Dente Canino revelou o diretor grego Yorgos Lanthimos para o mundo. Com o filme, ele venceu os prêmios “Award of the Youth” e “Um Certain Regard” em Cannes. Além disso, conseguiu uma indicação para o Oscar de filme estrangeiro.
A bizarrice que marcaria os seus longas metragens posteriores O Lagosta (2015) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017) já impera aqui. Na sua estranha história, um pai proíbe sua esposa e seus três filhos de saírem da propriedade onde moram até que percam seus dentes caninos. Assim, a vida enclausurada deles envolve rotinas bizarras. Por exemplo, competições entre os irmãos com jogos inventados, na qual o vencedor ganha adesivos para colar em suas camas. E, também, visita frequente de uma prostituta, incesto e violência.
Ainda nesse cenário, o pai e a mãe castigam os filhos com agressões quando se comportam mal, mesmo que eles já tenham entre 15 e 19 anos. O garoto mais velho possui tendências sádicas, sem que isso seja direto e caricato, mas indicado pela sua atitude diante de um gato que invade o quintal deles. Por fim, o pai ainda inventa que um outro irmão, mais velho de todos, vive do outro lado da cerca, e os filhos tentam se comunicar com ele.
Fora do normal
Aliás, o filme é tão fora do normal que fica até difícil acompanhá-lo, já que não há uma linha conhecida a qual o espectador possa se apoiar. Chega a dar um nó na cabeça a exposição a tanto comportamento estranho.
Talvez você se interesse mais por Dente Canino se assistí-lo com uma abordagem metafórica. Uma leitura cabível é entender o filme como uma alegoria de um país sob regime ditatorial extremo, onde os cidadãos não podem sair do país, são agredidos se desobedecem, o governante inventa mentiras para manipular o povo e ainda cria leis a seu bel prazer.
Dente Canino agradará a um público bem restrito. Se for esse seu caso, mergulhe fundo, caso contrário, passe longe.
