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Dreamland: Sonhos e Ilusões (filme)
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Dreamland: Sonhos e Ilusões

Avaliação:
6/10

6/10

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Crítica | Ficha técnica

No lugar de Bonnie e Clyde, Dreamland: Sonhos e Ilusões traz Allison e Eugene.

Além dos protagonistas, muda também a abordagem. Enquanto no filme de 1967, de Arthur Penn, existia uma latente crítica social, neste de Miles Joris-Peyrafitte, o que importa é o drama interno de um dos personagens.

Porém, a época, o local e alguns pontos da trama são semelhantes. Em Kansas, em 1934, todos estão à procura de Allison Wells (Margot Robbie), após ela cometer um assalto a banco. E a comoção é grande, pois, no roubo, uma menina acabou morta. Além disso, o parceiro e namorado de Allison é ferido na fuga, e, também vem a óbito.

Então, Allison se refugia no celeiro de uma fazenda em Childress County. E um rapaz de 17 anos chamado Eugene Evans (Finn Cole) a encontra e lhe ajuda a se curar de um ferimento à bala na perna. Depois, resolve fugir com ela para o México.

Foco no protagonista

Essencialmente, o roteiro se concentra no personagem Eugene. Apesar de quase ser um adulto, o rapaz é bem imaturo. Segundo a sua meia-irmã, ele sente a ausência do pai, que foi embora quando ele tinha cinco anos. O padrasto, delegado local, nunca supriu essa carência, e Eugene sonha em reencontrar o pai no México. Porém, a mãe desconfia que ele já morreu.

O rapaz encontra nos romances policiais, ou pulp fiction, seus momentos de alegria, quando se transporta para um mundo de fantasia. Como reflexo disso, ele imediatamente se apaixona por Allison. Não só por ela ser uma mulher bela e adulta, mas também pela perspectiva de viverem juntos uma aventura similar à que ele encontra nos livros.

Logo, ele mergulha numa sensação de amor ilusório, que até leva a um ciúme juvenil. Mantendo o foco no arco desse personagem, Dreamland: Sonhos e Ilusões tem poucas cenas de ação. Basicamente, os flashbacks do assalto a banco, o roubo praticado por Eugene e Allison, e a cena final.

Melhor cena do filme

Por outro lado, a cena mais bela do filme retrata um importante passo no amadurecimento de Eugene. Nela, conseguimos enxergar o talento do diretor Miles Joris-Peyrafitte, que o levou a ganhar o prêmio especial do júri em Sundance, pelo filme Como Você É (2016). Na verdade, este seu segundo longa-metragem, Dreamland: Sonhos e Ilusões, não impressiona muito. Mas, apresenta esse momento que o coloca acima da média.

A cena acontece na fuga dos dois protagonistas, quando eles se hospedam em um hotel para a pernoite. Allison está no chuveiro e chama Eugene para se juntar a ela. Então, o ainda virgem rapaz fica na porta, observando receoso. O diretor Miles Joris-Peyrafitte retrata o sentimento de Eugene com engenhosidade. Ele enquadra o rapaz no lado direito da tela, como se estivesse encurralado, com a parede exterior do banheiro ocupando a maior parte do lado esquerdo. E, ele fica entre a batente e a imagem parcial de Allison.

Aos poucos, o enquadramento se desloca para a direita, até abranger toda a porta, diminuindo o espaço que a parede ocupa. Logo, naturalmente a visão acompanha a entrada de Eugene no chuveiro. Por fim, os dois fazem amor com sensibilidade. Além de ser uma cena planejada com inteligência, ela é essencial para a proposta do filme de mostrar o amadurecimento do seu protagonista.

Elenco

Como curiosidade, Margot Robbie e Finn Cole já estiveram juntos no filme Escola da Morte (2018). Enquanto Margot já é estrela de primeira linha, Finn Cole está começando sua carreira. Mas, talvez, você o conheça por causa da série Peaky Blinders.

Em Dreamland: Sonhos e Ilusões, esse ator londrino apresenta uma atuação fraca na primeira parte, mas impressionante a partir dessa cena acima, o ponto de virada no amadurecimento de seu personagem. Em especial, vale prestar atenção em sua interpretação perto da conclusão, após o assalto ao banco. Aliás, é difícil passar batido diante do desespero de Eugene, cuja moral o abala emocionalmente.

Por outro lado, a personagem de Margot Robbie mantém, essencialmente, a mesma postura durante toda a estória. Seu lema segue a do autodestrutivo Billy The Kid. Ou seja, algo similar a: “a pior consequência da morte é ser esquecido”. Assim, Billy The Kid morreu jovem, mas até hoje todo se lembram dele.

Enfim, não espere de Dreamland: Sonhos e Ilusões um filme movimentado, violento e socialmente questionador como Bonnie e Clyde: Uma Rajada de Balas (1967). Aqui, o diretor apresenta um drama agridoce e pessoal.


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