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Deixem-nos Viver (filme)
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Deixem-nos Viver

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

“Deixem-nos Viver”: A contracultura hippie enfrenta a sociedade preconceituosa no fim dos anos 1960

História baseada na canção de Arlo Guthrie, músico que também estrela o filme interpretando ele mesmo. Em “Deixem-nos Viver”, o diretor Arthur Penn novamente faz uma crítica social em uma época de contestação na qual a contracultura dos hippies buscava um lugar na conservadora sociedade norte americana. Desta vez, sem o apelo à violência de “Bonnie e Clyde – Uma Rajada de Balas” (Bonnie and Clyde, 1967), Penn opta pelo lirismo folk da música de Guthrie, obtendo um impacto menos contundente. Porém, ainda assim construindo um retrato fiel da situação social da época.

O filme começa de forma episódica, contando algumas situações vividas pelo jovem Arlo Guthrie. Ele tenta escapar do serviço militar e sofre preconceitos por ser hippie, inclusive agressão física. Então, suas andanças erráticas o levam até Alice (Pat Quinn) e Ray (James Broderick), que acabam de comprar uma igreja. O casal a transformará em um restaurante, além de reunir lá uma comunidade hippie. Logo, muita festa, trabalho em conjunto e amor livre dão o tom do local. A princípio, a empreitada dá certo, porém, logo as drogas pesadas, a autoridade arbitrária das instituições e o preconceito dos demais habitantes da pequena cidade prejudicam o estabelecimento.

A reflexão de Alice

Além disso, Alice se revolta com Ray porque só ela faz o trabalho pesado. Duas perdas, uma de um amigo que volta a se envolver com drogas, e outra do famoso músico Woody Guthrie, pai de Arlo, que estava doente, marcam a parte final do filme com um duplo funeral. Na verdade, a morte derradeira, implícita na cena que fecha “Deixem-nos Viver”, é do idealismo hippie. Assim, Alice fica parada por um longo tempo em frente à igreja olhando para o vazio, logo após uma celebração simbólica de seu casamento com Ray, que decide vender o restaurante para comprar um terreno e viver no campo.

Ela não vê mais sentido em seu estilo de vida, enquanto Arlo e todos os amigos partem para novos destinos. Essa sequência final é composta por um longo take com a câmera se movimentando lenta e lateralmente. Ou seja, um contraste com a festa, imediatamente antecedente, construída com variados cortes de pequena duração. É o paralelo que as imagens evocam com a euforia da explosão hippie e a desilusão que se segue.

Lançado no mesmo ano de “Sem Destino” (Easy Rider, 1969), comparte com este a crença de que a sociedade tradicional dos Estados Unidos não aceita a contracultura e vê os hippies como uma aberração. Uma placa em “Deixem-nos Viver” é emblemática: “Mantenha tudo bonito: corte seu cabelo”.

O cinema sinalizava que o sonho de uma sociedade alternativa do “paz e amor” tinha acabado. A guerra do Vietnã, o atentado ao presidente John Kennedy e a outras figuras importantes do país, apagavam as chamas do idealismo.


Ficha técnica:

Deixem-nos Viver | Alice’s Restaurant | 1969 | 111 min | Direção: Arthur Penn | Roteiro: Vernable Herndon e Arthur Penn |  Elenco: Arlo Guthrie, James Broderick, Pete Seeger, Lee Hays, Michael McClanathan, Geoof Outlaw, Tina Chen,  Kathleen Dabney, William Obanhein, Seth Allen, Monroe Arnold, Josephn Boley, Sylvia Davis, M. Emmet Walsh.

Assista: Arlo Guthrie tocando ao vivo “Alice’s Restaurant”

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