focaliza uma enfermeira grávida que se vê cada vez mais atraída por uma igreja neopentecostal e tem no elenco a atriz Gilda Nomacce (do longa “As Boas Maneiras”). “4 Bilhões de Infinitos”, de Marco Antonio Pereira, acumula premiações em festivais no Brasil e na Alemanha ao mostrar crianças fabulando diante de uma tela em em branco. Estrelado por Marcelia Cartaxo (premiada por “Pacarrete”) e Raquel Rizzo, “Ela Que Mora no Andar de Cima” mostra a peculiar relação entre duas vizinhas e angariou duas dezenas de láureas em eventos no país e no exterior. Com uma protagonista que fabrica o dendê que utiliza no seu acarajé, “O Babado de Toinha”, de Sérgio Bloch, foi eleito como melhor documentário no NYC Downtown Short Film Festival (EUA). O amazonense “Seiva Bruta”, de Gustavo Milan, acompanha uma travessia de um grupo de imigrantes venezuelanos e conquistou o prêmio de melhor curta-metragem latino-americano no prestigioso Directors Guild of America (DGA). No elenco do filme estão Luiz Carlos Vasconcelos (das séries “Justiça” e “Aruanas”) e a venezuelana Samantha Castillo (premiada nos festivais de Montreal e Turim por “Pelo Malo”). Passado em uma aldeia infestada de piranhas, “Menarca”, de Lillah Halla, foi selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes e conquistou o prêmio do público no festival Cinelatino de Toulouse (França).

O realizador Thiago Mendonça teve seu “Belos Carnavais” – que narra um acontecimento no mundo das escolas de samba paulistanas – programado no Festival de Oberhausen (Alemanha), um dos mais tradicionais eventos do circuito internacional de curtas-metragens. Produção maranhense vencedora do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, “Quanto Pesa”, de Breno Nina, focaliza o dia a dia de uma jovem que trabalha em uma peixaria e tem que lidar com suas emoções. Triplamente premiado no Fade to Black Festival, o baiano “5 Fitas”, de Heraldo de Deus e Vilma Carla Martins, se passa em meio a festa de Nosso Senhor do Bonfim, onde dois irmãos vivem suas aventuras. Selecionado para o Cineffable – Paris International Lesbian and Feminist Film Festival e premiado em vários eventos brasileiros, “Seremos Ouvidas”, de Larissa Nepomuceno Moreira, aborda as lutas e trajetórias de três integrantes do movimento feminista surdo.

Codirigido por Tatiana Lohmann (de “Solidão & Fé”), Roberta Estrela D’Alva (de “Slam: Voz de Levante”) e Claudia Schapira, “VIVXS!” registra um encontro de poetas de diferentes partes do mundo na região do porto carioca que mais recebeu escravizados na história da humanidade e foi selecionado para o Nova Frontier Film Festival (Nova York). Eleito como melhor filme no Kuala Lumpur Film Fest (Malásia) e selecionado para o importante Festival de Clermont-Ferrand (França), a produção do Distrito Federal “A Terra em que Pisar”, de Fáuston da Silva, tem como protagonista uma participante de ocupação irregular de terra pública. “Fotos Privadas”, de Marcelo Grabowsky, mostra o estranhamento de um casal com um terceiro corpo e foi selecionado para o festival LGBTQIA+ Outfest, de Los Angeles. Já “Ir e Vir” discute o “avesso do tempo” e tem direção de Christian Caselli (do longa “Rosemberg – Cinema, Colagem e Afetos”) e Florencia Santágelo. 

 

Mostra Latino-Americana

A Mostra Latino-Americana deste ano programou 16 títulos, representando a Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México e Uruguai. Entre os destaques está a coprodução Chile/Espanha “Correspondência”. Vencedora do Festival de Mar del Plata, a obra é uma correspondência visual entre as cineastas Carla Simón e Dominga Sotomayor que, através de pequenos relatos de suas vidas, trocam reflexões sobre cinema, família, heranças e maternidade. Carla Simón é diretora do longa “Verão 1993”, premiado no Festival de Berlim, enquanto que Dominga Sotomayor foi a primeira mulher a vencer o prêmio de melhor direção no Festival de Locarno, com o longa “Tarde para Morrer Jovem”. Também chileno é “Quem Diz Pátria Diz Morte”, de Sebastián Quiroz, premiado no Festival de Toulouse. O filme é uma radiografia precisa e original dos recentes distúrbios políticos e sociais no Chile.

