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Dor e Glória

Avaliação:
7/10

7/10

Crítica | Ficha técnica

Pedro Almodóvar deixa o espectador em banho-maria até a última cena de Dor e Glória, quando enfim mostra sua genialidade.

Durante todo o filme, acompanhamos o drama presente do cineasta precocemente aposentado Salvador Mallo. Ele enfrenta problemas de saúde, a morte da mãe e a busca por retomar o trabalho. Para esse último tópico, entra em contato com o protagonista de seu filme de maior sucesso, “Sabor”, cuja cópia recuperada será exibida pela Cinemateca. Então, ele e esse ator, Alberto Crespo, são convidados para um debate na reestreia.

Através de vários flashbacks, podemos conhecer profundamente Salvador Mallo. Assim, o vemos quando criança, convivendo com a mãe e na escola. Didaticamente, entendemos os problemas de saúde dele, em uma sequência com recursos animados e narração do próprio personagem. Até lembra o filme Ilha das Flores, do diretor brasileiro Jorge Furtado.

Almodóvar une algumas dessas cenas do passado através de alguns elementos em cena. Por exemplo, a água da piscina (atual) com o rio onde a mãe lava as roupas (passado), ou o piano no restaurante (atual) com o mesmo instrumento na audição na escola católica (passado). Por fim, a juventude surge na presença do antigo namorado que lhe faz uma visita após vários anos.

Reflexão sobre o passado

Até a última cena, Dor e Glória, basicamente, trata dessa reflexão do protagonista em relação às experiências do passado, que são ilustradas durante todo o filme. Porém, quando Almodóvar surpreende o espectador com uma revelação genial. Percebemos que o que Salvador buscava nesse processo de revisita do passado era a inspiração para voltar a escrever um novo roteiro e trabalhar novamente como diretor. Essa brilhante conclusão força o público a repensar todo o filme e, revê-lo com outros olhos, desta vez conhecendo essa revelação.

Em relação ao estilo do diretor, desta vez o protagonista é masculino, então, não temos a figura ousada feminina que muitos de seus filmes possuem. Talvez a mãe de Salvador cumpra esse papel, mas como coadjuvante. Porém, o protagonista é gay, portanto, Almodóvar pode trabalhar a feminilidade nele, e, como sempre, aborda o universo LGBTS sem distinção. As cores vermelhas vibrantes, em Dor e Glória, surgem nas paredes de várias cenas, e não em vestidos e batons de seus filmes com personagens principais mulheres.

Assim, Dor e Glória apresenta um universo um pouco diferenciado de Almodóvar, mas ainda assim característico de sua filmografia. A genialidade fica suspensa até o último trecho do filme. Portanto, uma revisita ao filme pode revelar uma obra melhor do que aquela vista pela primeira vez.


Ficha técnica:

Dor e Glória (Dolor y Gloria, 2019)

Espanha. 113 min. Dir/Rot: Pedro Almodóvar. Elenco: Penélope Cruz, Antonio Banderas, Susi Sánchez, Leonardo Sbaraglia, Asier Etxeandia, Cecilia Roth, Raúl Arévalo.

Universal Pictures

Trailer:

Onde assistir:
Dor e Glória (filme)
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