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Duetto (filme)
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Duetto

Avaliação:
3/10

3/10

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Crítica | Ficha técnica

Duetto não se contenta com o melodrama e envereda desastradamente pelo filme de mistério.

A linha central do melodrama parece insuficiente para conduzir a narrativa. Envolve a briga entre duas irmãs italianas, Lúcia (Marieta Severo) e Sofia (Elisabetta de Palo). No passado, Sofia se casou com Gino (Giancarlo Giannini), que era noivo da irmã. A desilusão levou Lúcia a se mudar para o Brasil, onde logo se casou e teve um filho, Marcelo (Rodrigo Lombardi). A história começa em 1965, quando Marcelo morre em um acidente de carro, e Lúcia viaja com a filha dele, Cora (Luisa Arraes), para a Itália, a contragosto da nora (e mãe de Cora), Isabel (Maeve Jinkings). O pretexto é assinar um documento de venda de um terreno, mas, na verdade, ela precisa revelar um segredo para Sofia e Gino.

Esse enredo nuclear já poderia, de fato, render um bom filme. Mas, desde que devidamente trabalhado. Pelo jeito, os realizadores acharam insuficiente, então, enxertaram mais subtramas no roteiro. Lúcia desaprovava o casamento do filho com Isabel, e o acidente fatal aconteceu quando ele resolveu sair de casa após uma briga conjugal. E isso, ademais, provocou atritos entre Isabel a sua filha Cora.  Assim, estão aí outros conflitos que a narrativa deve resolver.

Além disso, o enredo cria uma subtrama romântica, entre Cora e Carlo (Gabriel Leone), o filho de criação de Gino e Sofia. Por fim, a trama ainda força um suspense policial envolvendo a morte de Marcello Bianchini (Michele Morrone), um popular cantor que é ídolo de Cora.

Um embaraço colossal

Mas, esse emaranhado de tramas se revela um embaraço colossal. O melodrama principal não funciona porque a história não aprofunda os personagens envolvidos. Além de não fornecer os elementos necessários para isso, eles mal se conversam, e ainda falam na hora errada. Para piorar, agem tolamente – por exemplo, quando Sofia joga a chave do seu carro num pequeno riacho. Por fim, todo o conflito se resolve com demasiada facilidade, bastou Lúcia revelar o seu segredo. Aliás, ela conta adequadamente somente para sua irmã, pois para Gino ela fala com meias palavras. Da mesma forma, fácil demais, Cora e sua mãe se reconciliam, numa breve conversa à beira da praia.

A principal vítima dessa papagaiada é a personagem Cora. Dá nos nervos suas birras infantis recorrentes, traduzidas nas tantas vezes que ela sai correndo sem falar nada. E o que dizer de sua suspeita de que seu ídolo foi assassinado? Como explicar que ela acuse seu suspeito na frente dele, que é cliente do restaurante do seu avô? Enfim, não explica, pois ela sai correndo da cena como sempre. Chega a ser absurda a ideia de ela dar uma propina para o gerente do hotel para ele romper o lacre de “cena de crime” da polícia e deixá-la entrar no quarto do ídolo. E, para piorar, Carlo a encontra ali e os dois transam nesse local protegido para investigação. Aliás, personagens se encontrando por acaso estragam ainda mais o roteiro (por exemplo, Cora e o ídolo na praia, o suspeito que aparece justo na hora que Cora e Carlo vão ao local onde o rapaz o viu na noite do crime…). E, no final, essa trama de mistério nem se resolve.

A direção

Vicente Amorim, um típico diretor de estúdio, não consegue salvar esse roteiro. Na verdade, torna o filme mais difícil de se assistir ao abusar dos planos fechados sufocantes. Os planos se abrem somente para colocar na tela um cartão postal da bela região italiana da Apúlia.

Em suma, Duetto contém um melodrama mal trabalhado, subtramas enxertadas à força e personagens incoerentes. Um desperdício do elenco recheado de atores famosos.


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