Com estreia mundial no mais recente Festival de Berlim, o mexicano “A Felicidade do Motociclista Não Cabe em Sua Roupa”, de Gabriel Herrera, explora, através de uma narrativa experimental e provocadora, a devoção à motocicleta em terras mexicanas. A produção argentina “Muralha da China” focaliza um tenso momento familiar que se transforma em uma peculiar conversa existencialista sobre a morte. Dirigido por Santiago Barzi e selecionado para a seção Cinéfondation do Festival de Cannes, o filme é um bom exemplo do fino e sutil humor argentino. O cubano “Hora Azul”, de Zoe Miranda, focaliza um inesperado encontro em um hospital: ele está lá para fazer exame de próstata, ela à espera do corpo de seu falecido marido. O uruguaio “Blanes Esquina Müller”, de Nicolás Botana, focaliza um rapaz que recebe a visita de uma versão futura de si mesmo. A obra foi vencedora de curtas-metragens do Bafici-Buenos Aires e premiada no Indie Short Fest, de Los Angeles.

Produção da Colômbia, em parceria com a Costa Rica e Brasil, “Adentro” reúne seis episódios dirigidos por algumas das vozes mais relevantes do atual cinema latino-americano: os colombianos Jorge Forero (do longa “Violência”), a costarriquenha Alexandra Latishev (de “Medea”), a equatoriana Gabriela Calvache (de “La Mala Noche”), o venezuelano Gustavo Rondón (de “La Familia”), o argentino Diego Lerman (de “Tão de Repente”) e o brasileiro Gustavo Vinagre (de “Vil, Má”).

Produção cubana dirigida por Damian Sainz Edwards e selecionada para o festival Cinélatino de Toulouse (França), “Os Indomados” se passa em uma floresta noturna na qual se escondem os terrores de seu protagonista: os espíritos e a homossexualidade de seu irmão. No mexicano “Água”, de Santiago Zermeño, um remador adolescente pensa que seus encontros sexuais com outro homem foram descobertos por um colega do trabalho e vai confrontá-lo, com resultados inesperados. Selecionado para o badalado Festival de Sundance, o também mexicano “O Sonho Mais Longo de Que Me Lembro”, de Carlos Lenin, aborda as atrocidades cometidas pelo crime organizado no país e suas consequências na vida de uma jovem. “A Montanha Lembra”, coprodução Argentina/México dirigida por Delfina Carlota Vazquez, focaliza os habitantes da região do vulcão mexicano ativo Popocatepetl que são guardiões das relíquias mesoamericanas encontradas nas bases da colina e foi vencedor da competição internacional de curtas-metragens do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.

 

Mostra Internacional

A Mostra Internacional do reúne este ano 38 filmes, produzidos em 25 países. Um dos destaques da programação é “Estrasburgo 1518″, do premiado diretor inglês Jonathan Glazer, conhecido por videoclipes e pelo longa-metragem “Sob a Pele” (2013, estrelado por Scarlett Johansson). No curta, ele faz referência a um acontecimento inusitado ocorrido na França no século 16, quando houve uma “epidemia” de dança. Focalizando um homem dedica todo o seu tempo ao clube de seu bairro e sobrevive com pequenos expedientes, “Estrela Vermelha” traz a assinatura do badalado diretor e ator francês Yohan Manca, que participou do Festival de Cannes 2021 com seu primeiro longa-metragem “Mes Frères et Moi”. Selecionado para o tradicional Festival de Oberhausen, a produção alemã “Fantasia do Desastre” faz uma sensível e nostálgica abordagem para o 20° “aniversário” da tragédia do 11 de setembro de 2001. Seus diretores, Christoph Girardet e Matthias Müller, abordam a onipresença das torres gêmeas do World Trade Center no cinema norte-americano e no imaginário da população.

A produção da Eslovênia “Irmãs”, de Katarina Rešek, venceu o grand prix internacional no Festival de Clermont-Ferrand, na França, considerado o mais importante evento voltado ao filme curto.  No enredo do filme, um grupo de amigas, virgens por juramento, envolvem-se em uma briga com garotos locais. Outro vencedor em Clermont-Ferrand, onde foi premiado como a melhor animação internacional, “A Arte no Sangue”, de Joanna Quinn, mostra como a obsessão está no DNA de uma família.

Um covil de caçadores e uma casa abandonada habitada por morcegos são o cenário de reflexões sobre a ligação entre a exploração humana do mundo natural em “Hospedeiros Naturais”, produção do Reino Unido, assinada pelo artista visual e cineasta Nick Jordan, nome reconhecido em exposições internacionais e festivais de cinema. Premiado no prestigioso Festival de Locarno, “Viagem ao Paraíso”, produção do Vietnã dirigida por Linh Duong, focaliza uma viagem de ônibus peculiar ao Delta do Rio Mekong na qual uma senhora esbarra com seu namorado do colégio. “Passagem”, curta alemão dirigido por Ann Oren laureado no Festival Slamdance como melhor curta experimental, evoca as primeiras experiências de Eadweard Muybridge (1830-1904), fotógrafo inglês conhecido por seus experimentos com o uso de múltiplas câmeras para captar o movimento com cavalos.

