Nos dias 15 e 16 de janeiro de 2022 (sábado e domingo), das 19h às 23h, a Itaú Cultural exibe Já que Ninguém Me Tira para Dançar, em sessão especial. O único documentário em longa-metragem sobre Leila Diniz (1945-1972) tem direção de Ana Maria Magalhães, uma de suas grandes amigas. A produção mescla imagens de filmes, fotos e cenas ficcionais vividas por Leila. Lídia Brondi, Louise Cardoso e Lígia Diniz interpretam a estrela em diversas fases de sua vida. A produção forma uma paleta que reafirma por que a atriz se tornou um ícone brasileiro. Por um lado, influenciadora de toda uma geração, por outro, rejeitada pelos generais e militares, e, também, pela sociedade conservadora vigente no país naquele período de ditadura.
O filme voltará a ser exibido na Itaú Cultural Play no dia 25 de março, data em que ela completaria 77 anos. Ele integrará uma mini mostra com produções das quais a atriz participou: A Madona de Cedro e Corisco, o Diabo Loiro, ambos dirigidos por Carlos Coimbra, e O Homem Nu, sob direção de Roberto Santos.
“Já que Ninguém Me Tira para Dançar mostra o modo de ser e de viver dos artistas e das jovens brasileiras nos anos 60, plenos de entusiasmo e ingenuidade”, conta Ana Maria. “As novas gerações não sabem quem foi Leila, uma atriz que valorizou a verdade, a liberdade e o amor, porque acreditava que as pessoas podem realizar as suas melhores potencialidades e não as piores”, completa a diretora.
A liberdade de Leila, que, por exemplo, pousou para uma foto de biquíni aos oito meses de gravidez e falava sem censura sobre todos os temas, até a respeito de sua sexualidade, era incompreendida não somente pelos conservadores e militares, como também pelas feministas da época. Outro trecho do filme, a célebre entrevista que ela deu ao jornal Pasquim, em 1969, evidencia isso ao revelar as ondas de indignação que provocou nesses dois lados.
O documentário tem coprodução do Metrópoles e apoio do Itaú Cultural e, por si só, sustenta uma longa história. Em 1982, dez anos após a morte de Leila, a diretora foi convidada a realizar o documentário. Titubeou por não se sentir distante o suficiente da amiga para realizar um filme desta envergadura. “Por outro lado, tinha consciência da importância de transmitir o legado de Leila, sabia que seus amigos poderiam expor cada uma de suas facetas, e acabei aceitando a missão porque conhecia muito bem o seu modo de pensar, agir e se relacionar”, lembra ela.
Ana Maria Magalhães é também atriz. Atuou em mais de 25 filmes, entre eles Lúcio Flávio, Passageiro da Agonia, O Estranho Caso de Angélica, e A Idade da Terra. Depois de participações na televisão, como na novela Gabriela, de 1975, passou a dirigir filmes. Entre eles, Lara (2002) e Mangueira em 2 Tempos (2020).
Mesmo com imagens e depoimentos já captados, entre diretores de cinema, atores, jornalistas e familiares, o Centro Cultural Cândido Mendes, idealizador do projeto, desistiu por questões orçamentárias. Ana seguiu em frente, com recursos próprios, permutas, apoios e contando com apoios de amigos, como o do cineasta Walter Salles, que emprestou a sua câmera para o fotógrafo José Guerra, e de Marcelo Machado e Fernando Meirelles, que montaram o documentário em sua produtora Olhar Eletrônico.
O filme foi produzido originalmente em U-Matic e depois restaurado. Agora, entrevistas e novas gravações juntaram-se às originais, de 1982, e foram recém digitalizadas. Finalizado em HDTV, Já que Ninguém Me Tira para Dançar resgata a participação de Leila Diniz na cultura moderna, defensora das mulheres durante os anos mais duros da ditadura militar. Ela morreu aos 27 anos em um acidente de avião na Índia, quando voltava de um festival de cinema na Austrália, onde recebeu o prêmio de melhor atriz.
Trailer:
Ficha técnica:
Depoimentos de: Albino Pinheiro, Betty Faria, Carlos Leite, Chico Nelson, Claudio Marzo, Domingos de Oliveira, Eli Diniz, Hugo Carvana, José Carlos De Oliveira, Luciana De Moraes, Luiz Carlos Lacerda, Luiz Eduardo Prado, Marcelo Cerqueira, Marieta Severo, Maria Gladys, Martha Alencar, Nelson Sargento, Nelson Pereira dos Santos, Paulo Cezar Saraceni, Paulo José e Tarso De Castro.
Elenco: Lídia Brondi, Louise Cardoso e Ligia Diniz.
Participações especiais: Nina de Pádua, Antonio Pitanga, Lita Cerqueira, Neném, Cristina Aché, Beatriz Moura Costa, Pardal, Juanita Dias Costa, Gilda Guilhon, Daniela e Luiz Sergio Lima e Silva
Locução depoimento Chico Nelson: Hugo Carvana
Equipe da Remasterização | 2021
Roteiro, Produção e Direção: Ana Maria Magalhães
Produtor Associado: Lino Meireles
Restauração de Imagens de Vídeo: Fabio Fraccarolli
Direção de fotografia: Jacques Cheuiche, abc
Texto e Locução: Ana Maria Magalhães
Pesquisa: Garimpo/Rita Marques e Ana Maria Magalhães
Montagem: Paula Sancier
Música: Fernando Moura
Produção de finalização: Ade Muri
Edição de som e Mixagem: Vânius Marques
Equipe Original | 1982
Roteiro, Produção e Direção: Ana Maria Magalhães
Fotografia e Câmera: José Guerra (In Memoriam)
Som: Jorge Saldanha
Assistente de Direção: Juanita Dias Costa
Assistente de Produção: Neném
Pesquisa: Ana Maria Magalhães/ Neném
Serviço:
Já que Ninguém Me Tira para Dançar (Brasil, 2021, 91 min)
De Ana Maria Magalhães
Coprodução Metrópolis e apoio Itaú Cultural
Dias 15 e 16 de janeiro de 2022, das 19h às 23h
Na Itaú Cultural Play: www.itauculturalplay.com.br