Os três primeiros filmes da franquia Detetive Chinatown se passavam na atualidade. Mas, numa aposta ousada, Detetive Chinatown: O Mistério de 1900 é um filme de época.
Desta vez, os atores Wang Baoqiang e Liu Haoran, a dupla dos filmes anteriores, interpretam papeis diferentes. Numa história que acontece em San Francisco, na virada do século 19 para o 20. Eles são, respectivamente, Ah Gui, um homem que quer vingar seu pai adotivo, e Qin Fu, jovem conhecido por resolver questões complicadas através da dedução lógica. Essa alteração de personagens interpretados pelos mesmos atores lembra o jogo que fazia a dupla Terence Hill e Bud Spencer, assim como a turma dos Trapalhões.
O flerte com a obra de Arthur Conan Doyle é evidente na questão de Qin Fu ser uma espécie de discípulo não chancelado de Sherlock Holmes (que aparece brevemente no filme). E, reforçado com o misterioso caso que ele deve desvendar, pois se trata dos assassinatos em série de um Jack, o Estripador. Como o principal suspeito é um asiático, Ah Gui e Qin Fu precisam descobrir a verdadeira identidade do serial killer, caso contrário o político Grant (John Cusack) usará esse fato para jogar a população contra a comunidade chinesa, implantando restrições ao bairro de Chinatown em San Francisco.
Uma salada com excesso de ingredientes
Em suma, essa é a premissa central de Detetive Chinatown: O Mistério de 1900. Mas, o roteiro está repleto de elementos adicionais, para alcançar diversos temas. Entre eles, a traição que as mais fortes nações ocidentais do início do século 20 impuseram à China, ato simbolizado pelo roubo de estátuas milenares banhadas a ouro que abrem o filme. O preconceito contra asiáticos imigrantes nos Estados Unidos também é exposto com veemência, principalmente no discurso do empresário Bai Xuanling (Chow Yun-Fat) no tribunal. Mas, esses assuntos sérios se somam às referências a Sherlock Holmes, à perda dos pais e consequente criação por indígenas de Ah Gui, ao romance entre dois jovens, à rivalidade entre chineses e irlandeses, etc.
Acontece que, ao tocar em tantos assuntos diferentes, o enredo fica confuso. Surgem personagens demais e é difícil lembrar quem é cada um conforme eles aparecem e somem na história. As cenas de ação envolvem correrias e confusões, como em comédias malucas, e poucas lutas (quase nenhuma de artes marciais). E, os tons se misturam, às vezes entrando na fantasia, mas com toques de violência nos 20 minutos finais. A trilha musical onipresente e incisiva colabora para transformar Detetive Chinatown: O Mistério de 1900 numa experiência barulhenta e acelerada, mas pouco estimulante.
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Ficha técnica:
Detetive Chinatown: O Mistério de 1900 | Tángtàn 1900 | 2025 | China | 135 min. | Direção: Chen Sicheng, Dai Mo | Roteiro: Chen Sicheng | Elenco: Wang Baoqiang, Liu Haoran, Chow Yun-Fat, White-K, Zhang Xincheng, Yue Yunpeng, John Cusack, Tai Bo, Anastasia Shestakova.
Distribuição: Sato Company.