Produção de Portugal selecionada para o Festival de Cannes, “O Cordeiro de Deus”, de David Pinheiro Vincente, traça um sensual e violento retrato de uma família em meio às festividades de verão de uma pequena localidade do país. Também exibido em Cannes, dentro da Semana da Crítica, “Dustin”, de Naïla Guiguet, se passa em um galpão abandonado, onde dança, em meio à multidão, um jovem trans. Vencedor do Festival de Toronto e de mais de 15 prêmios em eventos internacionais, “Dustin”, de Naïla Guiguet, acompanha a noitada de uma jovem trans e de seu grupo de amigos.

Outros títulos premiados da programação internacional incluem o melhor curta internacional do Festival de Annecy “Casca” (de Samuel Patthey e Silvain Monney, Suíça); e dois outros laureados na edição deste ano do importante Festival de Clermont-Ferrand: “Nadador” (de Jonatan Etzler, Suécia), ganhador do prêmio de melhor comédia, e “Ônibus Noturno” (de Joe Hsieh, Taiwan), menção especial do júri da competição Labo. 

O continente africano é representado por três filmes que desafiam o obscurantismo. “Chega Para Lá”, produção de Ruanda dirigida por Inès Girihirwe, mostra uma mulher que decide mudar o curso de sua vida, buscando aventura na casa da vizinha. No curta sul-africano “O Paraíso Desce à Terra”, de Tebogo Maebogo, um rapaz se descobre atraído pelo amigo e deve lidar com sua emoções. Rodado no Marrocos, o francês “A Canção do Pecado”, de Khalid Maadour conta, por sua vez, a resistência de um casal de músicos à violência religiosa. 

Projeções Especiais

20 Anos de Oficinas Kinoforum

Celebrando os 20 anos de atividades das Oficinas Kinoforum de Realização Audiovisual, voltadas a despertar o interesse no fazer cinematográfico em jovens de comunidades e das periferias da cidade de São Paulo, a programação exibe em pré-estreia “Sobre Olhares – Oficinas Kinoforum”.

A produção, dirigida por Christian Saghaard e Zita Carvalhosa, reúne trabalhos de destaque realizados  por alunos das oficinas desde 2001. Entre as temáticas estão questões presentes no cotidiano desses jovens, como a falta de perspectiva de trabalho, a presença do racismo estrutural, o direito à moradia e a falta de saneamento básico, homofobia e transfobia. Estão presentes ainda depoimentos dos alunos, relatando a importância de ter participado do projeto em suas carreiras profissionais.

As oficinas são de responsabilidade da Associação Kinoforum, entidade que realiza o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum, entre outros eventos. 

40 Anos Sem Glauber Rocha

Um dos mais importantes diretores do cinema brasileiro, Glauber Rocha é homenageado no Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum com a exibição de “Di Cavalcanti Di Glauber” (1976, 17 minutos), em uma parceria com o Centro Técnico do Audiovisual – CTAv da Secretaria Nacional do Audiovisual. Presente nas listas dos mais importantes títulos nacionais de todos os tempos e vencedor de prêmio especial do júri no Festival de Cannes de 1977, o curta é considerado uma das mais inventivas obras do cineasta. Sua exibição especial acontece em 22 de agosto, data de falecimento, em 1981, do realizador.

Trata-se de uma homenagem a Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), nascida do ímpeto de registrar o velório do pintor. Estão encadeados por uma montagem denominada pelo realizador como “nuclear”, recortes de imagens, participações de Joel Barcelos, Marina Montini e Antonio Pitanga, músicas de Paulinho da Viola, Lamartine Babo, Villa-Lobos e Pixinguinha, trechos de poema de Vinícius de Moraes e até gritos do diretor. O resultado, polêmico, levou à interdição judicial da exibição do curta no Brasil a partir de 1979 – que posteriormente revelou-se sem fundamentos jurídicos.

100 Anos de Chris Marker

Em homenagem aos 100 anos de nascimento do cineasta francês Chris Marker (1921-2012), celebrados em 29 de julho, o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum, em parceria com o Consulado Geral da França, promove a exibição especial, em 24/08, do clássico “La Jetée” (1962, 28 min). Considerado um marco do movimento da Nouvelle Vague, o curta-metragem é inspiração para toda uma produção de fotofilmes a partir da década de 1960 e foi base para o enredo do longa-metragem norte-americano de sucesso “Os 12 Macacos”, estrelado por Bruce Willis e Brad Pitt. Seu roteiro se passa em um futuro pós-apocaliptico, quando um homem é assombrado por uma lembrança de infância que se revelará desastrosa.

Chris Marker assinou, a partir de 1952, mais de 60 títulos. Incorporou realizações em vídeo e em CD-Rom, instalações multimídia e projetos pela internet. Pouco se conhece de sua biografia, pois sempre foi pouco afeito a entrevistas e a ser fotografado, o que certamente contribuiu para a mística e as brincadeiras dos amigos. Seu colega Alain Resnais (1922-2014) afirmou certa vez: “Existe uma teoria que circula, e com um certo fundamento, segundo a qual Chris Marker seria um extraterrestre. Ele tem aparência humana, mas a verdade é que vem do futuro ou de um outro planeta.”

