Desvio de Rota

Poster de "Desvio de Rota"

Título original: Ride

Ano de lançamento: 2018

Direção: Jeremy Ungar

Gênero:

Mais informações na ficha técnica abaixo do texto

Avaliação: 6/10

O filme Desvio de Rota explora os riscos e os medos de entrar sozinho num carro conduzido por um motorista desconhecido. Sentimentos que valem também para o motorista que pega passageiros que ele nunca viu antes. Pode ser num taxi, ou num serviço via aplicativo, como é o caso nesta trama. Mas não é nenhum dos aplicativos existentes, e sim um fictício chamado Ride – por sinal, tremendamente inseguro (por exemplo, o passageiro nem precisa indicar o seu destino no app), detalhe necessário para que aconteçam os eventos do enredo.

O motorista (e aspirante a ator) James (Jessie T. Usher) começa o seu turno com o Ride buscando a passageira Jessica (Bella Thorne) no início de uma noite em Los Angeles. Rola um papo prazeroso e, ao fim da corrida, a moça até convida o condutor para se juntar a ela e aos amigos no bar para onde ele a levou. James recusa o convite, porque precisa continuar trabalhando. Mas, depois e se arrepende, e esse sentimento continua na sua mente durante a segunda viagem.

A corrida seguinte já é bem esquisita. O passageiro Bruno (Will Brill) não tem um destino definido, apenas pede a James que continue dirigindo. Mediante gorjetas de notas de 100 dólares, Bruno consegue que James recite Shakespeare e o leve para lugares que são ou ermos ou distantes. Por fim, Bruno convence James a voltar ao bar onde deixou Jessica e convidá-la para irem os três a uma festa em Malibu.

Tensão crescente

A partir daí a tensão se torna crescente. Bruno revela seu lado sombrio, e coloca James e Jessica em perigo. O ritmo intensamente acelerado contribui para manter a situação angustiante. Numa frustrada tentativa de fuga, Bruno desloca o ombro de James, artifício do roteiro para justificar a incapacidade do refém de enfrentar esse psicopata. O carro em constante movimento, salvo algumas paradas estratégicas para variar o cenário, também ajuda a fazer o espectador não desgrudar da tela.

Porém, o desfecho desanimador estraga, e ainda desperta o público para questionar o que assistiu. Surge a impressão de que o filme buscou um embate psicológico entre James e Bruno, entre aquele que hesita em buscar o que quer alcançar e aquele que toma à força. Por isso, o filme não mostra o que acontece de fato no assalto à loja de conveniência, evento que demonstraria o caráter de James. Sendo assim, a psicopatia do vilão da história o induz a testar as pessoas, e então se tornar uma espécie de mentor do mal. E, essa construção resulta na conclusão moralista do filme, na qual James se mantém correto, mas deixando Bruno apto a continuar com seu jogo sinistro.   

Estreando em longas, o diretor e roteirista Jeremy Ungar filma bem, principalmente em relação aos cortes e à duração das cenas. Por isso, consegue manter um ritmo acelerado e uma tensão crescente, evitando que o espectador perceba que o roteiro não se sustenta. Deixando de lado a fragilidade do aplicativo de locomoção, que só poderia caber em uma obra ficcional, o que pesa mesmo é a construção do vilão, pois a compreensão sobre a sua psicopatia demanda um profundo exercício de análise, cuja conclusão pode nem ser a pretendida pelo autor.

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Ficha técnica:

Desvio de Rota | Ride | 2018 | 79 min. | EUA | Direção: Jeremy Ungar | Roteiro: Jeremy Ungar | Elenco: Bella Thorne, Jessie T. Usher, Will Brill.

Onde assistir:
Desvio de Rota (Ride)

Outras críticas:

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