“‘La Jetée’ e Seu Impacto na Construção de Narrativas” é o tema que o festival promove em 24/08, às 17h00. Nele estão reunidos o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho (de “Bacurau”) e o francês Bernard Payen, programador da Cinemateca Francesa.

Já o programa especial “‘La Jetée’ e o Curta Brasileiro” apresenta seis obras realizadas no Brasil a partir da década de 1990. Assinadas por Kleber Mendonça Filho (“Vinil Verde”), Paulo Sacramento (“Juvenília”) e Fernanda Ramos” (“Jugular”), entre outros cineastas, elas enfrentaram o desfio de criar uma dramaturgia utilizando exclusivamente imagens fixas e edição de som, sem o sistema tradicional de registro fílmico contínuo.

Mostra Limite

Seção dedicada à experimentação e reinvenção, a Mostra Limite se propõe a criar pontes estéticas e semânticas entre curtas-metragens realizados em diferentes partes do mundo. Este ano, estão programados 15 filmes, representando 11 países. Vencedor do prêmio de melhor animação experimental no Festival de Annecy, o australiano “Mimoides Reativos”, de Vladimir Todorovic, é uma homenagem bem-humorada a “Solaris”, de Stanislaw Lem, livro clássico de ficção científica que inspirou dois longas-metragens de mesmo título (dirigidos por Andrei Tarkovski, em 1972, e por Steven Soderbergh, em 2002).

Já a produção dos Estados Unidos “Son Chant” é assinada pela diretora franco-brasileira Vivian Ostrovsky e traz um relato da colaboração artística entre a cineasta belga Chantal Akerman (1950-2015) e Sonia Wieder-Atherton, a violoncelista que trabalhou na música de 20 de seus filmes. Através de trechos de filmes, imagens de arquivo e do próprio acervo de Ostrosky, o curta constitui uma homenagem afetiva ao som no cinema. O brasileiro “Vagalumes”, de Léo Bittencourt, revela o lado noturno dos jardins de Roberto Burle Marx, habitados por frequentadores enquanto a cidade do Rio de Janeiro adormece. “Utopia 360”, de Violena Isabel Ampudia Rodriguez, reúne, sem uma ordem lógica, o passado e o futuro de Cuba através de dois jogadores, que testam um jogo de realidade virtual que não está funcionando bem.

“Alexander Mosolov. Três Peças”, coprodução Rússia/Bielorússia assinada por Natalia Ryss, é dedicado ao período construtivista de Alexander Mosolov (1900-1973), importante compositor do início da era soviética. O austríaco “Todas as Paredes”, de Josef Dabernig, trata com ironia detalhes de decoração, arquitetura e cultura nativa da antiga Europa comunista, destacando os clichês sobre mulheres e empregados. “Dentro”, de Yann Chapotel, apresenta um mosaico de janelas, destacando momentos da vida cotidiana que formam um afresco coreográfico de gestos simples. O brasileiro “O Túmulo da Terra”, de Yhuri Cruz, foi concebido como fábula expressionista preta e conta a origem da máscara de pedra Pretusi a partir da jornada de um homem sem rosto que é perseguido e atormentado por sua própria subjetividade encarnada em seus pares. Selecionado para eventos na Alemanha e Japão, “Rocha Matriz”, dos brasileiros Miro Soares e Gabriel Menotti, examinha a cadeia produtiva de mármore e granito a partir de uma consciência alienígena e traça conexões entre formas de trabalho cotidiano, o mercado global e o tempo profundo da Terra.


Mostra Infantojuvenil

Em 2021, a Mostra Infantojuvenil está dividida em tês programas, reunindo 22 filmes de dez países. São duas seções infantis e uma voltada ao público juvenil.

A Mostra Infantil 1 – Planeta Criança tem como destaque o curta-metragem francês “Árvores Gêmeas”, de Emmanuel Ollivier, que mostra o encontro de dois irmãos com um papagaio e uma estátua caída. A produção foi contemplada com o prêmio do público no Festival de Curtas-Metragens de Paris o prêmio de melhor filme infantil no Festival Short to The Point de Bucareste, Romênia. Já o argentino “Bosquezinho”, de Paulina Muratore, acompanha o crescimento de uma garota e uma árvore – um dia, a floresta é inundada e a árvore ajuda a salvar sua vida. Já o filme russo “Passarinho”, de Marat Narimanov, conta a história de uma amizade entre um velho solitário e um passarinho indefeso e foi premiado em festivais na Macedônia, Turquia Croácia, Irã e Rússia.

Na Mostra Infantil 2 – Fazendo Cinema em Casa estão trabalhos audiovisuais realizados por crianças alunas de escolas públicas que participaram das Oficinas Kinoforum de Realização Audiovisual. São oito curtas-metragens focalizando meio ambiente, fauna brasileira, reciclagem e histórias do mundo animal. Com cinco minutos de duração cada, os filmes foram realizados em parceria com escolas públicas localizadas nos bairros de Campo Limpo e Cachoeirinha, na cidade de São Paulo.

Já a Mostra Juvenil – Jovens na Luta reúne seis títulos, com temáticas contemplando justiça, diversidade, direitos humanos, ciência e liberdade. “Quarto Com Vista”, uma superprodução do Ballet de Marseiile (França) dirigida por Brutti/Debrouwer/Harel (La)Horde, é um filme/espetáculo inspirado na ideia de como seria a última festa antes do apocalipse. O brasileiro “Ela Luta”, de Luiza Giuliani, trata com rara sensibilidade a chegada à puberdade de uma menina de dez anos. Premiado em festivais franceses, “Kaolin”, de Corentin Lemetayer Le Brize, tem como protagonista uma garota de 11 anos que tem como objetivo participar novamente do campeonato de motocross organizado por seu pai.

Programas Especiais + Atividades Paralelas

Mostra Amotara – Olhares das Mulheres Indígenas

Em parceria com a Mostra Amotara – Olhares das Mulheres Indígenas, a programação traz três sessões que reunem 13 títulos de destaque das edições deste evento criado em 2018. No programa Amotara 1 – Encontro de Saberes e Gerações está “Mandayaki e Takino”, de Ariato Juruna e Dadyma Juruna, sobre momentos da vida doméstica que podem nos demonstrar que existe futuro possível sendo indígena no Brasil. Já “Pará Reté”, de Patrícia Ferreira, focaliza o cotidiano de uma indígena guarani feito por sua filha.

Amotara 2 – Cosmopolíticas da Terra e da Luta exibe “Mensagem da Terra”, de Maria Pankararu e Sebastián Gerlic, um documentário sobre os sentimentos, as opiniões e as visões de quatro indígenas que refletem sobre a realidade local e global e provocam o público a repensar o que se entende hoje por “civilização” e seus rumos. “Levanta e Luta”, de Naine Terena, por sua vez, retrata o momento em que povos indígenas estiveram em Brasília em 2014, na luta contra a PEC 215. O programa Amotara 3 – O Sagrado e as Narrativas Originárias traz o ritual sobre o Grande Canto Kaiowá registrado no curta-metragem “Jeroky Gwasu – Grande Canto”, de Michele Perito Concianza Kaiowá. Baseado em uma história tradicional do povo Maxakali, “Mãtãnãg, A Encantada”, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho, foi selecionado para festivais nos Estados Unidos, Espanha e Portugal.

“Cinema das Mulheres Indígenas” é o tema do encontro que acontece a abertura oficial do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum. Agendado para 17/08, terça-feira, às 17h00, em uma parceria com a Spcine, dele participam Joana Brandão, coordenadora da Mostra Amotara – Olhares das Mulheres Indígenas, e Graciela Guarani, cineasta e curadora. A apresentação é de Zita Carvalhosa, diretora do Curta Kinoforum.

Diálogos: André Novais Oliveira e Lincoln Péricles

André Novais Oliveira e Lincoln Péricles, dois expoentes do atual cinema periférico brasileiro se encontram no Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum. Oliveira é morador de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte; Péricles mora no bairro do Capão Redondo, periferia de São Paulo. A filmografia de ambos já soma duas dezenas de títulos, entre longas e curtas-metragens, em abordagens que retratam o cotidiano dos próprios cineastas e de pessoas de suas famílias e de suas localidades. São obras profundamente autorais, que não temem correr riscos – e cujo resultado original as levou ao Festival de Cannes e a ser citadas na prestigiosa revista Cahiers du Cinéma. 

De André Novais Oliveira estão programados “Domingo” (2011) e “Fantasmas” (2010), selecionado para festivais nos Estados Unidos, Suécia, Escócia e Portugal. Estão presentes ainda o seu mais recente trabalho, “Rua Ataléia” (2021), que focaliza uma família em uma noite sem energia elétrica, além de “Pouco Mais de Um Mês” (2013) e “Quintal” (2015), ambos selecionados para Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes.

Quatro títulos assinados por Lincoln Péricles ficam disponibilizados no evento. Em “Ruim é Ter Que Trabalhar” (2015), um operário reflete sobre seu trabalho, enquanto que “Aluguel: O Filme” (2015) aborda a falta de água na periferia paulistana. “Entrevista Com as Coisas” foi realizado a partir do núcleo de cinema autônomo na E.E. Pedro Alexandrino, no bairro de Vila Nova Mazzei, zona norte da cidade de São Paulo. Por sua vez, “Filme de Domingo” (2020) tem como protagonistas um tio babão, uma mãe zika e uma criança artista.

Em encontro, reunindo os dois cineastas, também intitulado Diálogos: André Novais Oliveira e Lincoln Péricles, está agendado para 20/08, sexta-feira, às 17h00. O evento tem apresentação de Francisco Cesar Filho, da equipe de programação da Kinoforum, ele próprio cineasta oriundo das periferias de São Paulo.

Vânia Debs: Uma Mulher de Cinema

Conexão USP-Kinoforum

A montadora e professora Vânia Debs (1950-2021) foi responsável pela montagem de longas-metragens como “Baile Perfumado”, “FilmeFobia”, “Nome Próprio” e “Alvorada”, entre outros. No Curso Superior do Audiovisual da Universidade de São Paulo, formou várias gerações de cineastas e montadores. O programa especial em sua homenagem, intitulado Vânia Debs: Uma Mulher de Cinema, exibe cinco curtas-metragens brasileiros que contaram com seu engenho e sua arte. “Verão” (1983) foi dirigido por Wilson Barros (1948-1992) e é baseado em texto do escritor argentino Julio Cortázar. Grande vencedora do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, a animação “A Garota das Telas” (1986), de Cao Hamburger, revisita diversos gêneros e estilos cinematográficos. Dirigido por Lirio Ferreira, “O Crime da Imagem” (1992) revela como Antônio Conselheiro tornou-se ao mesmo tempo um líder político-místico-religioso, andarilho dos sertões e aliciador das massas sertanejas à revolução agrária. Já “Clandestina Felicidade” (1998), de Marcelo Gomes e Beto Normal, ficcionaliza fragmentos de infância e descoberta do mundo pela escritora Clarice Lispector (1920-1977). “Morte.” (2002), de José Roberto Torero, é protagonizado por Paulo José e Laura Cardoso e mostra um casal que se prepara para a sua última “grande viagem”.

Vânia Debs: Uma Mulher de Cinema é também o título da mesa de debates que acontece em 21/08, sábado, às 15h00, com participações da montadora Idê Lacreta e dos cineastas Paulo Caldas e Vera Egito, com apresentação a cargo do professor da ECA-USP Eduardo Santos Mendes. Trata-se da primeira de uma série de três mesas que compõem o seminário internacional Conexão USP-Kinoforum, organizado pelo segundo ano consecutivo em uma parceria entre o Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a Associação Cultural Kinoforum e o Museu da Imagem e do Som de São Paulo. A iniciativa tem curadoria de Almir Almas (USP), Esther Hamburger (USP, SCEDI/CILECT) e Eduardo Santos Mendes (USP, CIBA/CILECT).

Público Midiático – Como Interferir?, a segunda mesa do seminário acontece em 23/08, segunda-feira, às 15h00. Participa o filósofo e professor da USP Pablo Ortellado e João Cezar de Castro Rocha, pesquisador e professor da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com apresentação de Esther Hamburger, professora da USP.

Conexão USP-Kinoforum se encerra em 25/08, quarta-feira, às 11h00, quando ocorre a mesa Produções das Escolas de Cinema e Audiovisual Durante a Pandemia. Dela participam Jasmin Tenucci (Columbia University, EUA), Moira Toledo (FAAP, Brasil), Theodore Life (Emerson College, EUA) e Alfredo Loaeza (Centro de Capacitación Cinematográfica, México), com apresentação de Almir Almas (USP, Brasil).

Christian Petzold e a Escola de Berlim

Classificada pela crítica cinematográfica como Escola de Berlim, uma série de filmes alemães mergulhou nos anos 1990 no registro de uma sociedade em transição, vista a partir da perspectiva da Alemanha Ocidental. Entre os cineastas desse movimento destaca-se Christian Petzold, que, ao longo de sua filmografia, abordou os processos de transformação da Alemanha com a reunificação e a adoção de políticas neoliberais de austeridade, assim como o esvaziamento dos espaços após a reestruturação econômica do país anteriormente dividido. O programa especial Christian Petzold e a Escola de Berlim exibe três produções do início da carreira do diretor, que já trazem os primeiros elementos de investigação que o tornariam um expoente do cinema alemão contemporâneo.

Entre os filmes em exibição está “Süden” (1989), no qual Christian Petzold olha com curiosidade o que pode ser uma casa de férias, um barracão ou uma ruína, entre outros itens da paisagem urbana. Já “Östwarts” (1990) se passa logo após a reunificação alemã, quando três moradores de uma região calma da cidade de Berlim conversam sobre seus planos e tentativas de um recomeço econômico em meio às mudanças trazidas pela queda do Muro de Berlim. Em “Das warme Geld” (1992) duas amigas que aspiram a um estilo de vida deslumbrante, mas não têm recursos para isso.

A programação, feita em parceria com o Goethe-Institut, promove ainda um encontro, também intitulado Christian Petzold e a Escola de Berlim, que acontece em 21/08, sábado, às 17h00. O evento conta com participação de David Ken Terao, autor da tese “O Melodrama Fantasma de Christian Petzold”, e tem apresentação de Marcio Miranda Perez, da equipe de programação do Curta Kinoforum.

Música e Modo de Viver dos Guaranis

O programa Música e Modo de Viver dos Guaranis apresenta curtas-metragens com cantos sagrados da etnia indígena Guarani. São ritmos, danças e vozes que são entoados em um timbre único, compondo um mosaico do que é e de como se insere a atividade musical no dia a dia das cinco aldeias reunidas pelo projeto. A coordenação musical do o projeto é dos compositores Livio Tragtenberg e Emerson Boy, com captação de som de Téo Ponciano.

Com concepção de Emerson Boy e direção de Christian Saghaard, os quatro títulos apresentados são “Nhandereko Aldeia Nhamandu Mirim de Peruíbe-SP”, “Nhandereko Aldeia Paranaouã de São Vicente-SP”, “Nhandereko Aldeia Takuari-Ty de Cananéia-SP” e “Nhandereko Aldeia Pyau de Jaraguá-SP”.

Um encontro intitulado Sonoridades dos Povos Originários e Cultura Guarani está agendado para 22/08, domingo, às 17h00. Trata-se de uma parceria do festival com o Sesc que conta com a participação do cacique Ronildo Werá Mirim e dos compositores Livio Tragtenberg e Emerson Boy. A apresentação é de Laura Rachid, editora na Revista Educação, e de Christian Saghaard, da equipe de programação do Curta Kinoforum.

Experimenta: Duo Strangloscope

Integrado por Cláudia Cárdenas e Rafael Schilchting e radicado em Florianópolis, o Duo Strangloscope produz obras audiovisuais voltadas para a experimentação, pesquisando movimento, ritmo e composição com imagens e sons. Segunda a dupla, o aspecto experimental de sua criação pode residir desde o modo como utilizam novas e diferentes formas de trabalhar com a câmera, utilizando diferentes tipos de iluminação, e efeitos de áudio, com performance ou atuação.  O programa especial exibe seis curtas-metragens: “Parking Area” (Estados Unidos, 2014); “Nuclear Emulsion” (Brasil-SC, 2013), sobre interseções entre natureza, pintura, fotografia e cinema; “[Antikapitalistischen]” (Alemanha, 2015); “No Justice No Peace!” (Brasil-SC, 2021), um ensaio sobre os efeitos do acúmulo de imagens de violência que nos chega durante a pandemia; “Movimento” (Brasil-SC, 2018), uma espécie de balé corpóreo no qual as imagens jogam com os movimentos de contra-ataque; e “Sólo un Poco Aquí” (México, 2018).

Programado para 23/08, segunda-feira, às 17h00, o encontro, também intitulado Experimenta: Duo Strangloscope, tem participação de Cláudia Cárdenas e Rafael Schilchting, com apresentação de Anne Fryszman, da equipe de programação do Curta Kinoforum.

Cine Social Club

Diante da carência de salas de cinema, materiais e projetos que promovam o contato com o mundo do audiovisual na Cidade Tiradentes – maior complexo habitacional da América Latina, distrito da Zona Leste de São Paulo com aproximadamente 211.501 mil habitantes (segundo o Censo 2010) – um grupo de moradores criaram em 2018 o Cine Social Club. O objetivo é o de fomentar diálogos sobre questões sociais, raciais e de gênero por meio da exibição de obras cinematográficas que suscitam debates sobre a realidade dos moradores do território. Exemplares do espírito do projeto, os quatro títulos do programa especial Cine Social Club foram especialmente pensados por sua curadoria para o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum.

 “Ce Qué Mentir pra Preta Velha?” (2020), de Ellen Rio Branco e Lua Lucas, focaliza a história de mulheres pretas que fundaram, “a partir do barro”, o bairro de Cidade Tiradente, enquanto “Daria Um Filme” (2018), assinado por Marginalia, acompanha um dia comum na vida do protagonista, que passa por diversas situações, de acordo com a letra de “Negro Drama”, do grupo Racionais MC’s.

Produção das Oficinas Kinoforum de Realização Audiovisual, “Defina-se” (2002), de Kelly Regina Alvez, Claúdio N. de Souza e Daniel M. Hilário, é um manifesto audiovisual sobre a trajetória dos negros no Brasil, da senzala à periferia da cidade grande. “Cidade Tiradentes – Uma Cidade Chamada Tiradentes” (2006), de Lilian Solá Santiago, é um documentário que traça um panorama do Distrito de Cidade Tiradentes e seus habitantes, acompanhando desde a aquisição de terras pelo poder público a partir da década de 1970, até a ocupação do que hoje é um dos maiores conjuntos habitacionais da América Latina.

Um encontro, também intitulado Cine Social Club, acontece em 25/08, quarta-feira, às 17h00. Na ocasião reunem-se Filipe Barbosa e Douglas Santos, fundadores do projeto. A apresentação é de Vania Silva, da equipe Kinoforum.

Nocturnu – Cine Fantástico e de Horror

Selecionados entre os títulos inscritos para o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum, o programa especial Nocturnu – Cine Fantástico e de Horror reúne cinco filmes com dialogam com esses gêneros. Em “Inerente”, coprodução Dinamarca/Reino Unido dirigida por Nicolai G. H. Johansen, o horror gótico encontra romance adolescente na história de uma garota aparentemente solitária que vive em uma fazenda abandonada onde vive. O israelense “Enquanto Ficamos em Casa”, de Gil Vesely, se passa durante a quarentena de coronavírus. Um jovem encontra uma jovem nas ruas vazias de Tel-Aviv. Flertar é difícil, já que ambos escondem um segredo sob a máscara.

O australiano “O Moogai”, de Jon Bell, transita pelo horror psicológico ao focalizar uma família aborígene que é aterrorizada por um espírito que rouba crianças. Já no brasileiro “Azulscuro”, de Evandro Caixeta e João Gilberto Versiani, a protagonista de depara de evidências sobre a misteriosa morte de sua irmã, enquanto entidades demoníacas espreitam na escuridão. Passado no interior do Brasil no século 19, “Antônia”, de Flávio Carnielli, acompanha um casal de idosos que, após perder filha e neta, decide abandonar suas crenças e tomar uma medida drástica contra o que consideram uma injustiça divina.

Kinolab Tela Digital – Destaques

Organizado pela Associação Kinoforum, o Festival de Cultura Online Kinolab Tela Digital aconteceu no primeiro semestre de 2021 e promoveu, por meio da exibição de curtas-metragens brasileiros e da realização de webinars, uma discussão sobre temas relacionados à economia criativa no setor audiovisual. Os destaques desta primeira edição do evento presentes no programa especial Kinolab Tela Digital – Destaques foram realizados principalmente por pessoas de comunidades periféricas, pequenas cidades do interior e aldeias indígenas.  

“Inês”, de Ricardo Vaz Martins, mereceu menção honrosa no Festival de Cultura Online Kinolab Tela Digital ao focalizar um homem confinado em seu apartamento por causa da pandemia da Covid-19 que vê seus vizinhos sumirem misteriosamente. “Dois”, de Guilherme Jardim e Vinícius Fockiss, e “25 Anos Sem Asfalto”, de Fabiola Andrade e Rodrigo Dantas Bastos, foram vencedores de dois dos três prêmios principais do evento. No primeiro, dois rapazes buscam aproximação afetiva durante o período de distanciamento social. O segundo curta-metragem é protagonizado por uma jovem mãe que se empenha para garantir ao filho um futuro melhor do que uma vida confinada na periferia paulistana.

Uma terceira premiação, concedido a uma iniciativa, contemplou a Mostra Amotara – Olhares das Mulheres Indígenas, aqui representada por “Equilíbrio”, de Olinda Muniz Silva Wanderley. No filme, o discurso de uma entidade espiritual indígena norteia a discussão quanto à relação destrutiva da civilização com o único planeta conhecido que tem suporte para a vida.

Noite de Kino

Acontece em 24/08, terça-feira, às 20h00, nova edição da Noite de Kino, quando é apresentado o resultado da tradicional gincana audiovisual promovida pelo Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum. Com participação de grupos de estudantes de escolas, a atividade propõe que em um período limitado de tempo, os realizadores roteirizem, produzam e exibam curtas-metragens.

Curta & Mercado – Plataformas de Streaming

O encontro Curta & Mercado – Plataformas de Streaming, agendado para 26/08, quinta-feira, às 14h00, reúne representantes das plataformas digitais de streaming para discutir a disponibilização de filmes curtos nesse modelo de negócio. Participam representantes das plataformas Tamanduá, Sesc Digital, Spcine Play, Cardume, MUBI, PlayKids e Belas Artes À La Carte, entre outras, com apresentação de Zita Carvalhosa, diretora do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum. A atividade é uma parceria com a plataforma Cardume.

Crítica Curta

Em 27/08, sexta-feira, às 11h00, acontece o encontro Crítica Curta, para um balanço da edição deste ano dessa oficina voltada a estudantes que tem o objetivo de promover a reflexão em torno da produção audiovisual latino-americana no formato de curta-metragem. Os participantes exercitam a produção e difusão de textos durante a realização do festival. O projeto tem coordenação do repórter e crítico de cinema Thiago Stivaletti, um dos responsáveis pelo podcast Plano Geral, sobre cinema e streaming.

Serviço:

32º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CURTAS-METRAGENS DE SÃO PAULO – CURTA KINOFORUM

19 a 29 de agosto de 2021

gratuito e online, com acesso pelo endereço www.kinoforum.org

ProAC Expresso Lei Aldir Blanc

Patrocínio: Spcine e Prefeitura Municipal de São Paulo

Realização: Associação Cultural Kinoforum, Sesc e Museu da Imagem e do Som

Correalização: Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Ministério do Turismo e Governo Federal.

(fonte: divulgação)

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